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Política

Desde 2017, alvos do Gaeco receberam R$ 13,7 milhões de prefeitura

Atual gestão gastou quase o triplo com empresas envolvidas em relação à administração anterior

Jackeline Oliveira | 20/05/2023 15:55
Equipe do Gaeco durante cumprimento da mandado em Sidrolândia. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Equipe do Gaeco durante cumprimento da mandado em Sidrolândia. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Empresas alvos da Operação Tromper do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) em Sidrolândia, nesta quinta-feira (18), receberam juntas quase R$ 14 milhões dos cofres do município. As empresas investigadas pelo Gaeco são fornecedoras desde a gestão anterior, quando Marcelo Acioli era prefeito.

Com contratos milionários, as empresas Rocamora, R&C Comércio Serviços e Manutenção Ltda (R&C Dedetizadora), Evertom Lucero e 3M produtos, receberam R$ 13.727.781,70 das duas administrações juntas.

De acordo com o Portal da Transparência do município, os valores pagos no mandato da atual prefeita, Vanda Camilo (PP), em contratos e licitações, ultrapassam R$ 9,8 milhões, quase o triplo do que a gestão anterior pagou para as referidas empresas.

Em quatro anos, Marcelo Ascoli pagou R$ 3.904.239,21 para as empresas alvos da operação.

Em entrevista ao Região News, o empresário Roberto Valenzuela, dono da R&C Comércio Serviços e Manutenção Ltda (R&C Dedetizadora), disse que os policiais apreenderam documentos, mas que está tranquilo em relação à investigação. "Estou à disposição da Justiça e vou prestar os esclarecimentos necessários”, afirmou Roberto.

Procurada pela reportagem do Campo Grande News, a prefeita não respondeu sobre os valores pagos às empresas investigadas serem tão superiores aos pagos pela administração anterior.

Fonte da gestão de Vanda Camilo disse que a chefe do Executivo tem a intenção de rever os contratos com as empresas investigadas. Contratações em vigor só não foram suspensas porque fornecem "artigos de primeira necessidade", informou à reportagem.

Batalhão de Choque em "visita" a uma das empresas investigadas. (Foto: Direto das Ruas)
Batalhão de Choque em "visita" a uma das empresas investigadas. (Foto: Direto das Ruas)

Nova contratação - A Operação Tromper, contra esquema de corrupção envolvendo fraude em licitação e sonegação fiscal em Sidrolândia, distante 71 quilômetros de Campo Grande, não impediu a prefeitura da cidade de manter negócios com pelo menos uma empresa investigada. Nesta sexta-feira (19), um dia depois da força-tarefa deflagrada pelo Gaeco, a administração do município publicou ata com registro de preços que pode render ao menos R$ 212 mil para a Rocamora Serviços de Escritórios.

O documento, divulgado no Diário Oficial de Sidrolândia, define a empresa como fornecedora de materiais como cadernos, canetas, bexigas, brinquedos pedagógicos, réguas e papel sulfite.

Procurada pelo Campo Grande News mais cedo, a prefeita Vanda Camilo (PP) alegou que a publicação já estava em andamento. "A respeito do novo registro de preço publicado no Diário Oficial com a empresa investigada, gostaria de esclarecer que tal ato já estava em andamento pelo setor técnico administrativo".

A prefeita informou ainda que novas contratações com a Rocamora serão barradas. "Ressaltamos nosso compromisso com a legalidade e transparência de todos os atos públicos. Enquanto aguardamos os resultados das investigações, determinei a controladoria a suspensão de quaisquer novos atos em andamento com a referida empresa", explicou Vanda.

De doce a edifício - A empresa, cujo nome fantasia é PC Mallmann Negócios Empresariais, foi aberta em maio de 2019, com capital social de R$ 105 mil, cadastrada como de pequeno porte. Tem como atividade principal o comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática.

A Rocamora apresenta, porém, uma cartela de serviços bem diversificada, são 86, conforme apurado pelo Campo Grande News. Na lista, há manutenção e reparação de geradores, equipamentos hidráulicos, pintura para sinalização em pistas rodoviárias e aeroportos, serviços de pintura em geral, lanternagem, funilaria, lavagem de veículos e venda de peças e acessórios para carros.

De acordo com o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) da empresa, há ainda venda de artigos esportivos, de caça e pesca, medicamentos veterinários, calçados e plantas naturais. Para garantir a abrangência há uma atividade que chama atenção, “comércio varejista de outros produtos não especificados anteriormente”.

A operação - Na manhã de quinta-feira (18), com apoio do Batalhão de Choque, o Gaeco foi às ruas de Sidrolândia em busca de provas de esquema de corrupção envolvendo empresas e a administração municipal em funcionamento desde 2017, segundo a investigação preliminar. Os alvos teriam se unido para obter vantagens ilícitas por meio da prática de crimes de peculato, falsidade ideológica e fraude às licitações, associação criminosa e sonegação fiscal.

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