Filiados cobram Bernal sobre rumos do PP; dirigente diz já pensar em 2020
Reunião no gabinete de Evander Vendramini reúne lideranças que se dizem insatisfeitos; presidente regional afirma que PP disputará eleição em todos os municípios de MS
Lideranças do Progressistas se reuniram na manhã desta terça-feira (12) na Assembleia Legislativa para começar a discutir os rumos do partido para as eleições de 2020 na Capital e no interior de Mato Grosso do Sul. O debate ocorreu, porém, sem a presença do presidente regional do partido, o ex-prefeito Alcides Bernal, alvo de cobranças entre deputados estaduais, vereadores e filiados quanto a falta de organização do PP para a disputa no ano que vem e que “ganhou um prazo” de uma semana para detalhar a situação da agremiação.
Bernal, por sua vez, garante que o partido segue com planejamento visando a aumentar o número de prefeitos, vices e vereadores, com a intenção de participar da disputa em todos os municípios do Estado.
O encontro da manhã ocorreu no gabinete do deputado estadual Evander Vendramini, que afirmou se tratar, a princípio, de uma “visita de cortesia” de filiados que tomou rumos de definição partidária. O deputado, ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Corumbá, afirmou que os progressistas “precisam avaliar a organização do partido para pensar em 2020”, uma vez que “se não formos notados, não vamos reeleger ou eleger ninguém”.
O deputado afirmou que Bernal segue à frente da direção do Progressistas “e tem de nos ajudar”. A avaliação foi a mesma do vereador Derly de Oliveira, o Cazuza. “O partido precisa saber qual a perspectiva para 2020. É uma preocupação de todos. Precisamos conversar com o presidente pois, se não nos organizarmos, não vamos ter um resultado promissor na próxima eleição”, afirmou Cazuza, líder de Bernal quando este foi prefeito da Capital.
Advertência – A situação também preocupa no interior, conforme o filiado Izomar Galeão, de Dourados. Ex-presidente municipal do Progressistas, ele afirma que “pelo menos oito municípios na região de Dourados estão com os diretórios abandonados. Hoje, em Dourados, não tem presidente: eu comandava a comissão provisória, acabou o período, não foi renovada e estamos sem”.
Evander Vendramini alertou que a situação pode levar o partido a perder filiados. “Ou o PP se organiza ou as pessoas vão procurar outro partido. Os filiados não sabem o rumo, existe ausência do partido nas cidades”, destacou. Segundo ele, Bernal receberá prazo de uma semana para se manifestar e apontar que ações serão realizadas para fortalecer o pedido. Do contrário, ameaçam ir à cúpula nacional do Progressistas cobrar providências.
Mais além, o vereador Valdir Gomes se disse insatisfeito com os rumos do partido. “Do jeito que as coisas estão, o partido não me contenta”, afirmou, reclamando ainda do fato de “pessoas do próprio partido falarem mal dos vereadores”. Questionado, ele afirmou apenas que a crítica aos representantes do PP na Câmara vêm da cúpula. “Quem comanda o partido é quem fala”.
Ulisses Duarte, ex-integrante da gestão de Bernal, também cobrou providências. “Na primeira eleição, o Bernal veio com uma esperança de renovação, mas depois sofreu uma reação política muito forte. O grande equívoco foi ter se fechado demais. Quando isso aconteceu, os companheiros não tiveram mais acesso às decisões”, pontuou.
Duarte afirmou ter uma postura de conciliação, contudo, reiterou achar “inadmissível críticas a colegas dentro do próprio partido. Se isso ocorreu, vou conversar com o presidente”.
Do encontro também participou Ivandro Fonseca, ex-secretário de Saúde na gestão de Bernal. O deputado estadual Gerson Claro não esteve no encontro, porém, Evander garantiu que ele compactua da posição dos colegas.
Organização – Procurado pela reportagem, Bernal se disse “aberto ao diálogo” e garantiu que a direção do Progressistas está preparando o partido “para disputar (as eleições) em todos os municípios. Já visitamos chamas e estamos filiando lideranças”. Ele ainda sinalizou a todos os filiados do partido, reforçando que “estamos organizando muito bem o PP para aumentarmos o número de vereadores, vice-prefeitos e prefeitos”.
Ele disse desconhecer reclamações dirigidas a Valdir Gomes, considerando-as de cunho pessoal, “mas nunca ouvi falar de nada”. E destacou que, antes de sua chegada ao partido há cerca de dez anos, “o PP era um partido inexpressivo. Hoje, temos dois deputados estaduais, três vereadores na Capital e dezenas de vereadores no interior, um bom quadro de pré-candidatos municipais”.