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Política

Delações citam que 9 pessoas de MS receberam R$ 13 milhões de propina

Aurélio Cance Junior, o “Fazendeiro” é mais um sul-mato-grossense apontado em delações de ex-executivos da empreiteira

Lucas Junot | 20/04/2017 15:57
Aurélio Cance Junior, o “Fazendeiro” é mais um sul-mato-grossense apontado em delações de ex-executivos da Odebrecht (Foto: Reprodução/EPTV)
Aurélio Cance Junior, o “Fazendeiro” é mais um sul-mato-grossense apontado em delações de ex-executivos da Odebrecht (Foto: Reprodução/EPTV)

São nove sul-mato-grossenses citados por ex-executivos da Odebrecht, ao menos até o momento, no âmbito da Operação Lava Jato, desde que trechos das delações premiadas foram divulgados.

As revelações começaram na semana passada, a partir do próprio STF (Supremo Tribunal Federal), que retirou sigilo dos depoimentos de ex-diretores da maior empreiteira do País, após o ministro Edson Fachin autorizar a abertura de 76 inquéritos contra políticos, com base neste material.

No caso dos sul-mato-grossenses, eles são acusados pelos delatores de terem se beneficiado do departamento de propinas da empresa. Juntos, teriam recebido ao menos R$ 13 milhões.

Mais recentemente, Aurélio Cance Junior, o “Fazendeiro”, foi citado no depoimento de dois ex-diretores da empresa - Carlos Armando Guedes Paschoal e Emyr Diniz Costa Júnior, por ter cobrado propina de R$ 4 milhões para para direcionar a licitação para a construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Capivari 2, em Campinas (SP), orçada em R$ 140 milhões.

Aurélio foi presidente da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) durante o governo Wilson Barbosa Martins (PMDB). O “Fazendeiro” foi condenado em 2011 no escândalo da Sanasa, companhia de água de Campinas, que também presidiu.

No ano passado, Tiago Nunes Cance, filho de Aurélio, foi um dos conduzidos coercitivamente, durante a 35ª fase da operação Lava Jato. Segundo denúncia do MPF (Ministério Público Federal), o empresário de Campo Grande era suspeito de usar suas casas noturnas para lavar dinheiro de propina paga pela construtora.

Rosely Nassim Jorge Santos, ex-primeira dama de Campinas, também foi citada na delação de Emyr Diniz Costa Júnior (Foto: Reprodução/EPTV)
Rosely Nassim Jorge Santos, ex-primeira dama de Campinas, também foi citada na delação de Emyr Diniz Costa Júnior (Foto: Reprodução/EPTV)

A ex-primeira dama de Campinas, Rosely Nassim Jorge Santos, também foi citada na delação de Emyr Diniz Costa Júnior. De acordo com o depoimento, a negociação para a nova estação de tratamento de esgoto de Campinas teria começado logo após a entrega da primeira ETE, em 2009, quando o engenheiro afirma ter passado a negociar a licitação diretamente com ela.

O delator afirmou que já na primeira conversa, o “apoio da Prefeitura” foi condicionado ao pagamento de 2% do valor do contrato. A proposta teria então sido apresentada ao ex-diretor da Odebrecht, Carlos Armando Guedes.

"Eu coloquei para ela, para nós, que seria importante ter um edital que direcionasse as obras para os grandes construtores, para a doutora Rosely", disse Guedes em depoimento.

Negociados os termos, o edital da licitação teria sido formulado de modo que só a Odebrecht e OAS estivessem aptas à concorrência, já com o acordo firmado de que a primeira venceria o certamente.

Com redução no valor da obra, segundo Emyr o valor da propina foi reduzido para cerca de R$ 800 mil.

Citados – Até o momento foram nove citados em depoimentos de ex-executivos da Odebrecht.

O ex-senador Delcídio do Amaral - por receber R$ 9,5 milhões;

O ex-governador André Puccinelli - que teria recebido R$ 2,3 milhões;

O ex-deputado federal Edson Giroto – que teria recebido R$ 300 mil para sua campanha de deputado federal;

O empresário João Amorim (investigado na Lama Asfáltica, que identificou desvio de R$ 44 milhões em recursos públicos, formada por uma rede de “laranjas”, composta por familiares e terceiros, para lavagem do dinheiro de origem ilícita) – que teria recebido os R$ 2,3 milhões negociados para Puccinelli;

O deputado federal e ex-governador Zeca do PT – que teria recebido R$ 400 mil, doados à campanha de Delcídio;

O fiscal tributário José Miguel Milet de Freitas - que teria cobrado R$ 82,5 mil de propina para dar celeridade ao tramite de uma comissão formada pelos estados de MT e MS, para definirem repasses da União para o Estado, que depois foram para contas da empreiteira;

O deputado federal Vander Loubet (PT) – com R$ 50 mil;

O fiscal de rendas e funcionário do TCE/MS (Tribunal de Contas do Estado), Fadel Tajher Iunes Júnior, que teria recebido vantagens indevidas, cujo valor não foi divulgado pelos delatores.

Veja os trechos da delação dos executivos em que o esquema de Campinas é citado:

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