"Sempre disse", afirma governador sobre revisão da delação da JBS
Procurador da República abriu investigação interna para revisar colaboração; benefícios dos delatores podem ser cortados e provas conseguidas até agora mantidas
"Eu sempre disse", comentou, nesta terça-feira, dia 5, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), a respeito da revisão da delação premiada da JBS, anunciada ontem pela Procuradoria-Geral da República.
O chefe do Executivo estadual se referiu à afirmação que sempre mencionou de que, quem fecha acordo de colaboração com a Justiça, delatando supostas fraudes em troca de redução de pena, se utiliza do meio para "se livrar de um crime cometido".
Inclusive, após ter sido implicado em delação premiada este ano, Azambuja foi à Justiça para tentar anular o acordo, mas teve o pedido rejeitado na ocasião.
Hoje, novamente, o governador disse seu posicionamento. "E a gente sempre, antes de condenar qualquer pessoa, temos de dar direito à defesa e ao contraditório, mas infelizmente no Brasil não está sendo assim", disse Reinaldo durante evento na Famasul (Federação das Indústrias de MS).
Rodrigo Janot, procurador da República, anunciou ontem a abertura de investigação interna para rever a delação de Joesley Batista, Ricardo Suad e Francisco de Assis Silva.
Em um diálogo gravado, a princípio sem querer, Batista e Suad teriam dito que tinham sido ajudados pelo ex-procurador Marcello Miller na elaboração da proposta de colaboração assinada com a Procuradoria.
Em abril, ele teria se afastado da Procuradoria e, posteriormente, se tornou advogado dos delatores e os indícios dão conta de que a conversa entre eles teria sido gravada em março, enquanto ainda Miller ainda era procurador.
Se o acordo for mesmo anulado, os delatores poderão ter os benefícios adquiridos com a medida anulados. No entanto, as provas obtidas até agora serão mantidas.
O governador terminou sua fala dizendo que a "palavra do delator se torna sentença condenatória e algumas pessoas têm o nome jogado na lama por causa da delação".
Reinaldo e o governo do Estado foram citados pelos irmãos Batista, donos da JBS, em delação feita em maio. A ele, foi atribuído um suposto pagamento do propina em troca de incentivos fiscais que as empresas do grupo receberam para se instalarem em MS.
Desde então, o chefe do Executivo diz que confia na Justiça "e na verdade". "Espero que possa (Rodrigo Janot) dar encaminhamento (à investigação) por causa do prejuízo que deram para os estados e País".