Indicada em Comissão, senadora prefere não manifestar voto
Mesmo tendo recusada a relatoria da Comissão do Impeachment no Senado Federal, a senadora Simone Tebet (PMDB) foi indicada como titular e terá, como o colega sul-mato-grossense Valdemir Moka, que analisar e votar já na primeira etapa do processo na Casa, que deve acontecer no dia 9 ou 10 de maio. “Agora somos juízes e não podemos manifestar o voto”, declarou a senadora ao Campo Grande News.
Cogitada no primeiro momento para ser relatora da Comissão, a senadora Simone Tebet (PMDB) disse que preferiu abrir mão da relatoria por entender que seu partido é parte interessada no processo e poderia ser questionada por alguns colegas ligados ao governo, uma vez que o vice-presidente Michel Temer é membro da legenda. “Mesmo assim o partido decidiu indicar meu nome para a Comissão e é com muita responsabilidade que vou assumir mais essa missão”, comentou.
Simone contou ainda que está tranquila em relação à participação no processo, por ter conhecimento da área. “Fui professora de Direito Público e não é matéria estranha para mim”, observou ela, acrescentando que será uma etapa rápida, de apenas dez dias úteis, em que o trabalho será intenso para analisar as provas e verificar os aspectos formais da denúncia.
Segundo a senadora, o rito no Senado é diferente do que aconteceu na Câmara dos Deputados, considerando que os senadores vão procurar dar sequência e confirmar aquilo que os deputados aprovaram no último domingo. “O trabalho da Comissão é uma fase pré-liminar, que vai mostrar se tudo que foi feito na Câmara está correto e se o processo tem todos os elementos para o impeachment ser admitido”, explica Simone.
Mas ela avalia que os senadores governistas podem solicitar nova defesa oral do Advogado Geral da União, ministro José Eduardo Cardoso, o que será analisado pelos membros da Comissão. “Poderemos aceitar ou não”, comentou.
Em relação a seu voto ser favorável ou contrário à admissão do processo do impeachment, Simone Tebet diz que vai decidir com imparcialidade, considerando os aspectos técnicos jurídicos. “Neste momento não podemos adiantar voto. Primeiro vamos analisar o processo. Vou votar com imparcialidade”, afirmou.
Simone revela também que está bem tranquila com a possibilidade de pressão que venha a sofrer por parte da população em relação a seu voto ser favorável ou não a admissibilidade do processo de impeachment. Anteriormente, a senadora já fez declarações favoráveis ao afastamento da presidente Dilma Rousseff. “Vou agir com responsabilidade, razão e a minha consciência. Não com o coração”, garante ela.
Na próxima segunda-feira, 25, a Comissão deve ser instalada e seus membros terão dez dias úteis para analisar as provas do processo e o relator apresentar o relatório final para votação, que deve ocorrer após o Dia das Mães.
Hoje também foi anunciado o nome do presidente da Comissão, que será o senador Raimundo Lira (PMDB/PB) e para assumir a relatoria, o senador Antonio Anastasia (PSDB/MG).