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Meio Ambiente

Incêndios triplicaram em terras indígenas de MS

A mais afetada tem sido a Kadiwéu, localizada em Porto Murtinho, segundo dados do Inpe

Por Cassia Modena | 04/01/2025 09:39
Incêndios triplicaram em terras indígenas de MS
Noite de 2024 em que chamas tomaram conta da terra Kadiwéu, em Porto Murtinho (Foto: Divulgação/Ibama)

As terras indígenas localizadas em Mato Grosso do Sul foram afetadas por quase três vezes mais incêndios em 2024, na comparação com 2023.

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Em 2024, as Terras Indígenas de Mato Grosso do Sul enfrentaram um aumento alarmante de incêndios, com 1.792 focos registrados, quase três vezes mais do que em 2023. A Terra Kadiwéu foi a mais afetada, com 1.473 focos, resultando na destruição de mais da metade de seu território. Apesar dos esforços de combate, incluindo a participação de brigadistas indígenas e apoio aéreo, as chamas se espalharam descontroladamente. Em resposta, ações de recuperação foram iniciadas, como o plantio de mudas de pau-santo e cedro, visando fortalecer espécies ameaçadas de extinção. Investigações sobre as causas dos incêndios estão em andamento pelas autoridades competentes.

Os satélites do programa BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registraram 632 focos nas áreas habitadas por povos originários em 2023, enquanto foram identificados 1.792 no ano passado.

A terra mais afetada foi a Kadiwéu, que fica no município de Porto Murtinho. Os focos somaram 1.473 em todo o ano de 2024, ante 623 no período anterior.

Ainda sobre a Kadiwéu, ela é a que mais sofre com o fogo desde 2020, entre todas as terras indígenas localizadas no Estado, e é também uma das mais afetadas no País. O último ano foi o mais crítico da série histórica do Inpe para os Kadiwéu: o fogo destruiu mais da metade o território onde vivem. Há 1,7 mil habitantes na área indígena, segundo estimativa do Instituto Socioambiental.

Incêndios triplicaram em terras indígenas de MS
Arte: Lennon Almeida

A segunda e terceira terras sul-mato-grossenses mais atingidas em 2024 foram a Taunay/Ipegue e a Cachoeirinha, que ficam entre Aquidauana e Miranda.

Nas comunidades, os efeitos de tantas queimadas são sentidos por toda a população, mas especialmente por jovens e idosos que sofrem com problemas respiratórios. O impacto do fogo não é sentido apenas no ar, no entanto.

O avanço das queimadas dificulta o acesso a territórios, destrói casas e roças e coloca em risco a segurança alimentar de comunidades inteiras. Efeitos das mudanças climáticas e o avanço do agronegócio são considerados os principais fatores, conforme informações já divulgadas por ambientalistas.

Recuperação - No ano passado, a brigada Prev/Fogo do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) atuou contra o fogo nas terras, inclusive com a participação de brigadistas indígenas. Aviões como o super KC-390, das Forças Armadas, ajudaram no combate. Ainda assim, não foi possível deter a força com que as chamas se espalharam.

Incêndios triplicaram em terras indígenas de MS
Brigadista reflorestam área Kadiwéu queimada com pau-santo (Foto: Divulgação/Ibama)

Este ano, brigadistas do Ibama plantaram mudas de pau-santo e de cedro em aldeias da Terra Indígena Kadiwéu. Inédita no Brasil, a ação de reflorestamento visa fortalecer especialmente a primeira espécie, que está sob risco de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.

O Campo Grande News questionou o Ministério dos Povos Indígenas, coordenação do Prev/Fogo em Mato Grosso do Sul e uma liderança da comunidade Kadiwéu sobre outras atividades de recuperação nas terras, e aguarda retorno.

As investigações sobre as origens dos incêndios nessas áreas são feitas pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Ibama.

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