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Política

Indígenas festejam decisão histórica de 9 X 2 que enterrou marco temporal

Em MS, lideranças comemoram e comentam importância da decisão do STF para as comunidades indígenas do Estado

Por Mylena Fraiha | 21/09/2023 16:48

Em uma decisão histórica, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou de "goleada" a tese do marco temporal das terras indígenas, em votação encerrada nesta quinta-feira (21). Ao final da sessão, o placar final ficou em 9 votos contra a tese e 2 favoráveis.

Em Mato Grosso do Sul, estado que abriga a terceira maior população indígena do país, as lideranças comemoraram a vitória com grande entusiasmo. Para a coordenadora executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Val Eloy, a decisão do STF foi uma vitória histórica para as comunidades indígenas de todo o país.

"São anos de luta do movimento indígena contra a tese do marco temporal, que hoje conseguimos enterrar de vez, essa tese que sempre foi uma ameaça para nós e chegava até a representar para nós o extermínio dos povos indígenas do Brasil", comenta Val.

Val Eloy também enfatizou a importância da decisão para as comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul, destacando que a tese do marco temporal representava uma ameaça aos territórios indígenas e à preservação ambiental.

Cocares mostram indígenas durante uma das sessões de votação do marco temporal. (foto: STF)
Cocares mostram indígenas durante uma das sessões de votação do marco temporal. (foto: STF)

"Nós nunca tivemos dúvidas, mas essa tese do marco temporal para nós era uma grande ameaça. Hoje nós vamos ter os territórios de volta para cuidar, para dar vida. E essa é a importância da comunidade indígena, porque já foi comprovado na ONU que nós, povos indígenas, somos os maiores preservadores das nossas matas e das nossas florestas”, explica Val.

A representante da Kuñangue Aty Guasu - Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá Guarani, Jaqueline Kuña Aranduhá, também celebrou a decisão do STF. “Nós da Kuñangue Aty Guasu sempre lutamos com todas as nossas forças e rezas pelo direito ao nosso território. Hoje a corte maior em sua maioria reconheceu os nossos direitos originários, honrou a Constituição Federal de 1988. Essa é a maior vitória nos últimos tempos para os povos originários”.

Apesar da conquista de hoje, Jaqueline também pontuou que a luta dos povos originários ainda será mantida. “Devemos ficar atentas pois a PL/2903 tramita com forças contra os povos originários, e traz propostas gravíssimas contra os territórios indígenas e povos originários. Agora é esperar o relatório final, pois não dá pra aceitar as ressalvas feitas pelo Moraes, Zanin e Toffoli seguimos atentas”.

Em Campo Grande, uma das lideranças jovens da aldeia urbana Marçal de Souza, Bryan Dias, também comentou a importância da decisão proferida pelo STF. “Sabemos que ainda há muitos desafios pela frente, mais acreditamos que o Supremo Tribunal Federal vem para nos dar essa segurança jurídica e cumprir o dever da constitucionalidade, além de dar esperança ao nosso povo”.

Grupo de indígenas se manifesta em Brasília contra a tese (Foto: Divulgação/Apib)
Grupo de indígenas se manifesta em Brasília contra a tese (Foto: Divulgação/Apib)

Votação - Na sessão desta quinta-feira (21), o placar final ficou em 9 votos a favor da derrubada e 2 votos contra. O voto decisivo foi proferido pelo ministro Luiz Fux, seguindo a argumentação do relator da tese, Edson Fachin.

São favoráveis à tese os ministros Nunes Marques, André Mendonça, Carmem Lúcia, Gilmar Mendes e  Rosa Weber. Na sessão desta quinta-feira (21), Fux seguiu a ala contrária à tese citando que o direito as terras indígenas não depende de um marco temporal.

Vale lembrar que um projeto de lei tratando do mesmo tema está tramitando no Senado e recebeu pedido de vistas na reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) desta quarta-feira (20).

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