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Política

Lideranças ocupam prédio do Dsei na Capital e não aceitam troca de comando

Antonio Marques | 25/11/2015 12:43
Pela manhã, o presidente do Condisi, o índio Terena Pedro Gomes Lulu, reuniu os funcionários do Dsei para informar a mudança e a ocupação do órgão (Foto: Divulgação)
Pela manhã, o presidente do Condisi, o índio Terena Pedro Gomes Lulu, reuniu os funcionários do Dsei para informar a mudança e a ocupação do órgão (Foto: Divulgação)

A troca no comando do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) ocorrida nesta quarta-feira, 25, com a exoneração do coordenador do índio Kadiwéu Hilário da Silva e nomeação do Terena Lindomar Ferreira, causou revolta das lideranças indígenas do estado. Caciques de várias regiões ocuparam a sede do órgão na Capital e não aceitam o novo coordenador.

Hoje pela manhã o presidente do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena), o índio Terena Pedro Gomes Lulu, reuniu os funcionários do Dsei e comunicou os acontecimentos. De acordo com ele, lideranças de todo o estado estão se deslocando para Campo Grande para fazer a ocupação do local. “A nomeação do Lindomar atende somente interesses políticos e não da comunidade indígena ", declarou ele.

Pedro Gomes Lulu disse ainda que informações “não verdadeiras” foram levadas ao Ministro da Saúde, Marcelo Castro, relatando a falta de medicamentos nas aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul e ausência de políticas públicas de atenção básica de saúde.

Por coincidência ou não, nesta terça-feira, 24, o deputado federal Zeca do PT teve audiência no Ministério da Saúde e disse que foi pedir ao ministro melhoria no atendimento à saúde nas aldeias indígenas do estado. O parlamentar chegou a postar em sua página no Facebook na noite de ontem o evento com Marcelo Castro. “Ouvi do ministro que havia um pedido para a troca do coordenador do Dsei por outro índio. Apenas não imaginei que fosse tão rápido”, comentou.

Zeca do PT disse ainda que o ministro o teria questionado sobre a existência do programa Mais Médico nas aldeias sul-mato-grossenses. O deputado revelou ao ministro que, durante a visita do deputado Paulo Pimenta (PT), que é presidente da Comissão Permanente de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e da procuradora da República Deborah Duprat, por conta do conflito entre indígenas e produtores na região sul do estado, eles ouviram várias reclamações dos índios. “Muitos indígenas vieram nos contar que médico só aparecia uma vez por mês e para conseguir os remédios era preciso tirar dinheiro do bolso”, contou o parlamentar sul-mato-grossense.

Para Zeca, o protesto das lideranças é “uma cortina de fumaça” diante da verdadeira situação da saúde indígena nas aldeias do estado. O deputado questionou o valor repassado à Missão Evangélica Cauiá que receberia mais de R$ 100 milhões por ano para contratação de pessoal para atender nos postos de saúde.

O presidente do Condisi informou também que o fórum nacional dos presidentes do Condisi enviou ao Ministro da Saúde um documento dizendo “não aceitar nomeações exclusivamente politicas para os cargos de saúde indígena e nós não vamos aceitar o que está acontecendo com o Dsei Mato Grosso do Sul".

Conforme Pedro Gomes, hoje à tarde as lideranças deve fazer manifesto na sede do Dsei na Capital para protestar contra a mudança no comando do órgão. Hilário da Silva estava no cargo há um ano e dois meses. O Campo Grande News apurou que Lindomar Ferreira teria apoio apenas de lideranças indígenas de Miranda, enquanto que o exonerado teria maior apoio dos caciques das outras aldeias.

A reportagem tentou contato com a Missão Evangélica Caiuá, em Dourados, e com o coordenador nomeado Lindomar Ferreira, mas os telefones não atenderam e deu mensagem de caixa postal.

Postagem no Facebook do deputado Zeca do PT em que ele foi recebido ontem pelo ministro da Saúde Marcelo Castro (Imagem: Reprodução/Facebook)
Postagem no Facebook do deputado Zeca do PT em que ele foi recebido ontem pelo ministro da Saúde Marcelo Castro (Imagem: Reprodução/Facebook)
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