Gestão de Bernal vai culminar em "vultoso desastre", prevê Nelsinho
Apontado pelo prefeito Alcides Bernal (PP) como o "responsável" por vários problemas, principalmente no setor de saúde, o ex-prefeito da Capital Nelson Trad Filho (PMDB) diz que o sucessor esconde sua “inoperância e incompetência” jogando a culpa na antiga administração. “É uma pessoa que não tem humildade, se acha melhor que todo o mundo. Não ouve aqueles que querem lhe ajudar. Em menos de três meses já perdeu três aliados na Câmara”, diz Nelsinho Trad, como é conhecido
Embora admita que três meses é pouco tempo para se fazer uma análise, Nelsinho diz que tem observado as atitudes e o comportamento do atual prefeito não só com tristeza, mas com muita decepção por entender que invariavelmente “isso vai culminar num vultoso desastre administrativo para a cidade”. “Vão se atrofiar vários equipamentos públicos que foram construídos ao longo de todas estas administrações bem sucedidas que a Capital experimentou. E pra você retomar isso depois é um tempo significativo”, avalia.
Em primeiro lugar em Campo Grande nas pesquisas de intenção de voto para o governo do Estado, a frente do senador Delcídio do Amaral (PT), Nelsinho se prepara para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Regional e dos Municípios no staff de André Puccinelli. Na função, ele irá percorrer o Estado para compartilhar com os prefeitos sua experiência acumulada em dois mandatos como prefeito da Capital, o que ajudará a firmar sua imagem perante o eleitorado.
Em seu escritório político, onde tem recebido prefeitos, vereadores e lideranças de todo o Estado, Nelsinho Trad concedeu uma entrevista ao Campo Grande News. “Há uma carência técnica de pessoas para organizar tecnicamente, burocraticamente os projetos”, constatou nas conversas com os visitantes. Por isso, ele vai trabalhar para ajudar os prefeitos na elaboração dos projetos para que estejam habilitados a receber recursos por meio de emendas parlamentares e de programas do governo Federal.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Campo Grande News – O prefeito Alcides Bernal está completando 100 dias de governo. Como o senhor avalia estes três primeiros meses do seu sucessor na prefeitura?
Nelson Trad Filho - Para você emitir um juízo perfeito, três meses é pouco pra você dar um veredicto das ações administrativas de quem está começando, mas o que se observa são atitudes e comportamento. Isso é nato da pessoa. Isso já vem com a pessoa e essas atitudes e esses comportamentos é o que nós estamos vendo e observando não só com muita tristeza, mas com muita decepção por entender que invariavelmente isso vai culminar num vultoso desastre administrativo para a cidade. Vão se atrofiar vários equipamentos públicos que foram construídos ao longo de todas estas administrações bem sucedidas que a Capital experimentou. E pra você retomar isso depois é um tempo significativo.
Campo Grande News - Seriam obras que foram paralisadas?
Nelsinho Trad - Eu não quero me ater só a obras físicas, mas a conceitos de ações públicas, principalmente na área da educação, quando você observa que nesse atual governo se desprezou completamente, onde nem merenda você consegue organizar para o aluno, que muitas vezes precisa dessa alimentação para sua nutrição, para sua saúde, por ter pais carentes. Tem também a questão das incubadoras tecnológicas que foram abandonadas, deixadas ao relento.
Campo Grande News - Os convênios com o Sebrae terminaram e não foram renovados.
Nelsinho Trad - Até hoje não se tem um secretário responsável pela pasta [Sedesc - Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e do Agronegócio]. Os convênios não foram renovados, deveriam ter continuidade. Aquela incubadora tecnológica que estava funcionando a todo o vapor. Os empreendedores já saíram de lá, alugaram uma sala aqui no centro, ou seja, está se virando as costas para o conhecimento, ao saber, e isso nós vamos sentir nas gerações futuras. A questão da saúde, que é delicada, é um problema a nível nacional e nós estamos observando que não se tem uma continuidade para as ações implementadas pela política nacional do Sistema Único de Saúde [SUS]. Com isso nós vamos ter a médio e longo prazo um caos ainda maior no sistema. Observamos também na área da assistência social o total descaso no compromisso da educação infantil. Não retomaram nenhuma obra dos Ceinfs [Centros de Educação Infantil]. Está tudo parado. Aquilo que já foi feito esta depreciado. Quando saímos deixamos 11 Ceinfs em andamento, 15 unidades básicas de saúde e duas UPAs [Unidade de Pronto Atendimento]. Tudo isso está paralisado.
