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Política

“Falou sem provas, para ter votos”, diz Carlão sobre acusação de propina

Câmara Municipal "perdoou" vereador André Luís Soares (Rede) por levantar suspeitas sem provar

Por Caroline Maldonado | 27/06/2024 13:53
Vereador e pré-candidato a prefeito, André Luís Soares, o “Prof. André” (PRD) e o presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Augusto Borges, o “Carlão” (PSB). (Foto: Izaías Medeiros/CMCG)
Vereador e pré-candidato a prefeito, André Luís Soares, o “Prof. André” (PRD) e o presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Augusto Borges, o “Carlão” (PSB). (Foto: Izaías Medeiros/CMCG)

A Câmara Municipal vai “perdoar” a acusação feita pelo vereador e pré-candidato a prefeito, André Luís Soares, o “Prof. André” (PRD), sobre suposto pagamento de R$ 1 milhão de construtoras a parlamentares para que tentassem mudar lei contrariando o PDDUA (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental). A decisão é do presidente da Casa de Leis, vereador Carlos Augusto Borges, o “Carlão” (PSB), que fez duras críticas ao colega, na sessão desta quinta-feira (27), alegando que André teria justificado que levantou suspeitas para “aparecer na mídia e ter votos”.

Nenhum vereador se manifestou hoje e Carlão encerrou a sessão. Apesar de não replicar a fala de Carlão, André disse ao Campo Grande News que mantém as afirmações e aguarda provas para levar o caso ao Ministério Público e até à polícia, se for o caso.

A acusação foi feita na sessão de terça-feira (25). André disse que ficou sabendo que vereadores teriam recebido ou cobrado propina, mas não tinha provas e iria apurar a denúncia. Em seguida, a sessão foi interrompida por meia hora. Os vereadores foram todos para o plenário menor a pedido de Carlão, em uma reunião a portas fechadas.

Carlão disse que esperou André se manifestar hoje, mas como ele não quis “se desculpar com os colegas”, o presidente falou sobre o assunto pouco antes de encerrar a sessão.

“Esperei ele falar e ele não quis falar. Teve uma fala infeliz do professor André, maldosa, sobre um amigo dele, para mim ele falou. Na fala [em plenário] ele falou que foi na casa dele o empresário. Para mim, ele falou que falaram para ele aqui na Câmara, foi uma pessoa que falou. É uma fala mentirosa, uma fala maldosa que tinha vereador levando vantagem de um milhão de reais para receber para fazer emenda. Isso é a maior mentira do mundo, eu estou aqui há muitos anos. A gente tem que ter respeito aos companheiros, colocar o nome do Legislativo que trabalha, porque ‘disse-me, disse’”, declarou Carlão.

O presidente cobrou provas, apesar de dizer que vai esquecer o assunto devido ao “carinho e respeito” por André e por ser um homem “formado e médico”.

“Que me prove. Se ele não provar não vai ser nem vereador, que são 28 vereadores que foram ofendidos, porque ele não citou nome. Então, todo mundo pegou dinheiro, todo mundo foi envolvido numa mentira mais grave que eu já vi. Nunca vi falar isso em plenário, sem prova”, reclamou Carlão.

Em um discurso de “morde e assopra” para deixar claro o descontentamento, o presidente disse ainda que se fosse em “um campo [de futebol] de antigamente, levava umas porradas”, mas que perdoou André. “Perdoei porque ele é meu amigo formado, médico eu trato com respeito, mas cabe à Câmara e aos vereadores essa semana, apesar que ele disse ‘não quero me retratar, eu to bem’”, complementou Carlão, provocando os colegas a cobrem retratação por parte do vereador André.

Por fim, Carlão lembrou um episódio em que André “chamou os PMs de gordo e apareceu na mídia”. Agora todo mundo esqueceu e ele não vai ter voto nenhum com esse negócio de chamar PM de gordo, vai ter voto contra. É igual essa mentira que ele falou ontem, que falaram, que um informante dele, uma pessoa que ele não pode falar o nome. Vai colocar ele numa situação difícil que não vai ter voto e quer prejudicar o Legislativo. Aqui nós trabalhamos, tem homens e mulheres sérios e não vamos nos envolver em mentiras ", finalizou.

André disse ao Campo Grande News que tem “carinho fraterno pelo Carlão”, mas sabe que o presidente é “impulsivo” e “tem uma base dentro da Câmara que ele tem que agradar”.

“Essa base exigiu essa conduta dele, então eu não faço nenhuma crítica ao que ele expôs, nem da maneira que ele expôs, porque aquele é da natureza dele. Eu mantenho integralmente a minha fala e fico somente aguardando as provas aparecerem para fazer o devido encaminhamento, que, com toda certeza, não será via Câmara e será via Ministério Público e Polícia Civil, se for o caso, se eu entender que é questão de crime”, disse André.

O vereador não citou nomes em sua acusação, mas o vereador Epaminondas Neto, o "Papy" (PSDB), que apresentou e defendeu emendas para tentar mudar a legislação, reforçou seu posicionamento e criticou a acusação do colega.

"É muito ruim, deselegante e injusto. Acho que a gente já tem um desmerecimento da classe política, sabe? E isso põe na imaginação da população que o nosso trabalho, ele não é um trabalho técnico, ele é um trabalho desleixado e eu refuto essa imagem do político lambão, preguiçoso, relaxado, pois é um assunto muito sério da cidade, vai direto na vida das pessoas. Então, o comportamento do colega é inadmissível", disse Papy.

O vereador reafirmou que a emendas foram fruto de "trabalho técnico e revisado" e apesar de opiniões divergentes vai continuar defendendo o afrouxamento de regras para construções na ZEU (Zona de Expansão Urbana), uma área rural em que as exigências são mais rígidas para construção, porque há "empreendimentos represados", o que afeta o desenvolvimento da Capital, na palavras de Papy.

"Os empreendimentos em Campo Grande, no setor imobiliário, que estão ali parados por conta de uma legislação que é protecionista, então ela visa proteger o crescimento da cidade, mas aí libera para quem está contigo, então quem já é proprietário dos investimentos pode levar mais longe, o outro que quer empreender não pode. Então não é uma proteção ao perímetro urbano, é uma proteção a quem pode empreender e esse é o meu debate lá, vamos botar luz em cima desse assunto", disse Papy ao ser questionado sobre as emendas.

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