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Política

“Gaeco quer ouvir todo mundo e depois pegar alguém”, diz Ruy Celso

Josemil Arruda e Zana Zaidan | 29/04/2014 16:37
Ruy Celso não se lembra do valor do empréstimo para "comprar" vereador (Foto: Cleber Gellio)
Ruy Celso não se lembra do valor do empréstimo para "comprar" vereador (Foto: Cleber Gellio)

O desembargador Ruy Celso Florence, da Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, afirmou nesta tarde que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) ampliou bastante a investigação com o intuito de garantir as provas necessárias para a suposta agiotagem para “compra” de vereador na Capital. “O Gaeco quer ouvir todo mundo e depois pegar alguém”, afirmou o magistrado, durante entrevista coletiva.

Ruy Celso deixou claro também que não sabe quem está sendo investigado pelo Gaeco. “Eu não sei quem é o investigado, qual é o instrumento e o objeto dessa investigação”, declarou à imprensa, explicando que está atuando no caso em razão do pedido de busca e apreensão na residência do prefeito Gilmar Olarte (PP), já que este tem foro privilegiado no Tribunal de Justiça.

A investigação do suposto empréstimo para “compra” de vereador, conforme Ruy Celso, teria começado em outubro do ano passado, o que levar a crer que tal articulação, se realmente existiu, teve relação direta com o processo de cassação do mandato de Alcides Bernal (PP). Indagado sobre o valor do empréstimo, Ruy Celso respondeu: “Não me recordo do valor”.

O megistrado fez questão de destacar que os pedidos que recebeu do Gaeco foram para investigação de compra "de vereador", não havendo plural, embora também não descartando essa possibilidade. "É como alguém dizer que você vai comprar um porco ou um caminhão de porco", comparou.

Três pessoas teriam feito os pedidos de empréstimos aos agiotas, um deles o Ronan Edson Feitosa, que chegou a ser preso em São Paulo (SP) a pedido do Gaeco, sendo ouvido pelo promotor Marcos Alex Vera. Ronan Feitosa é ex-assessor da Prefeitura de Campo Grande, tendo sido contratado por Bernal para o gabinete do então vice-prefeito Olarte. Embora tenha sido pastor da igreja presidida por Olarte, a Assembleia de Deus Nova Aliança, Feitosa foi expulso em dezembro de 2013.

Muitas testemunhas - Nem mesmo o Gaeco parece ter certeza sobre o foco de sua investigação, já que todos que têm sido ouvidos, com exceção de Ronan Feitosa, que chegou a ser preso, estão sendo apenas "testemunhas".

No caso dos três vereadores do PT do B já ouvidos, Flavio Cesar, Eduardo Romero e Otávio Trad, já houve até certidão do promotor Marcos Alex no sentido de que eles não estavam sob investigação.

Do ponto de vista testemunhal, considera nos meios judiciários como a "prostituta das provas", há pouca probalidade de que a investigação do Gaego consiga "pegar alguém", para usar a frase de Ruy Celso. Resta saber se as gravações telefônicas e quebra de sigilo bancário, ainda mantidas em segredo, teriam esse condão.

Aliás, também é preciso saber se essas escutas telefônicas e quebra de sigilo bancário, reveladas após o depoimentos dos três vereadores, realmente foram feitas com autorização judicial. O juiz Ruy Celso negou que tenha autorizado gravaçaõ de conversas telefônicas do prefeito Gilmar Olarte.

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