Campo Grande News – Segundo informações, projetos do PAC estão emperrados por falta de documentos.
Nelsinho Trad - As obras do PAC estão todas paralisadas. Tem cidades, e isso era uma competição muito forte, que passavam na frente das outras e chegavam os recursos primeiro, por eficiência, por apresentar os documentos certos. Quantas vezes nós conseguimos passar a frente de várias cidades por competência da nossa equipe. Na área do esporte há o atrofiamento total de todos os programas que tínhamos como o Lápis na Mão, Bola no Pé, as escolinhas. Na área da cultura, nós estamos entrando agora no mês de abril e nunca mais teve uma noite da seresta, que levava centenas, milhares de pessoas à praça. A família ia se divertir, em busca de um atrativo pra você poder sair de casa, levar seus familiares. Os pontos de cultura estão abandonados e agora virou as costas para a emenda que tínhamos aprovado de R$ 3 milhões para fomento à cultura. Quero ver como o movimento liderado pelo ex-vereador Athaíde Nery [e ex-secretário de Cultura] vai se portar em relação a essa negativa.
Campo Grande News - A falta de titular na Sedesc também atrapalha a vinda de indústrias para a cidade.
Nelsinho Trad - A questão da vinda de empresas de outros locais. Quanto que já se perdeu e o empresário vendo isso ele tem uma agilidade e a necessidade de correr contra o tempo para fazer o investimento. Porque ele não vai mais esperar o humor do atual prefeito mudar para ele poder vir. Com certeza ele já foi pra outros cantos. Quando você incentiva a vinda de uma empresa para cá, você não está só oferecendo um terreno ou incentivos tributários abrigados pela lei do Prodes [Programa de Desenvolvimento Econômico e Social de Campo Grande]. Está fomentando a geração de empregos, a pessoa lá do bairro vai ser empregada e você esta aquecendo a economia. Você vai fazer com que haja o giro de dinheiro dentro da cidade e isso beneficia todo o mundo. Todos os setores.
Campo Grande News - O prefeito quando assumiu não tinha a equipe completa. Ainda restam dois cargos vagos: na Sedesc e na chefia de Gabinete, além de três outros órgãos que estão sendo acumulados por titulares de outras pastas. A demora na montagem da equipe também ajudou a criar estes problemas? Aliados reclamam que não foram contemplados no governo.
Nelsinho Trad - Nós temos ainda a presidente da Agetran, que não administra daqui, administra de fora. Talvez isso seja a modernidade que ele tanto falou. É aquilo que eu falei sobre o comportamento. É uma pessoa que não tem humildade, se acha melhor que todo o mundo. Não ouve aqueles que querem lhe ajudar. Em menos de três meses já perdeu três aliados na Câmara [João Rocha e a professora Rose do PSDB e Zeca do PT]. A política é a arte de você trazer para dentro, convergir, entender o aliado, fazê-lo partícipe e ele não esta observando isso.
Campo Grande News - Para o prefeito, existem adversários que querem desestabilizar sua administração e ele inclui entre eles grupos de vereadores e setores da imprensa. Como o senhor vê esta atitude?
Nelsinho Trad - E também colaboradores antigos nossos. Ele pegou estas três vertentes. Você tendo harmonia com a imprensa, tendo harmonia com a Câmara Municipal, tendo harmonia com seus servidores, tendo harmonia com o Judiciário e o Tribunal de Contas, já é difícil, imagina quando você quer brigar com tudo o mundo. Então a gente fica realmente sem entender o que é que esta acontecendo e constatando o erro da população que escolheu uma pessoa totalmente sem preparo pra poder absorver toda essa responsabilidade que a gente sabe que não é pouca.
Campo Grande News - Na área de saúde, por exemplo, o prefeito diz que a sua administração não tomou cuidados preventivos para evitar a epidemia de dengue.
Nelsinho Trad - Essa questão da dengue e em outros casos que ele procedeu e outros que virão pra justificar sua insegurança, sua inoperância, sua incompetência, ele acaba achando culpados e a psicologia explica isso. Ele sempre me coloca no centro das atenções, no fundo acho que ele me admira muito (risos). Eu nunca fui tão citado na imprensa nos oito anos do meu governo quanto estou sendo agora. Não tem uma máxima que diz falem mal ou bem, mas falem de mim? Então ele está me ajudando muito. Qual foi a vez que nós, ao enfrentar algum problema, culpamos esse ou aquele? Eu nunca procurei achar desculpa pra poder enfrentar uma situação adversa que apareceu na minha frente. Nunca, pelo contrário. Eu sempre assumi a responsabilidade e procurei resolver.
