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Meio Ambiente

Quatro anos após resgate do tráfico, araras voltam ao habitat

Oito aves foram soltas em Miranda, em Mato Grosso do Sul, e outras 50 da mesma espécie aguardam pela liberdade

Idaicy Solano | 13/04/2023 11:45

Oito araras-canindé resgatadas, vítimas de tráfico de animais silvestres, chegaram na Capital no final da tarde desta terça-feira (12), para serem devolvidas ao seu habitat natural, após passarem quatro anos em um viveiro sob responsabilidade da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, na cidade de São Paulo, distante 892 quilômetros de Campo Grande. O destino das aves é o município de Miranda, distante 201 quilômetros da Capital .

As araras foram examinadas por veterinário e passaram a noite de terça no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, onde uma gaiola já havia sido preparada para o pernoite, com água e alimentação disponíveis.

Na manhã desta quarta-feira (12), as araras foram levadas para uma propriedade rural na cidade de Miranda, onde vão passar os próximos dias em um espaço mais amplo, dentro da mata, até adquirirem as condições necessárias para integrarem o ambiente.

As aves foram resgatadas ainda filhotes e passaram os dois últimos anos em ambientes preparatórios para soltura, onde aprenderam a voar e se adaptar ao ambiente natural. De acordo com a coordenadora do Cras, Aline Duarte, os exames demonstram que as aves, agora em idade adulta, estão saudáveis e aptas para viver livres na natureza.

Processo de repatriação - As aves foram levadas de Mato Grosso do Sul por traficantes e resgatadas em São Paulo. No ano passado, as autoridades ambientais do estado vizinho fizeram contato com a Coordenação do Cras, solicitando a disponibilidade de local para soltura. “Enviaram todos os exames atestando o estado sanitário das aves e nós aceitamos fazer a soltura, já que o local de origem delas é aqui”, diz a coordenadora.

As araras vieram em um voo do Programa Avião Solidário da Latam, partindo do Aeroporto de Guarulhos. No avião, elas vieram em caixas especiais, compartimentadas para que cada ave tivesse seu espaço.

Duas das oito araras que estavam em cativeiro (Foto: Mairinco de Pauda)
Duas das oito araras que estavam em cativeiro (Foto: Mairinco de Pauda)

Em espera - O Cras possui mais 50 araras aguardando para serem devolvidas à natureza. Segundo a veterinária do centro Larissa Alcântara, algumas não conseguem voar por conta de atrofia nas asas, em decorrência de fraturas ou alimentação inadequada, da época em que viviam em cativeiros. Essas são enviadas para zoológicos ou para entidades mantenedoras da fauna.

Tratamento e readaptação - Segundo a veterinária, quando a ave chega filhote ou na fase jovem, a rotina de tratamento dura cerca de três meses, até conseguir voltar à natureza. Os primeiros 15 dias são destinados à quarentena para exames e tratamento de doenças ou ferimentos. Depois passa para o primeiro recinto intermediário, onde fica por cerca de um mês.

As aves passam mais 15 dias no segundo recinto intermediário, onde é avaliado se está assimilando suas características silvestres. “Até a gente ver que ela consegue empoleirar”, explica a veterinária. Aquelas que só andam pelo chão passam um tempo maior no local.

A última etapa são em dois ambientes amplos que permitem que as aves treinem o voo, momento crucial para definir se são capazes de viver na natureza, As solturas acontecem a cada dois meses.

A soltura das araras vindas de São Paulo foi a segunda desde o início do ano. O Cras tem cadastrados diversos locais para soltura de animais silvestres que passaram por reabilitação, tanto na região do Pantanal, em Corumbá, Miranda, Rio Negro, como em Jardim e outro municípios do Planalto.

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