Candidatos vão do ataque ao debate de propostas no último confronto
Após princípio que prometia uma discussão “incendiária”, concorrentes ao governo de MS contêm ímpetos e avaliam ter usado espaço para apresentarem projetos
Um dos últimos lances dos 55 dias de campanha eleitoral em Mato Grosso do Sul, o debate promovido pela TV Morena com os seis candidatos a governador na noite desta terça-feira (2) em Campo Grande começou quente, com os participantes apresentando logo de início pontos polêmicos explorados até aqui. No entanto, já a partir do segundo bloco, um tom propositivo se fez presente e permitiu aos participantes apresentarem projetos em um clima de menor tensão.
A dinâmica do debate iniciado por volta das 9h favorecia os confrontos: dos quatro blocos, dois permitiram perguntas livres entre os concorrentes –tendo como regras apenas que todos os participantes respondessem, ao menos, a uma questão–, enquanto nos outros dois os temas foram sorteados, mas os candidatos puderam escolher quem respondia. Do lado de fora da emissora, apenas a torcida do candidato do PSDB, Reinaldo Azambuja, acompanhou o debate do telão montado na rua Santana.
Logo na primeira questão, João Alfredo (Psol) questionou o atual governador, Reinaldo, sobre investigações conduzidas pelo Ministério Público. Ouviu como resposta do tucano que um dos inquéritos teve pedido de arquivamento do MPF (Ministério Público Federal) por não serem encontradas provas, e que nos demais está à disposição. De quebra, fez insinuações sobre suposta grilagem de terras atribuídas ao concorrente do Psol –momentos que renderam os dois pedidos de resposta, um deles concedido a Alfredo e outro negado ao governador.
Marcelo Bluma (PV), por seu turno, cobrou de Odilon de Oliveira (PDT) explicações sobre o sumiço de dinheiro da Vara Federal antes conduzida pelo juiz federal aposentado e de que teria sido “enganado” pelo ex-assessor Jedeão de Oliveira –o pedetista, ainda, afirmou que tal relação nada tem a ver com uma eventual gestão.
Mesmo momentos que indicavam respostas propositivas no primeiro bloco terminaram em acusações: em resposta a Junior Mochi (MDB) sobre o funcionamento de consórcios intermunicipais, Humberto Amaducci (PT) encaixou “lembrança” de que o Aquário do Pantanal, em Campo Grande, foi iniciado na administração do emedebista André Puccinelli (MDB). O petista ainda questionou Mochi sobre as negociações com o funcionalismo estadual na Assembleia.
Calmaria – A última pergunta do bloco, porém, deu o tom do restante: Reinaldo e Bluma falaram sobre a evolução dos índices de transparência do Estado na atual gestão, que saiu do último lugar nacional em ranking da CGU (Controladoria-Geral da União) para a nota máxima.
Daí em diante, o ritmo das discussões se manteve no controle, não havendo mais pedidos de direitos de resposta. As respostas, também, mantiveram-se em sua maioria centradas naquilo que os candidatos pretendem realizar –mesmo que sem um devido aprofundamento ou com alguns questionamentos à atual gestão em áreas como saúde e educação. Situações consideradas normais pelo atual governador em entrevista após o debate.
“Me fazer de alvo tem sido a tônica de todos os debates, mas faz parte do processo democrático”, destacou Reinaldo. “Sempre estivemos preparados para isso, com dados extremamente positivos, sem medo de discutir números com avanços. Vamos falar de segurança, saúde, educação, da Caravana da Saúde e inúmeros programas que, com certeza, posicionam para a população este como um dos melhores Estado para se viver”, prosseguiu.
Reiterando ter sido um momento para “apresentar ideias e propor avanços”, Reinaldo afirma, ainda, que aproveitou as oportunidades para “defender o legado do trabalho” e apresentar projetos atingíveis. “Mostramos que iremos fazer um governo responsável sem prometer coisas mirabolantes, fantasiosas. É um governo que atuou na crise e fez Mato Grosso do Sul avançar”.
Ideias – Mochi, por sua vez, viu a discussão como possibilidade de “discutir ideias”, destacando fugir de discussões alheias ao processo eleitoral. “Como fiz desde o primeiro dia de campanha, fui aos seis debates e em todos mantive a coerência, não entrei em ofensas em respeito ao cidadão”. “(O debate) é a forma mais democrática de o eleitor escolher, de avaliar realmente o que os candidatos pensam de fato e se isso condiz com a realidade ou se é possível de se fazer”.
Como resultado do debate, o emedebista disse esperar que o eleitor “vá consciente às urnas sabendo que o destino do Estado está na ponta de seus dedos”.
“Chegamos mais amadurecidos a deste debate porque percebemos o que o eleitor está sentindo, expusemos o sentimento de indignação e revolta”, destacou João Alfredo, aprovando sua participação nas discussões até aqui. “Agora, na festa da democracia, está na mão do eleitor”.
Também com uma avaliação positiva, Odilon de Oliveira acredita que os eleitores tiveram “a oportunidade de colher uma porção de dados de todos os candidatos”, embora lamente o tempo curto para exposição. “Agora o eleitor tem condições de conferir o programa de cada candidato até o dia 7”.
O pedetista aposta que esta será uma eleição de dois turnos “até porque são muito candidatos”. Confiando estar na reta final da campanha, ele espera igualdade de condições com o igual tempo na propaganda eleitoral no rádio e TV.
Bluma e Amaducci também acreditam em uma prorrogação da disputa para além de 7 de outubro. O candidato do PV avaliou o debate como “mais técnico pelo modelo escolhido”. “Acabou não sendo um debate mais incendiário, foi propositivo para o eleitor que se interessou em assistir”, emendou.
Ao avaliar sua participação, Bluma disse ter mudado a estratégia na comparação com os outros confrontos. “Tentei colocar o máximo de propostas, já que no início da campanha adotei um tom mais crítico e, se levasse assim até o fim, pareceria alguém que não tinha propostas. Foi importante”.
Já Amaducci se viu como único a apresentar propostas mais concretas em áreas como no combate à corrupção. Sobre o debate e a campanha em si, considerou que teve chances de “esclarecer mais as pessoas”, finalizando um trabalho iniciado ainda na pré-campanha.