Campo Grande News - O que o senhor tem a dizer sobre os veículos, principalmente ambulâncias do Samu, que o secretário de Saúde disse que estão sucateados, abandonados em oficinas?
Nelsinho Trad - É mais uma inverdade que é justificada pela incompetência, não só do prefeito, como de seus colaboradores. Primeiro não se fez uma transição civilizada, como deveria ter sido feita. Mesmo assim temos os documentos que nós passamos para os responsáveis da transição que ele indicou com toda a frota que estava funcionando, placa, número do chassi do carro, e aqueles que estavam nas oficinas. O que aconteceu na realidade foi o seguinte: estas ambulâncias andam numa média de 300 a 500 quilômetros por dia na cidade e há uma manutenção contínua e diária das inúmeras ambulâncias que temos a nosso dispor. São três meses da administração dele e o que existe é a incompetência para gerir algo que era comum acontecer. Então quando ele assustou, ele viu aquele número enorme de ambulâncias e ai pra justificar a incompetência, ele joga a culpa na administração passada. Eu não sei até quando ele vai fazer isso porque a partir do momento em que o tempo vai passando fica mais difícil das pessoas entenderem e assimilar que o que está acontecendo é culpa do outro. E já tem gente com a paciência por aqui, dizendo, vai trabalhar cara, para de ficar culpando os outros.
Campo Grande News – Por que o senhor diz que a transição não foi civilizada?
Nelsinho Trad – Foi o momento em que se começou a observar o comportamento, a atitude de quem estava conduzindo o processo, no caso o atual prefeito. Não tinha nenhum problema de fazer uma transição civilizada, tranquila. Mas foi uma transição que demorou pra acontecer. Campo Grande foi uma das últimas cidades do Brasil a estabelecer esta relação institucional. Isso porque a imprensa ficou cobrando, porque se não tivesse essa cobrança da imprensa, talvez nem haveria a transição. E desde lá, procurando jogar a responsabilidade pra cima da gente. Então você vê a incoerência disso aí. Eu falei no primeiro encontro com o Bernal: eu não vou avisar para a imprensa, mas você precisa me dizer, me diz aí as três pessoas que você quer que põe pra conversar, quem você vai por na saúde, na educação e nas obras. São três pontos importantíssimos da cidade que você precisa saber antes. Ele só anunciou no dia 31 de dezembro.
Campo Grande News - E em relação aos medicamentos que, segundo a prefeitura, estão faltando porque o senhor cancelou as compras em dezembro?
Nelsinho Trad - Mais uma vez eu digo que a incompetência de quem esta gerindo que quer jogar esta culpa na gente. Ao encerrar nossa transição, temos documentos que provam e atestam isso, nós demos a relação do abastecimento da farmácia do município que daria para tocar 60 dias, dois meses, tempo suficiente para quem entrasse. A primeira medida de quem entra é ver isso: como está o estoque de medicamentos? Está assim..então vamos fazer uma licitação pra poder comprar a partir de março para não faltar.
Campo Grande News - O balanço bimestral divulgado pela prefeitura mostrou que nos dois primeiros meses deste ano o valor arrecadado a mais foi de R$ 31 milhões comparado ao que se arrecadou no mesmo período do ano passado. Dinheiro tem em caixa, mas algumas empresas reclamam que não estão recebendo da prefeitura. Como o senhor avalia isso e também a política adotada de suspender contratos e fazer compras emergenciais?
Nelsinho Trad - Esta é uma prática para encobrir má intenção. É uma prática que fere frontalmente o sistema democrático de transparência que toda a administração pública deve ter. Primeiro, eles saíram falando que tínhamos deixado um rombo negativo de saldo [no dia 19 de fevereiro, na abertura dos trabalhos legislativos da Câmara, Bernal disse que a prefeitura foi entregue com um déficit de mais de R$ 300 mil] e ele vai e me publica agora um balanço oficial de saldo positivo de R$ 577 milhões [R$ 577.238.289,59],sendo que se você for somar a arrecadação dele dá R$ 330,9 milhões [R$ 330.928.512,73]. Somado ao saldo que eu deixei de R$ 246 milhões [R$ 246.309.776,86] dá exatamente o dinheiro que ele tem em caixa. Então a mentira tem perna curta, no próprio balanço ele mostra a verdade.
Campo Grande News - Um dos contratos que o prefeito suspendeu foi à compra de combustíveis, fazendo um contrato emergencial. A Câmara vai criar um projeto para que estes contratos emergenciais sejam enviados para a Casa para serem analisados.
