Nelsinho Trad diz que governo do presidente Lula está na ‘primeira marcha’
Como presidente do diretório estadual do PSD, senador quer buscar a renovação e sair da neutralidade
Nelsinho Trad (PSD) disse estar decepcionado com algumas decisões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste início de mandato. Ao elencar várias medidas que o governo federal tomou nestes seis primeiros meses, o senador afirma que o país não teve respostas mais rápidas para os problemas.
Trad também tem sido protagonista da defesa do meio ambiente, como presidente do Parlamaz (Parlamento Amazônia). Com a articulação que realizou entre os países que possuem o bioma, ele conseguiu instituir o grupo para buscar acordos internacionais que também impactam no Pantanal.
Ao Campo Grande News o senador também avaliou o cenário político no Estado e na Capital. Disse que segue frio e calculista para as decisões partidárias e que acredita estar respondendo as expectativas da população.
Lula – Na eleição de 2022, Nelsinho anunciou publicamente apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que saiu derrotado. Neste início de governo Lula, o senador criticou decisões que o governo federal tomou.
“É um governo que ainda não ganhou velocidade de resolução que venha a atender as necessidades dos estados e das prefeituras. Ainda está na primeira marcha. Essa questão de aumentar os ministérios não soou bem. Isso é um retrocesso.”
Decepções – O senador também elencou outras decepções como o fechamento das escolas cívico-militares. “Era um projeto que estava dando certo. Poderia mudar o nome e trocar a roupagem. Mas não tinha a necessidade de desmanchar porque trocou o governo. Sugeri isso na época do Bolsonaro e eles aceitaram, mantendo o programa Casa Verde e Amarela e o Auxílio Brasil”, relembra.
Dentre outras medidas do presidente rejeitadas pelo senador sul-mato-grossense está o impasse sobre o Novo Marco Legal do Saneamento e a aprovação do arcabouço com a flexibilização da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). “Isso vai dar resultados ruins daqui uns anos para os gestores menores”, ponderou Nelsinho.
Reforma tributária – Ele ainda não definiu o voto sobre o projeto de lei que trata da reforma tributária e que começou a tramitar no Senado. Cobrado nas ruas pela população, ele disse que também está preocupado com o texto.
“O princípio básico da questão tributária é não centralizar muito o poder em uma caixinha só, em cima da União. As coisas acontecem na cidade. Vou ponderar isso. Quando ando pelo Estado, muitos param e me perguntam se isso vai impactar no bolso. Eu vou olhar isso com mais precisão. Mas reconheço que precisa ser feito, porque temos um verdadeiro sanatório tributário”, afirmou.
Parlamaz – Como presidente do Parlamaz, Nelsinho disse que tem liderado a discussão para defender o Pantanal. “Os problemas da Amazônia são os mesmos do Pantanal, e, que em determinado momento da interlocução que fazemos, conseguimos chamar a atenção pelo Pantanal. Sou senador da República do Brasil e uma das questões que estavam emperrando em acordos internacionais do acordo de livre comercio, Mercosul com a União Europeia é a questão ambiental”, pontuou.
Preocupado em abrir fronteiras tributárias com a Europa, o senador disse que as decisões tomadas no Parlamaz refletem no Estado. “Conseguimos o reconhecimento de países ricos para criar uma condição estruturante, remuneratória para premiar por exemplo o morador nativo que não desmata. Hoje, o Parlamaz é reconhecido, vivo e atuante e despertou a importância de ter o parlamento amazônico institucionalizado, com a interlocução entre os oito países que tem o bioma. Quando estamos em outros países defendendo a Amazônia, defendemos também a integração do Pantanal”.
Eleições 2022 – Segundo o senador, a derrota do irmão Marquinhos Trad (PSD) na eleição do ano passado serviu como alerta. “Política não perdoa erro. Se não paga o preço. É difícil entender a hora de não avançar. Eu lembro de um conselho que meu pai me deu em 2010. Ele disse ‘meu filho, acho que o eleitor cansou de mim e eu cansei do eleitor. Acho que tá na hora de parar’. Todo mundo que é candidato acha que vai ganhar. A ousadia é importante, mas o quadro era evidente que daria um problema”.
Ele ressaltou a boa avaliação da gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que conseguiu adesão explícita de quase 80% dos prefeitos a candidatura de Eduardo Riedel (PSDB). No entanto, Nelsinho citou também a polarização.
“Houve a questão da federalização dos dois extremos, que pode acontecer nas próximas eleições. A eleição para presidente recaiu para dentro do Estado de forma aguda. O partido errou porque tinha que ter tido lado. Essa neutralidade não coube na bolha que se criou entre os dois extremos foi muito forte. Tínhamos que ter tomado uma posição e sair desse comodismo da neutralidade”, disparou o senador.
Diretório municipal – Na próxima semana, o diretório municipal terá um nome definido, já pensando na articulação das eleições do ano que vem. Nelsinho vai buscar um consenso com os vereadores e membros partidários para um representante diferente.
“Temos que olhar para uma reinvenção, renascimento e ressurgimento do partido. Precisa dar uma oxigenada para dar uma opção diferente para a sociedade. Semana que vem, vamos nos reunir para decidir isso. Não dá para eu tomar uma decisão sozinho. Mesmo alguns vereadores já anunciando que vão sair, vou chamar todos para tomar essa decisão. E quem quer ser prefeito tem que viabilizar a sua candidatura.”
Caso não encontre alguém que preencha os requisitos, o senador irá buscar uma pessoa ponderada, que possa ter estatura para articular o fortalecimento do diretório. “Temos atrativos, como tempo de televisão, não é polêmico e que dá liberdade para quem estar na provisória fazer o que quiser”.
Eleições 2024 - Pela história do PSD, Nelsinho afirma que o partido tem que apresentar um nome. “Uma eleição dessa não pode ser resolvida numa sala. Ela precisa colocar vários nomes para a sociedade e ter um debate. Essa pluralidade é importante”.
Reeleição – Alegando ser muito cedo para falar em reeleição em 2026, o senador afirma que tem sido um bom representante para o Estado e sempre pronto aos pedidos. “Exercito uma máxima que carrego como médico: “não sofro por antecipação”. Sou uma pessoa fria e calculista. Posso assistir plenamente todo esse processo de 2024 para sentar e reorganizar ou manter o que foi organizado para eleições 2026. Meu foco é um só: continuar produzindo no mandato que estou constituído. Sou muito demandado e nunca faltei com essa interlocução. Tenho sido, na minha avaliação, um bom representante de Mato Grosso do Sul”.
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