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Meio Ambiente

Prisão foi equívoco, diz dono do único criadouro oficial de jacarés em MS

Marta Ferreira | 19/08/2011 11:55
Criatório foi interditado e rebanho ficará sob responsabilidade do proprietário, que diz estar tudo correto. (Foto: Divulgação PF)
Criatório foi interditado e rebanho ficará sob responsabilidade do proprietário, que diz estar tudo correto. (Foto: Divulgação PF)

“Estou envergonhado, deprimido”, definiu hoje o proprietário de um criatório de jacarés do Pantanal, Gerson Bueno Zahdi, 64 anos, ao falar de sua prisão, na quarta-feira, pela Polícia Federal, sob acusação de crime ambiental. Também foram presas a mulher dele, Rosaura Dittmar Duarte, e a filha, A.K.B.Z. Os três pagaram fiança de R$ 27 mil e vão aguardar em liberdade a condução do inquérito aberto pela Polícia Federal.

Zahdi é funcionário do Ibama e está prestes a se aposentar. Ele foi preso, segundo a PF, por manter o criadouro sem autorização válida, além de abater e transportar animais sem ter licença para isso. “Foi um equívoco”, afirmou ao Campo Grande News o homem que já deu entrevistas a jornais do País todo e de fora após se tornar referência quando o assunto é o manejo sustentável de jacarés.

A criação mantida por ele nas fazendas Cacimba de Pedra e Reino Selvagem, em Miranda, é a única que sobreviveu com autorização oficial em meio a mais de uma dezena surgidas nos últimos anos.

O Ibama informou que a licença de operação do criadouro foi renovada em 2008 e é permanente. O órgão confirmou que Zahdi não tinha autorização para transportar os animais.

Zahdi admitiu que uma das autorizações, que exige renovação trimestral, estava vencida, mas assegura cumprir todo o processo burocrático para manter o rebanho de jacarés. “Estou neste negócio há 15 anos com tudo correto. Foi um lapso", afirmou.

Gerson Zahdi é considerado referência na criação de jacarés. (Foto: blog Bonito Pantanal)
Gerson Zahdi é considerado referência na criação de jacarés. (Foto: blog Bonito Pantanal)

Contraponto- Chamados por muitos de “Rei do jacaré”, Zahdi afirma que seu negócio segue todas as regras ambientais e, ao contrário da acusação de crime ambiental, tem cunho preservacionista. “É um negócio idealista, para mostrar às pessoas que é possível criar os animais e não precisa retirar da natureza”, afirma.

Ele afirma que o criatório se sustenta comercialmente, por meio da venda das peles dos jacarés para um curtume do Rio de Janeiro. A carne, diz, é consumida na própria fazenda.

A PF informou que vai ser aberto inquérito e que o andamento das apurações vai indicar se ele vai ou não ser indiciado por crime ambiental. Por enquanto, o criatório está interditado. O próprio criador ficou como depositário fiel dos 3,4 mil jacarés encontrados no local.

A prisão dele, da mulher e da filha aconteceu após policiais federais abordarem o veículo Fiat Strada dirigido por A.K., por volta das 13h30 de quarta.

Dentro do carro foram encontrados dois isopores. Em um deles havia 43 cabeças de jacarés com idade aproximada de 1 ano e 96 jacarés inteiros de diversos tamanhos. No outro recipiente, estavam 11 pacotes plásticos, com aproximadamente um quilo de filé de jacaré cada um. Todo o material não tinha autorização ambiental ou documentação fiscal, conforme a PF.

Na sequência, os policia foram à fazenda Cacimba de Pedra e lá foram apreendidos 3.460 jacarés vivos de diferentes estágios de vida, além de 84 peles congeladas e salgadas de jacaré, 50 cabeças de jacaré congeladas e 110 jacarés inteiros congelados, além de carne de jacaré e produtos industrializados feitos com o couro do animal.

Foram apreendidos, ainda, 420 kg de peles de jacarés, separadas em lotes, que, conforme a Polícia Federal, não tinham autorização para o depósito e comercialização nem nota fiscal.

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