Nelsinho Trad - Deixa de fazer licitação, o que não é o certo, mas eu tenho certeza que o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a própria Câmara vão tomar as providências. O que você observa nas receitas dele, é que tanto o IPTU como o ISS caíram. O que está salvando ele são as transferências constitucionais. O ICMS, que ele tanto reclamou que o governador tinha diminuído o repasse, deu 13% a mais. O Fundeb aumentou 21,53%. O que significa isto? Que ele vai poder honrar com os professores. Fiz um comparativo de secretaria por secretaria. Ele falou tanto em saúde, que a nossa saúde estava uma porcaria, que não fazia nada, e ele investiu R$ 974 mil a menos na saúde do que eu investi comparando os dois meses. Então ele fala uma coisa e faz outra.
Campo Grande News - E a respeito da licitação para inspeção veicular feita em seu governo que o prefeito decidiu suspender?
Nelsinho Trad - Ele suspendeu, questionou na Justiça, a Justiça exauriu seu juízo, dizendo que não havia nada errado. Restabeleceu o status quo e a empresa que ganhou a licitação está esperando ele dar a ordem de serviço. Porque não tem nada errado. Vê se eu tive algum problema de improbidade ou de condenação em qualquer um destes contratos que ele suspeitou. O Tribunal de Contas, Ministério Público, Tribunal de Justiça, todos atestaram que está tudo certo.
Campo Grande News - Uma das missões que o novo secretário de Obras Públicas, Edson Giroto, recebeu do governador André Puccinelli é fazer um diagnóstico da situação dos municípios. Saber de suas necessidades na área de infraestrutura e também as vocações para ajudar na instalação de indústrias. O secretário já disse que o senhor, na função de secretário de Desenvolvimento Regional e dos Municípios, e a vice-governadora, que assumirá a Secretaria da Casa Civil, serão companheiros nestas visitas.
Nelsinho Trad – É muito importante ainda mais aproveitando a experiência destes dois companheiros, tanto do Giroto quanto da Simone, principalmente no que tange ao conhecimento que eles têm do interior do estado de Mato Grosso do Sul. Não conhecimento político, mas sim um conhecimento administrativo da realidade dos municípios e de suas regiões. E eu penso que com isso nós vamos poder se inteirar bastante dos problemas que cada município, que cada região tem para apresentar as soluções.
Campo Grande News - Esta pasta que o senhor irá assumir tem uma função estratégica porque permite sua aproximação com os municípios. Como o senhor pretende trabalhar?
Nelsinho Trad - Eu tenho recebido aqui em meu escritório muitas lideranças do interior, prefeitos, ex-prefeitos, candidatos a prefeito que não tiveram sucesso nas últimas eleições, vereadores, e todos têm uma opinião que converge com o seguinte fato: há uma carência técnica de pessoal para poder organizar tecnicamente, burocraticamente os projetos e fazer com que a intenção e boa vontade dos parlamentares, tanto do Estado, quanto os federais de levar emendas aos municípios para que elas possam chegar e efetivamente ser aplicadas nos municípios. O que a gente observa é que tem muita emenda perdida por falta justamente de pessoal técnico, capacitado, para poder trazer o recurso alocado por essa forma de conceber as ações financeiras aos municípios. Então essa experiência eu penso que precisa ser aplicada para eles. Vai contribuir na administração do prefeito e com isso vai ganhar a população que ele está representando.
Campo Grande News - O presidente da Assomasul, Associação dos Municípios, o prefeito de Anastácio, Douglas Figueiredo, detectou este problema e quer ajudar os prefeitos colocando técnicos à disposição para ajudar a elaborar projetos. O senhor vai trabalhar em parceria com a Assomasul?
Nelsinho Trad - Com certeza. Institucionalizado no cargo, nós vamos promover uma ação de parceria com a associação de prefeitos a fim de que a gente possa levar de forma produtiva o nosso trabalho para o interior.
Campo Grande News - As últimas pesquisas de intenção de voto feitas na Capital para o governo do Estado para as eleições no próximo ano colocam o senhor a frente do pré-candidato do PT ao governo, senador Delcídio do Amaral. Como o senhor avalia estes resultados?
Nelsinho Trad - Nós tivemos duas pesquisas nesta semana e as duas mostram um equilíbrio muito grande entre as forças do PT e do PMDB e uma estabilização que, no meu entendimento, vem do recall da eleição passada do candidato do PSDB. Acho que essa eleição vai ser muito disputada, muito acirrada e definida nos detalhes. Essa é minha opinião.
