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Política

Governo tentou comprar silêncio de Delcídio para evitar delação, diz revista

Revelações foram divulgadas momentos depois da homologação da colaboração premiada pelo STF

Mayara Bueno | 15/03/2016 12:05
Ministro Aloisio Mercadante. (Foto: Arquivo)
Ministro Aloisio Mercadante. (Foto: Arquivo)
Senador Delcídio do Amaral (PT-MS). (Foto: Arquivo Senado)
Senador Delcídio do Amaral (PT-MS). (Foto: Arquivo Senado)

O ex-chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff (PT), atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, prometeu dinheiro e ajuda para que Delcídio do Amaral (PT-MS) não aceitasse o acordo de delação premiada. As revelações foram divulgadas nesta terça-feira (15), pela Revista Veja, momentos depois da notícia de homologação da colaboração premiada do senador pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 

Segundo a publicação, as tratativas para um acordo foram discutidas entre o ministro e o assessor de Delcídio, José Eduardo Marzagão, que gravou as conversas. O conteúdo foi entregue à Procuradoria-Geral da República.

Nas conversas, Mercadante ofereceu dinheiro e ajuda para que Delcídio deixasse a prisão e escapasse do processo de cassação do mandato, que corre contra ele no Senado. Em contrapartida, o pedido foi para que o senador “não desestabilize tudo” com sua delação. Já com Delcídio preso, o ministro e o assessor se encontraram por duas vezes, detalha a revista. Em depoimento formal, Marzagão disse que o ministro agiria a mando de Dilma.

A exemplo do que o senador é acusado de ter feito, Mercadante prometeu usar a influência política do governo no Senado e no STF, para tentar evitar a cassação e sua libertação. Ao assessor, o ministro falava que o parlamentar deveria ficar “calmo”, deixar “baixar a poeira” e não fazer “nenhum movimento precipitado”.

Ainda conforme revela a Revista Veja, nos encontros, Aluisio Mercadante teria prometido conversar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para armar um plano que fizesse com que o Senado voltasse atrás na decisão, tomada em plenário, que ratificou a prisão de Delcídio.

Também deixou claro nas conversas que tentaria “construir com o Supremo uma saída” para o senador. Disse que Ricardo Lewandowski poderia libertá-lo por meio de liminar, durante o recesso de fim de ano do Judiciário, o que não ocorreu. “Eu posso falar com ele pra ver se a gente encontra uma saída", oferece Mercadante.

De acordo com a revista, a primeira conversa entre Mercadante e o assessor de Delcídio aconteceu em 1º de dezembro, uma semana após a prisão do ex-líder do governo, enquanto a segunda ocorreu em 9 do mesmo mês. A última reunião aconteceu um dia após a família do senador procurar o advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, um dos principais especialistas em delação.

O tom do primeiro encontro, segundo a publicação, foi de “cautela”, quando o ministro fala que Delcídio é “fundamental para o governo”. Da segunda vez, Mercadante foi mais explícito, já que estava sob o impacto das notícias sobre uma suposta delação, segundo relatos do assessor. Ele revelou seu plano no Judiciário, reclamou por conta dos rumores de acordo, dizendo que “nem Renan Calheiros, nem o governo poderão se mexer para salvar Delcídio”.

Ainda durante os encontros, o assessor do senador relata as dificuldades financeiras dele e que a família, inclusive, estava planejando vender imóveis e se desfazer de bens para custear o processo. Mercadante se dispõe a viajar ao Mato Grosso do Sul para dar assistência à família.

A assessoria de Delcídio foi procurada pela reportagem do Campo Grande News, que respondeu não ter nada a declarar sobre o assunto no momento, somente depois do fim do processo.

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