Turistas são incentivados a usar "ceva" para atrair onças no Pantanal
Costume condenado por ambientalistas, atrair animais com alimentos tanto para caça como para observação ameaça o habitat de onças na região da Serra do Amolar, no Pantanal sul-mato-grossense. A denúncia foi feita ao MPF (Ministério Público Federal) pelo Instituto Homem Pantaneiro.
A entidade procurou o MPF, pela segunda vez desde o ano passado, depois de perceber, apesar de uma recomendação feita em 2013, as empresas que levam turistas em barcos-hotéis até os locais continuavam com a prática. Desta vez, a entidade pediu providências ao MPF e encaminhou vídeos que mostram a ação de nove barcos-hotéis.
Segundo a secretária executiva do Instituto Homem Pantaneiro, Fernanda Rabelo, a ceva para que turistas observem os animais bem de perto é feita em unidade de conservação e oferece riscos tanto as pessoas como ao animais. “No ano passado, conversamos com as empresas de barco, além de informar o MPF e eles pararam, mas agora isso está acontecendo novamente. É prejuízo para os animais que perdem os hábitos naturais de caça e comportamento, porque ficam esperando alimentos. Isso pode deixar as onças estressadas, irritadas”, explica Fernanda.
O Instituto Homem Pantaneiro e a PMA (Polícia Militar Ambiental) concordam que a ceva para observação é um problema porque não há uma lei específica para responsabilizar quem a pratica. A ceva para caça é crime, mas para observação é algo novo segundo o major Nivaldo Pádua. “A ceva para turismo é um caso novo, um impasse que estamos buscando entendimento. Já conversei com vários órgãos e há opiniões diferentes sobre o assunto”, conta o major.
Solução - De acordo com o major e a secretária executiva do instituto, o Estado poderia seguir exemplo de Mato Grosso do Sul para solucionar o impasse. “No MT tem uma resolução estadual do Conselho de Meio Ambiente que trata dessa questão. Lá, para quem altera o habitat dos animais aplica-se pelo menos infração administrativa. Não pode cevar, para observa tem uma distância mínima”, explica Pádua.
A observação sob as regras da resolução do Conselho Ambiental é lucro tanto para o turismo quanto para o meio ambiente, segundo Fernanda. “Existe no MT, regiões em que eles ganham muito dinheiro fazendo observação, mas com os cuidados necessários, mas aqui as pessoas perdem a noção. Nosso pedido é alguma política pública que mude isso, que se faça uma lei”, afirma.
Fernanda explica que com a medida que regulamenta a observação dos animais do Pantanal mato-grossense, alguns barcos têm biólogos contratados que acompanham o grupo e quando observam o animal param a uma distância de 25 metros. “Lá eles não ganham dinheiro só com pesca, mas com ecoturismo, esse outro tipo seria uma outra alternativa, mais um produto que os empresários do Pantanal poderiam explorar”, sugere.
O MPF ainda não se posicionou a respeito da denúncia.
Confira os vídeos: