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Na Íntegra

Dez anos do caso Cira: quais foram os avanços no combate à violência doméstica?

Podcast Na Íntegra debate o tema e relembra história da mulher que ficou mais de 20 anos presa pelo marido

Por Glaura Villalba | 13/06/2024 09:53


"Toda mulher é um pouco Cira", a afirmação feita pela psicóloga Elenise Melgarejo, que atendeu Cira da Silva na época em que ela se libertou do cárcere privado a que era submetida junto com os filhos por 22 anos, pelo próprio marido, Foi uma das frases marcantes ditas, durante a gravação do Na Íntegra podcast do Campo Grande News.

"Ela era muito tímida, muito cordata, ela não ía se impor contra ele. Foi uma agente de saúde que veio e percebeu a situação", conta a psicóloga, especialista em violência doméstica contra a mulher. Durante o bate-papo que contou também com a participação da Delegada de polícia, Rosely Molina e da sub-secretária de políticas para a mulher da Prefeitura de Campo Grande, Carla Stephanini, a psicóloga relembrou a evolução no comportamento de Cira que, no dia em que chegou à Delegacia, em dezembro de 2013, só olhava para baixo e, depois, com a ajuda da terapia criou um vínculo com Elenise e foi adquirindo confiança, a ponto de compartilhar os dramas que viveu.

"Toda mulher é um pouco Cira, porque toda mulher quer ter um relacionamento agradável, bom, saudável, de amor e respeito. Toda mulher sonha com isso. Todo ser humano. E no caso da Cira não foi diferente, ela queria que o marido fosse parceiro, construísse com ela, respeitasse. Era isso que ela queria. Ela teve quatro filhos com ele!"

A delegada Rosely Molina também lembrou com carinho da mulher que há 10 anos voltou os olhos do Brasil para esse problema ainda tão presente na sociedade. Molina diz que Cira sofreu todos os tipos de violência que esse crime permite tipificar e em meio às memórias que o caso trouxe à tona novamente, fez um alerta.

"Sozinha, a mulher que já está muito fragilizada pela violência, não consegue sair. Infelizmente, não consegue. Ela precisa procurar a Casa da Mulher. Lá, ela vai receber todo o atendimento necessário para se manter segura. O Estado tem esses mecanismos, mas a pessoa precisa buscar ajuda".

Molina também contou momentos que foram relatados para ela por Cira, entre eles, o episódio do pão que deixa bem claro como funciona uma relação de abuso e dominação.



A delegada foi quem atendeu o caso de Cira e, inclusive, a acompanhou na viagem até o Rio de Janeiro para participar do Programa Mais Você, de Ana Maria Braga.

"Para ela foi como um sonho. Foi uma viagem de apenas dois dias, mas foram dias muito intensos", completa.

Atendimentos - A subsecretária de políticas para a mulher da Prefeitura de Campo Grande apresentou números relevantes. Em nove anos de funcionamento da Casa da Mulher Brasileira, de todas as mulheres atendidas, incluindo retornos, foram 129 mil. Se esse número for estratificado, individualmente, quase 50 mil mulheres já passaram pela Casa que oferece apoio e atendimento às vítimas de violência. "50 mil mulheres significa 10% da população feminina de Campo Grande. Então isso quer dizer que essa violência está sendo revelada, que ela está tendo confiança no serviço apresentado e que ela tem buscado esse apoio."

"Ainda existem Ciras que precisam ser resgatadas por nós e aqui entra a importância tanto da rede formalmente constituída e também dessa rede sócio-familiar que vive em torno dessa mulher. Nós precisamos estar atentos para poder ajudar essas mulheres."

A sub-secretária reforçou números de telefones para denúncia: 180, 190 e o da Patrulha Maria da Penha.


Assista ao episódio completo de Na Íntegra clicando aqui.




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