Dono da JBS diz que esquema de propinas aos partidos começou em MS
O dono da empresa JBS, o empresário Joesley Batista, afirmou em entrevista publicada neste sábado (17) pela revista Época que o esquema de pagamento de propinas que o frigorífico participava começou em Mato Grosso do Sul, durante a gestão do ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT.
Joesley é proprietário da empresa ao lado dos irmãos. Um deles, Wesley, já havia declarado em delação à Justiça que a empresa operava no Estado dentro de um esquema de corrupção desde os tempos de Zeca, continuando a prática durante os governos de André Puccinelli (PMDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB).
A delação foi feita há um mês e os dois ex-governadores, assim como o atual, negaram tais acusações. Reinaldo, inclusive, entrou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a anulação a delação feita pelos donos da JBS.
Segundo Joesley afirmou à Época, para que conseguisse operar normalmente em Mato Grosso do Sul, ele teria que entrar realizar o pagamento de propinas. "Vi uma estrutura organizada no andar de cima, como o governador. As coisas no Estado só funcionaram dentro da normalidade se estivéssemos alinhados com eles", frisa.
O empresário ainda completou, frisando que "esse esquema perdurou até hoje". "Foi do PT ao PMDB, e agora, está no PSDB. Tudo com o mesmo modelo, o mesmo 'modus operandi'. Mudam os nomes, mas o sistema permanece igual". destaca.
Na mesma entrevista, Joesley voltou a fazer acusações contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, o deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o presidente Michel Temer (PMDB). O dono da JBS afirmou que Temer é o chefe da mais perigosa quadrilha do país.
Em resposta, Temer e os demais afirmaram ser mentiras as afirmações do empresário. Temer foi além e, em nota oficial, chamou Joesley de bandido notório e que irá processá-lo por causa das afirmações feitas. O presidente também reclamou do perdão judicial que o empresário conseguiu na delação premiada.
Na mesma entrevista à Época, Joesley também reclamou das acusações sobre ter ficado rico por usufruir desse sistema de corrupção. Ao ser questionado sobre a situação, ele disse que a empresa já era a maior do setor de carnes em 2000, antes da entrada do PT do Governo Federal, pontapé para o esquema.
Contudo, ele admitiu que foi neste período que a empresa conseguiu assumir a liderança mundial do setor. A empresa foi beneficiada com, além de ações governamentais, vultuosos empréstimos com condições especiais, realizados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Tais injeções foram essenciais para a guinada da empresa.