Câmara para com novo escândalo e empresas continuam sem incentivos
Oito empresas aguardam, há seis semanas, aval da Câmara Municipal de Campo Grande para a obtenção de incentivos fiscais e doação de áreas. No período, vereadores de oposição ao prefeito Gilmar Olarte (PP) bloquearam votações, houve intercaladas faltas de quórum e o Legislativo mergulhou em escândalo sobre quebra de decoro por suposta exploração sexual de adolescentes.
A oposição declarou, em 26 de março, que não votaria nenhum projeto encaminhado por Olarte até que sua administração retorne diálogo com artistas para regularização do pagamento de cachês, assim como de fundos de cultura e teatro.
O grupo, composto por sete vereadores, faz diferença em um cenário onde não se consegue reunir desde então 20 dos 29 legisladores para aprovar ou rejeitar os incentivos por meio do Prodes (Programa de Desenvolvimento Econômico e Social). A demora ainda resulta em impedimento para que outras propostas sejam votadas em plenário.
Para o líder do prefeito, Edil Albuquerque (PMDB), a falta de quórum tem sido o principal problema para que os empreendimentos possam sair do papel. Isso porque até mesmo a oposição começa a sinalizar apoio.
Em audiência com empresários, ontem (22), foram esclarecidas dúvidas sobre o processo de doação das áreas, principal ponto de divergência para votação dos incentivos. Alternativa para pacificar a questão, conforme Paulo Pedra (PDT), será emenda que permita hipoteca do imóvel em segundo grau, uma vez que isso garantiria reversão a Prefeitura em caso de falhas no empreendimento.
Contudo, outro ponto a ser considerado diz respeito aos desdobramentos do escândalo envolvendo Alceu Bueno (PSL) em suposta rede exploração sexual de adolescentes. Ele nega e diz que “se tivesse cometido crime, estaria preso”. Ainda assim deve enfrentar possível comissão processante para investigar quebra de decoro que pode cassar seu mandato ou renunciar.
Diante das turbulências, continuam aguardando investimentos para centro de distribuição da Rápido Transpaulo (R$ 9,562 milhões) e Distribuidora de Alimentos Francisco Ikeda (R$ 6,5 milhões), assim como para instalação de fábrica de itens médicos descartáveis (R$ 3,825 milhões), embalagens de polipropileno (R$ 2,8 milhões), conduítes flexíveis e conexões de plástico para construção civil (R$ 250 mil), tratamento e gerenciamento de resíduos sólidos (R$ 470 mil) e crematório de pequenos animais. (R$ 450 mil).
O único a ser retirado, de acordo com Edil Albuquerque, será o de centro de distribuição da Viação Cruzeiro do Sul que prevê investimento de R$ 1 milhão. Paulo Pedra explica que a resistência ocorre porque a empresa “tinha uma área, a vendeu e agora quer uma pública”.