Pica-pau fica preso em escola e resgate mostra história de amizade
O resgate de um pica-pau na manhã de hoje (16), na escola Municipal Iracema Maria Vicente, no Bairro Rita Vieira, em Campo Grande, mobilizou o Corpo de Bombeiros e de quebra trouxe uma adorável história de amizade, que poderia até passar despercebida, não fosse alunos, funcionários e professores do colégio.
Ontem, dois pica-paus ficaram presos no pátio central da escola que é coberto e fechado com grades na lateral. As aves não conseguiam voar para baixo para se livrar da cobertura e, assim, chegar à natureza.
Um outro pássaro, da mesma espécie, que estava do lado de fora, alimentava os dois pica-paus pela grade, várias vezes ao dia. A cumplicidade entre os bichos chamou a atenção dos estudantes. Na escola, os voos aflitos e intermináveis, de um lado ao outro do pátio coberto, eram motivo de angústia para todos.
Hoje de manhã, um dos pássaros não resistiu e foi encontrado morto, no chão do pátio. O cansaço e a fome podem ser os motivos do voo que chegou ao fim, comentavam os professores.
Preocupada que o fim trágico acontecesse ao outro passarinho, a escola pediu ajuda. A PMA (Polícia Militar Ambiental) chegou a ir até à escola, mas sem uma escada própria, não pôde ajudar no resgate. O trabalho ficou para quatro militares do Corpo de Bombeiros.
Por 40 minutos, o Campo Grande News acompanhou a "operação" montada para libertar o animal. A uma altura de aproximadamente 15 metros, militares usaram uma ferramenta corta-fio para abrir a grade, onde o passarinho pousava procurando abrigo.
Mesmo com a grade cortada, o pica-pau não conseguia encontrar o buraco aberto. Por várias vezes, o pássaro chegou a ficar muito próximo do vão de saída, mas para aflição de todos, logo voava para o loado oposto do pátio.
Numa cena adorável de se ver, um pardal tentava mostrar o caminho de saída, mas o pica-pau não conseguia acompanhar. “Ele (pardal) ele vai até o passarinho, encosta nele e voa para baixo, mas o pica-pau não consegue seguir”, disse uma das funcionárias que observava os pássaros desde cedo.
Presenciamos as diversas tentativas do pardal. Uma imagem de emocionar.
Sem sucesso, os bombeiros abriram outro buraco na grade, mais uma opção para o bicho. E nada.
Sensibilizada de maneira especial por um projeto da escola, no qual os estudantes viajam até o Pantanal para conhecer o que aprenderam em sala de aula, uma aluna observava aflita. “Estou bastante preocupada”, disse.
Quando surgiu uma nova ideia, de colocar uma fruta na beira do buraco para atrair o passarinho, o pica-pau deu um voo suspense, pousou bem próximo ao vão e lá ficou. Por alguns minutos, de baixo, todos torciam pela ave. Mas antes mesmo que a fruta fosse colocada, em um piscar de olhos, e já bem cansado, o passarinho conseguiu sair.
“Quando vi o pássaro saindo achei que, por estar tão cansado fosse parar logo, mas não, ele voou em disparada e não parou”, disse o subtenente do Corpo de Bomebiros, Carlos Roledo, que cortou a grade e acompanhava tudo do alto.
Apesar de ser um animal como qualquer outro, nem todos se sensibilizaram com a história. Alguns funcionários passavam pelo local e diziam “Nossa, tudo isso por causa de um passarinho”.