Apesar de ameaças, vereadores não representam contra colega na Comissão de Ética
Apesar de diversas ameaças de alguns vereadores que se sentiram prejudicados depois que o depoimento da vereadora Luiza Ribeiro (PPS) ao MPE (Ministério Público Estadual) vazou à imprensa, até o momento nenhum parlamentar efetivou representação contra a colega na Comissão de Ética da Casa, por quebra de decoro.
Desde a semana posterior ao vazamentos das informações, vários parlamentares usaram a Tribuna da Câmara para questionar a conduta de Luiza Ribeiro, que teria feito declarações, no âmbito da operação Lama Asfáltica, sem provas, apenas no “ouvi dizer”, como reclamou o colega Airton Saraiva (DEM).
Para agravar os fatos, no dia 22, o presidente da Câmara, Flávio César, interrompeu a sessão após a informação que havia dois policiais armadas no Plenário, o que não é permitido pelo Regimento da Casa. O caso foi parar na polícia e virou inquérito, já concluído e encaminhado ao Juizado Especial, que decide sobre crimes de menor potencial.
Na ocasião, a segurança da Casa informou que os policiais militares haviam sido enviados à Câmara, a mando do prefeito Alcides Bernal (PP), para fazer a segurança de Luiza Ribeiro, que negou ter tido contato e solicitado a presença de seguranças. No entanto, com o vazamento das imagens do circuito interno da Câmara, em que mostrou a vereadora cumprimentando e caminhando ao lado dos policiais no estacionamento, a conduta da vereadora voltou a ser questionada.
Na semana passada, os vereadores Paulo Siufi e Carlar Stephanini, ambos do PMDB, também chegaram a declarar que pediriam ao partido providências contra a colega em razão do seu depoimento em que envolvia a legenda e suas lideranças, incluindo aí uma representação na Comissão de Ética.
Até o momento a única providência real foi encaminhada pelo ex-governador André Puccinelli, que pediu para a vereadora se explicar na justiça as declarações concedidas ao MPE. Na sessão de hoje, Siufi cogitou a possibilidade de o PMDB fazer a mesma ação judicial contra Luiza Ribeiro.
Para o vereador Chiquinho Teles (PSD), o caso não deveria ser debatido na Tribuna da Casa, mas no âmbito da justiça. “Se eu me sentisse prejudicado com as declarações da colega eu iria questioná-la judicialmente para provar”, comentou ele.
Na sessão de ontem, Airton Saraiva chegou a declarar à imprensa que o pedido de representação contra a colega Luiza Ribeiro estava nas mãos da Mesa Diretora da Câmara, a qual ele iria cobrar providência. No entanto, um integrante da Mesa disse hoje que não há nenhuma solicitação neste sentido e que o pedido de representação na Comissão de Ética pode ser feito por qualquer parlamentar, sem a necessidade de a iniciativa ser da Mesa.
Ainda hoje, o vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), disse que iria encampar o pedido pelas lideranças partidárias para a conduta da colega seja investigada pela Comissão de Ética. É esperar para ver, pois nos bastidores ninguém aceita ser o carrasco neste caso. Luiza Ribeiro, por sua vez, é quem entrou com representação no MPE por conta do vazamento do seu depoimento que estava em sigilo de justiça.