“Bate-Boca” entre líder, presidente e relator marca abertura de trabalhos
Com atraso de 20 minutos, a última reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Calote, da Câmara Municipal, teve início com “bate-boca” entre os integrantes da comissão: o presidente Paulo Siufi (PMDB); o integrante e líder do prefeito, Marcos Alex (PT); e o relator Elizeu Dionisio (PSL).
Sem se exaltarem, os vereadores demonstraram um visível incomodo entre si. Por diversas vezes, Alex levantou-se da cadeira para conversar a sós com Paulo Siufi por causa do clima de tensão.
A reunião começou com a leitura de um ofício encaminhado pelo líder Alex, que foi protocolizado dia 9 de setembro. No documento, o vereador questiona várias atitudes tomadas pela comissão durante os trabalhos de investigação.
O principal questionamento foi a convocação de empresas que não receberam calote da prefeitura, como a Jagáz, que foi intimada para reunião no dia 22 de julho. Alex lembrou que o proprietário pediu dispensa do compromisso porque não tinha recebido calote, porém, mesmo assim, teve que prestar depoimento à CPI.
Alex afirmou que as demais sessões continuaram convocando empresas que não tinham recebido calote da prefeitura e utilizou o termo “caça às bruxas” para dizer que os vereadores da oposição pretendem, de qualquer modo, caçar o prefeito.
O líder ainda questionou o fato de o relator Elizeu entregar algumas documentações à CGU (Controladoria Geral da União) sem a permissão da CPI. Alex afirmou que viu Elizeu se dirigindo ao órgão e questionou a presidência quais eram esses documentos e o porquê de o relator ter entregado os papeis.
O petista chegou às 9h27, na 13ª reunião da CPI, quando o ofício iria ser votado pela comissão. No entanto, o vereador se antecipou e pediu para que o documento fosse retirado da pauta alegando que a “matéria estava prejudicada” e que a leitura do documento não estava prevista para a última reunião.
Para reforçar seu argumento, Alex lembrou que entrou com pedido de destituição do relator Elizeu Dionizio e que o documento não entrou na pauta, não foi respondido e nem se quer lido nas reuniões da CPI.
Elizeu rebateu as declarações do petista e disse que Alex fez manobra protelatória, que se tornou infundada. O relator explicou que foi levar a documentação com informações sobre o prefeito na CGU como vereador e não como membro da comissão parlamentar. No entanto, Elizeu não revelou o conteúdo da documentação.
O relator estendeu sua fala e disse que Alex não deveria ter feito parte da comissão parlamentar porque não tem parcialidade. Ele disse que o líder foi uma escolha pessoal de Bernal, já que o prefeito nomeou Thais Helena (PT) como secretária fazendo com que Alex, que era suplente, assumisse uma vaga no Legislativo.
Como resposta, o petista afirmou que sua condição de suplente não o faz refém do prefeito. Ele lembrou que já ficou contra Bernal em algumas votações da Câmara e que é suplente porque participou das eleições democraticamente. “Quem acompanhou meu trabalho na comissão sabe que eu trabalhei com imparcialidade”, finalizou.
Suspensão da Sessão Ordinária – Por causa da leitura do relatório da CPI do Calote, que é realizada no Plenarinho da Casa de Leis, a Sessão Ordinária da Câmara foi suspensa. Todos os vereadores se dirigiram ao local para acompanharem os trabalhos da CPI.
No Plenarinho, o cerimonial da casa pediu para que as pessoas, que acompanham o trabalho, se levantassem para dar lugar aos vereadores. No entanto, alguns parlamentares, como Luiza Ribeiro (PPS), decidiram acompanhar a leitura do relatório dentro de seus gabinetes.
Cadeiras avulsas foram colocadas no Plenarinho para que a população acompanhe a última reunião da CPI do Calote. Mesmo assim, o local permanece lotado e muitas pessoas ficaram em pé.