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Meio Ambiente

Você pode dar sugestão para plano de controle de desmatamento do Cerrado

Em Mato Grosso do Sul, bioma sofre impacto do avanço do agronegócio e está com apenas 32% preservado

Gabriela Couto | 13/09/2023 22:09
Diversidade da cobertura vegetal natural do Cerrado é propícia para ser considerada a maior savana do mundo em biodiversidade (Foto: Juca Varella/Agência Brasil)
Diversidade da cobertura vegetal natural do Cerrado é propícia para ser considerada a maior savana do mundo em biodiversidade (Foto: Juca Varella/Agência Brasil)

O MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) iniciou nesta quarta-feira (13) a fase de consulta pública do novo PPCerrado (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado). O objetivo é receber contribuições até 12/10. Clique aqui para participar.

O bioma está presente em 61% do território de Mato Grosso do Sul, mas apenas 32% mantém cobertura vegetal natural, conforme dados da pasta.

Após análise da dinâmica do desmatamento no bioma, o plano detalhou 12 objetivos estratégicos em quatro eixos: atividades produtivas sustentáveis; monitoramento e controle ambiental; ordenamento fundiário e territorial; e instrumentos normativos e econômicos.

A minuta foi apresenta após o aumento de 69% do desmatamento do bioma, devido à revogação do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do PPCerrado criado em 2010. A perda de vegetação nativa no Cerrado representou mais de 40% de todo o desmatamento ocorrido no país durante a gestão anterior.

De janeiro a agosto de 2023, a área sob alertas de desmatamento foi 19,8% maior do que no mesmo período de 2022.

No entanto, com o aumento da fiscalização e a colaboração do governo federal com os governos estaduais, foi verificada tendência de estabilização nos últimos meses: de junho a agosto, houve queda de 0,7% da área sob alertas em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em 1º de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editou decreto que instituiu a Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento. A medida retomou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal e definiu novas estratégias para a preservação de todos os biomas brasileiros.

Com a mudança na atuação do governo federal desde janeiro, a retomada das ações de fiscalização do Ibama e do ICMBio e o lançamento do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), em 5 de junho, houve queda de 48% da área sob alertas de desmatamento na Amazônia nos últimos oito meses em relação ao mesmo período de 2022.

Vista da Cachoeira Santa Barbara, na Comunidade quilombola Kalunga do Engenho II, um exemplo do apelido do cerrado de caixa d'água do Brasil (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)
Vista da Cachoeira Santa Barbara, na Comunidade quilombola Kalunga do Engenho II, um exemplo do apelido do cerrado de caixa d'água do Brasil (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

'Berço das Águas' - O Cerrado conecta-se com quatro dos outros cinco biomas brasileiros, à exceção do Pampa, e foi desmatado em grande parte para expansão da fronteira agrícola. Segundo dados da Produção Agrícola e Pecuária Municipal, 54% da produção agrícola e 44% do rebanho bovino do país vêm de municípios do bioma.

É o bioma brasileiro com o maior nível de desmatamento — nas últimas duas décadas, perdeu 12% da vegetação nativa remanescente. No ano passado, a vegetação nativa representava 47% do bioma, e as áreas de pastagem e agricultura somavam cerca de 30% e 15%, respectivamente.

A substituição da flora natural por áreas de pastagem e culturas agrícolas aumentou a temperatura média no bioma entre 0,6°C e 3,5°C. A cada ano, a estação chuvosa chega em média 1,4 dia mais tarde. Desde 1980, a demora acumulada é de aproximadamente 56 dias.

O volume anual de chuva caiu aproximadamente 100 milímetros por década, impactando o bioma onde se formam afluentes das maiores bacias hidrográficas do continente. Entre elas, a Amazônica, a do Tocantins-Araguaia, a do Parnaíba, a do Paraná e a do São Francisco.

Linhas de ação - Os quatro eixos estratégicos do PPCerrado apresentam 12 objetivos estratégicos e 37 resultados esperados. Para alcançá-los, há 78 linhas de ação, que incluem a elaboração e implementação de programas e ações de apoio à bioeconomia, fortalecimento da fiscalização e destinação de terras públicas para proteção, conservação e uso sustentável dos recursos naturais. As metas, indicadores, prazos e atores-chave serão incluídos na versão final do plano.

A nova fase do programa será implementada de 2023 a 2027. O compromisso do governo brasileiro é zerar o desmatamento no país até 2030. Coordenada pelo MMA, a Comissão Interministerial tem representantes de 13 ministérios.

O plano foi construído a partir da análise das fases anteriores do PPCerrado, reuniões com representantes dos Estados e da sociedade, relatórios dos grupos de transição de governo e subsídios coletados no Seminário Técnico-Científico realizado em julho.

Algumas ações estratégicas extrapolam os limites dos biomas e têm impacto direto para o alcance da meta de desmatamento zero até 2030. Entre elas, a aprovação da resolução do Conselho Monetário Nacional nº 5.081, de 29 de junho de 2023, que ampliou para todos os biomas restrições de acesso a crédito para desmatadores ilegais, incluindo o Cerrado — até então, essas condições valiam só para a Amazônia.

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