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Política

Indignados com "calcinha na porta de igreja", deputados querem blocos bem longe

Deputados disseram que ouviram relatos sobre mulheres que tiraram as calcinhas na 14 de Julho, durante Carnaval

Ângela Kempfer e Leonardo Rocha | 27/02/2020 11:06
Rinaldo Modesto (PSDB) foi um dos parlamentares a criticar o Carnaval. (Foto: Luciana Nassar/ALMS)
Rinaldo Modesto (PSDB) foi um dos parlamentares a criticar o Carnaval. (Foto: Luciana Nassar/ALMS)

A bancada evangélica fez levante hoje na Assembleia Legislativa contra o Carnaval de rua de Campo Grande. Rinaldo Modesto (PSDB) chegou a dizer que "mulheres tiraram as calcinhas em frente da igreja". Ele se refere a IECG (Igreja Evangélica de Campo Grande), localizada na 14 de Julho, quase na esquina com a Avenida Mato Grosso.

"Havia um combinado que a festa não passaria na 14", comentou o deputado. A "regra" citada por Rinaldo foi respeitada, mas como é impossível chegar à Esplanda Ferroviária, sem passar pelas ruas do Centro, a 14 é sempre um dos principais trajetos dos foliões até a concentração dos blocos.

Na opinião dele, essas "cenas deploráveis em frente ao pessoal da igreja" só vão acabar quando o Carnaval for em um ponto específico da cidade.  "Antes era só na Fernando Corrêa, hoje são 3 locais diferentes", lembrando da programação na Esplanada Ferroviária, Praça do Papa e Avenida Fernando Corrêa da Costa.

Ele contraria estratégia da prefeitura, que em 2020 investiu na volta da festa popular na Fernando Corrêa da Costa como forma de dividir o público e evitar grandes aglomerações em um só lugar, como ocorreu em 2019 na Esplanada.

Outro da bancada evangélica, o deputado Herculano Borges (SD) disse que também ouviu relado sobre "calcinha na porta da igreja" e reclamou do vandalismo no comércio.  Dois casos foram registrados durante os 5 dias de festa. "Deve se ter local apropriado para grandes festas. Um espaço preparado para isso, que fique longe do comércio, até porque os comerciantes não podem ser prejudicados", argumenta. Ele também falou de risco à integridade de bens públicos. "A Orla Ferroviária é um patrimônio histórico", lembrou.

O terceiro ponto contra a realização da festa popular foi o abuso de bebida. "Além de brigas e quebra-quebra, muitos jovens e menores de idade exageraram da bebida", disse Herculano, apesar de, nem ele, nem Rinaldo, terem ido à Esplanda durante dias de Carnaval.  

Lucas de Lima (SD) entrou no ataque à festa, dizendo que já no inicio do mandato de deputado enviou requerimento pedindo a construção de arena de eventos na Capital, para realização de grandes festas gratuitas, inclusive o Carnaval. Dessa forma, seria mais fácil, inclusive, controlar a venda de bebidas, avaliou. Mas apesar da reclamação, Lucas de Lima disse que foi "na Praça do Papa e lá estava bem organizado", comentou.

O deputado Carlos Alberto David (PSL) defendeu que é hora de refletir e buscar alternativas mais seguras para o Carnaval. Aproveitou a tribuna também para elogiar a Polícia Militar, criticada por usar balas de borracha e spray de pimenta na dispersão de foliões no 1º dia de festa. "A Policia Militar fez o seu trabalho de forma correta, teve essas atitudes contra quem estava fazendo desordem e bagunça", justificou. 

O único que participou do Carnaval na Esplanada Ferroviária foi o deputado Pedro Kemp (PT). Ele contou que aproveitou a festa durante os 4 dias de blocos, ao lado da família, e não viu nada que desabonasse o evento.

Pedro Kemp garantiu que no espaço destinado aos blocos a festa ocorreu sem problemas e que os incidentes foram registrados fora da Esplanada.  "Vou defender sempre festa popular, principalmente, o Carnaval de rua. Participei de todos os dias e esses fatos ocorreram na Calógeras, depois da Mato Grosso, perto do viaduto, de madrugada", relatou.

O deputado lembrou que na Esplanada havia revista para a entrada no espaço dos blocos. "Foi tudo muito tranquilo ali dentro. Crianças e familias chegam para matinê e à noite eram mais jovens e adultos. Pelo que sei, lá só tiveram 5 ocorrências, algo insignificante".

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