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Meio Ambiente

Projeto quer corredor pantaneiro para conectar Brasil, Paraguai e Argentina

Ambientalistas querem conectar terras alagadas da Argentina, do Paraguai e do Brasil pra manter biodiversidade

Por Gabriela Couto | 17/03/2024 11:33
Imagem aérea do Parque Nacional Iberá, no Pantanal argentino, durante por do sol; bioma é a maior área alagável do mundo (Foto: Tompkins Conservation)
Imagem aérea do Parque Nacional Iberá, no Pantanal argentino, durante por do sol; bioma é a maior área alagável do mundo (Foto: Tompkins Conservation)

Ambientalistas que são referência mundial em filantropia ambiental estão unindo esforços para conseguir criar um corredor de biodiversidade na América do Sul.  O objetivo é conectar o Pantanal da Argentina, a partir do Parque Nacional Iberá, passando pelo Paraguai e chegando ao Brasil.

Unidos na ideia estão Kristine Tompkins, Tompkins Conservation, Sofía Heinonen, CEO da Rewilding Argentina, Teresa Bracher e seu marido, Candido Bracher, ex-presidente do Itaú Unibanco e a ONG Onçafari, comandada pelo empresário e ex-piloto de corridas Mario Haberfeld. A instituição tem base de estudos no Pantanal sul-mato-grossense, em Miranda, a 208 km de Campo Grande.

Quando Jatobazinho foi encontrado, no pátio da Escola Rural Jatobazinho, no Pantanal de Corumbá, estava pesavando apenas 35 kg (Foto: Onçafari)
Quando Jatobazinho foi encontrado, no pátio da Escola Rural Jatobazinho, no Pantanal de Corumbá, estava pesavando apenas 35 kg (Foto: Onçafari)

O grupo trabalha em ações de restauração de ecossistemas e reintrodução de espécies nativas extintas.

Exemplo de sucesso, o parque argentino, localizado na região da província de Corrientes, é a casa de 21 onças-pintadas de vida livre. O local chegou a ficar 70 anos sem registrar a presença desses felinos.

Jatobazinho ganhou peso e passou por reabilitação no recinto do Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, até ser solto na natureza (Foto: Onçafari)
Jatobazinho ganhou peso e passou por reabilitação no recinto do Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, até ser solto na natureza (Foto: Onçafari)

Dentre os moradores está ‘Jatobazinho’, o filhote de onça-pintada encontrado no pátio da Escola Rural Jatobazinho, no Pantanal de Corumbá, em agosto de 2018.

Magro e com sinais de desidratação severa, o macho que na época tinha cerca de 1 ano e meio foi resgatado, reabilitado e reintroduzido no Pantanal argentino.

“Foi tratado pela equipe do Onçafari, reaprendeu a caçar e foi levado para Iberá, onde cruzou com fêmeas vindas de outros lugares e teve filhotes. Recentemente um deles foi visto atravessando o rio em direção ao Paraguai”, relembra Sofía.

No entanto, a área de Iberá já se tornou insuficiente para as espécies que aumentaram sua população e precisam se dispersar.

“Temos que ligar o parque a outros lugares onde existam ecossistemas completos e funcionais como o Pantanal. Queremos ligar o Pantanal a Iberá ao longo do entorno do Rio Paraguai e ter lugares onde a vida selvagem possa se reproduzir. Então viemos conversar com a Teresa Bracher [filantropa, ambientalista e membro do conselho da ONG Onçafari] e com o Mario Haberfeld, [fundador e CEO do Onçafari]”, completou.

Jatobazinho: em Iberá, macho cruzou com fêmeas vindas de outros lugares e teve filhotes (Foto: Mario Nelson Cleto/Onçafari)
Jatobazinho: em Iberá, macho cruzou com fêmeas vindas de outros lugares e teve filhotes (Foto: Mario Nelson Cleto/Onçafari)

Como o parque argentino está localizado na parte sul da Bacia do Paraguai, a ideia é conectar com a parte norte, no Pantanal. “Estamos procurando uma forma de trabalharmos juntos e nos unirmos a ONGs paraguaias para conectar essas áreas protegidas, criando trampolins para que esses animais possam se mover de uma à outra sem serem mortos no caminho”, ressaltou.

O trabalho será fundamental para a conservação das espécies. “Todos esses grandes mamíferos estão em processo de extinção. Quando pensamos nos mamíferos espalhados pela Terra, 96% são gado e seres humanos. Apenas 4% são animais selvagens. Então todas as baleias, os elefantes e outros grandes mamíferos que vêm à mente representam apenas 4% dos mamíferos que restaram no planeta. Precisamos trazê-los de volta”, concluiu a CEO.

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