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Política

Em período de eleição municipal, venda de gasolina sempre cresce desde 2004

Dados indicam aumento na venda do combustível em setembro e outubro dos anos eleitorais, em comparação aos anos anteriores

Guilherme Correia | 10/11/2020 12:25
Posto de gasolina em Mato Grosso do Sul no início do ano (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)
Posto de gasolina em Mato Grosso do Sul no início do ano (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)

Nos últimos dias, na véspera das eleições municipais espalhadas por todo o Brasil, têm sido cada vez mais frequente ouvir "denúncias" de compras de votos em troca de gasolina. No Campo Grande News, isso não é diferente - são dezenas de acusações, denúncias e certezas ditas por eleitores bem intencionados ou inimigos políticos, de que candidatos estão, com toda a certeza do mundo, comprando capital político a troco do combustível.

No domingo (8), enquete perguntou aos leitores se conheciam alguém que já trocou o voto por combustível. Na ocasião, 75% dos leitores que quiseram votar disseram que sim. Em comentários no Facebook, diversas pessoas afirmaram que conhecem "um monte" de casos. Outros, até afirmar que já venderam o voto pela gasosa.

Além disso, há quem tenha dito que mesmo não conhecendo ninguém, toparia a a negociata: "Nem para isso eu tenho sorte. Achar um candidato para adesivar meu carro e me dar combustível kkk, Eu adesivaria até minha cara, kkk”.

A questão gerou uma dúvida na reportagem, que foi atrás dos dados oficiais de venda de gasolina em Mato Grosso do Sul. Coincidência ou não, o período marcado pelas eleições municipais no Estado costuma ter aumento expressivo na venda desse combustível, segundo levantamento feito pelo Campo Grande News, com base em dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo).

Do pleito de 2004 para cá, a quantidade de barris de gasolina vendidos nos meses de setembro e outubro dos anos de eleições municipais é sempre maior que no ano anterior.

Única exceção, contudo, se dá entre o ano passado e este ano - marcado por redução da mobilidade urbana em decorrência da pandemia. Foram mais de 400 mil barris de gasolina vendidos em setembro de 2019, em Mato Grosso do Sul, enquanto este ano, aproximadamente 372 mil.

Abaixo, a relação de quantidade de barris de gasolina vendidos em Mato Grosso do Sul em anos de eleições municipais (em laranja), com o comparativo do ano seguinte e anterior, apenas nos meses de setembro (esquerda) e outubro (direita):

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Na última disputa pelas prefeituras e vereanças de cidades sul-mato-grossenses, em 2016, setembro registrou venda de mais de 401 mil barris de gasolina, e mais de 403 mil em outubro.

No ano anterior, as vendas haviam sido cerca de 20% menores no mesmo período - mais de 341 mil e 367 mil, respectivamente. O ano seguinte às eleições, 2017, também registrou números menores da venda do combustível, mas apenas em outubro - uma diferença de aproximadamente 10 mil barris.

Outras eleições - Nas eleições retrasadas, 2012, o período eleitoral teve maior venda de gasolina do que o ano anterior - mas o ano seguinte registrou vendas maiores nos dois meses. Em 2008, o mesmo fenômeno - menos gasolina foi vendida no ano anterior, mas o ano seguinte teve registro maior apenas no mês de outubro.

Em setembro de 2003 foram vendidos 162.475 barris de gasolina em postos espalhados por todo o Estado. O mesmo mês do ano seguinte (2004), com eleições municipais, registrou venda de 188.930, mas de 20 mil a mais. Ainda em sembro, mas em 2005, a venda caiu para 175.437.

Mesmo assim, os números não indicam que há, necessariamente, relação intrínseca entre esses dois fatores - ano eleitoral e venda de gasolina para compra de votos. Em 2019, por exemplo, ano não eleitoral, prefeito interino foi acusado de compra de votos em eleição suplementar - segundo denúncia, ele prometia pagar R$ 40 semanais a cada eleitor.

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