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Política

‘E mantém isso’; ouça grampo onde Temer teria dado aval para calar Cunha

Anahi Zurutuza | 18/05/2017 18:47
Temer participou de inauguração de fábrica de celulose em Três Lagoas ao lado de Joesley em 2012 (Foto: João Quesada/Arquivo/Divulgação)
Temer participou de inauguração de fábrica de celulose em Três Lagoas ao lado de Joesley em 2012 (Foto: João Quesada/Arquivo/Divulgação)

O STF (Supremo Tribunal Federal) divulgou há pouco o arquivo de áudio do grampo usado por Joesley Batista, dono da JBS, para gravar o presidente Michel Temer (PMDB). A gravação tem 38 minutos e 48 segundos, mas o Campo Grande News separou trecho que complicaria o comandante máximo do país. Ouça:

No trecho do diálogo, ao que tudo indica, Joesley atualizada Temer sobre a situação da JBS na Operação Lava Jato e tenta arrancar informações do presidente. O empresário diz: “Eu tô de bem com o Cunha”, referindo-se ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso.

Neste momento, Temer responde: “E tem de manter isso, viu?”, a frase apontada na apuração do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, como sendo o aval do presidente para que a JBS continuasse pagando uma mesada a Cunha e a Lúcio Funaro, considerado o gerenciador da participação do deputado carioca em esquema de corrupção, para que os dois ficassem calados.

Joesley ainda completa: “todo mês”.

O jornal O Globo foi primeiro a revelar o fechamento de acordo de delação premiada da JBS com a PGR (Procuradoria Geral da República) e que também os proprietários da maior produtora de proteína animal do Brasil teriam aceitado participar das chamadas “ações coordenadas” da PF (Polícia Federal), estratégia autorizada antecipadamente pela Justiça para se conseguir provas em flagrante.

No áudio, Joesley continua dizendo que está “se defendendo” das investigações, que conseguiu “segurar” um juiz e um magistrado substituto, que tem uma fonte dentro da força-tarefa e que está trabalhando para “trocar o procurador”. Ouça a gravação na íntegra:

Delação – O jornalista do O Globo classificou o conjunto de depoimentos dos sete integrantes da JBS como uma bomba com poder de destruição igual ou maior que a delação da Oderbrecht.

Pelo diálogo, Temer também teria indicado a Joesley o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F – que controla a JBS. Em 28 de abril deste ano, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley.

Esta é a primeira vez na Lava Jato que os investigadores utilizaram do artifício que é chamado de “ações controladas”. Antes de entregar o dinheiro, o dono da JBS informou o número de série das notas à PGR e à PF, que também instalaram chips nas mochilas entregues aos receptores das propinas para rastrear o dinheiro até o destino final.

Defesa - Michel Temer (PMDB) anunciou na tarde desta quinta-feira (18) que não renunciará à presidência da República. O comandante máximo do país deu a declaração 21 horas depois que o jornalista Lauro Jardim publicou a matéria sobre gravações.

Temer reiterou o que já havia dito em nota que “em nenhum momento autorizou pagamentos” para manter Cunha calado e que “não teme nenhuma delação”. “Não preciso de cargo público e nem de foro especial, sempre honrei meu nome e nada tenho a esconder, por isso mesmo nunca autorizei que utilizassem meu nome indevidamente”.

O presidente disse ainda que a investigação pedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) contra ele “será território onde surgirão todas as explicações”. “Não renunciarei”, repetiu uma vez a frase.

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