Campo Grande News - O fato de o senador Delcídio ter apoiado a eleição do prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, cuja popularidade as pesquisas mostram que vem caindo, pode estar desgastando a imagem do senador?
Nelsinho Trad - Exatamente. Esse é um fato a ser colocado na pauta das análises políticas. Seria a mesma coisa que um paciente vir ao meu consultório e pedir para que eu indicasse um médico para poder operá-lo numa área em que eu não atuo. Eu indico esse médico. Ele vai a esse médico e tem uma cirurgia mal sucedida. Ele vai cobrar mais de mim, que indiquei, do que do próprio médico que o operou. Essa máxima é muito evidente nessa situação. Quando você empresta o apoio a alguém é por que você confia que esse alguém vai desempenhar um bom trabalho e isso, infelizmente, não está acontecendo com Campo Grande e quem endossou, quem avalizou isso, vai ter que arcar agora com o ônus de ter feito essa parceria. Existe uma máxima em política que diz que muitas vezes em política se perdendo se ganha.
Campo Grande News – Depois de perder as eleições na Capital, o PMDB procura se reorganizar criando novas secretarias, trazendo o deputado federal Giroto. Correntes do PT avaliam que a maneira de neutralizar esse ressurgimento é formalizando uma aliança com o partido.
Nelsinho Trad - Essa é uma possibilidade que já foi ensaiada aqui em outras ocasiões. Quando nós disputamos a reeleição em 2008, o próprio Zeca defendeu a ideia do PT se coligar conosco, por entender que estávamos fazendo um bom trabalho. Isso nada mais foi do que a reprodução de uma aliança feita em Brasília a nível federal. Ocorre que aqui há uma polarização muito marcante entre estas duas forças políticas, o que sempre, no fritar dos ovos, acaba por prejudicar uma efetiva conclusão dessa parceria. Mas em política você não pode descartar e isso fica como uma possibilidade a ser avaliada.
Campo Grande News - Essa aliança inclui o PSDB?
Nelsinho Trad - O PSDB sempre foi parceiro do PMDB e o PMDB sempre foi parceiro do PSDB. Não só o PSDB nos apoiou principalmente a nível municipal, como também o apoiamos nas eleições em que eles não foram vitoriosos com o Ricardo Bacha e com a Marisa Serrano. É algo que o eleitor assimila com muita facilidade porque entende que nós somos pertencentes ao mesmo perfil ideológico do eleitor de Campo Grande. Então não há nenhuma surpresa em uma reaproximação com o PSDB. Acho isso saudável e deve ser buscado.
Campo Grande News – Agora o senhor começa agora a andar pelo Estado, reforçando seu nome para as eleições?
Nelsinho Trad - Tenho esta necessidade, reconheço que tenho esta deficiência no interior, porque fiquei muito centrado em Campo Grande. Deficiência essa que será suprida com minha força de vontade e com o auxilio dos meus companheiros em me levar por onde eu achar que deva ir, nos quatro rincões do nosso Estado. Tocando nossa secretaria junto com os companheiros do governo, procurando levar com muita seriedade, transparência, os benefícios do governo atual. Vamos também aproveitar os encontros regionais do PMDB para levar a mensagem do nosso partido, conhecendo a realidade de cada região para que possamos ter um diálogo bastante franco e realista com a sociedade.
Campo Grande News - O senhor não abre mão da cabeça de chapa? Postula ser o pré-candidato a governador?
Nelsinho Trad - Eu penso o seguinte: esta é uma candidatura que não pertence mais a mim, eu tenho um grupo de pessoas, ainda mais depois de tudo isso que está acontecendo, que está me impulsionando, eu não vou ter outra saída. Não é uma decisão pessoal minha mais. É algo que foge do controle de uma decisão pessoal.
Campo Grande News - Estas pesquisas reforçam sua decisão.
Nelsinho Trad - Exatamente
Campo Grande News - E em relação à vice-governadora Simone Tebet?
Nelsinho Trad - Eu penso que muita coisa pode acontecer. A Simone é uma figura essencial em todo este projeto. Até pelo que ela representa pela postura, pela seriedade, pela ética, por ter uma representatividade muito forte na região [Três Lagoas] em que ela desempenhou sua atividade política. Ela engrandece qualquer chapa e a gente espera contar com o apoio dela, se nós estivermos como estamos hoje na frente das pesquisas em relação à candidatura dela. Porque se ela estiver na minha frente, eu serei seu primeiro cabo eleitoral e espero que ela possa ter a mesma postura em relação a esse raciocínio.