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Política

“O melhor caminho é a mesa de negociações”, diz Vander sobre novo momento do PT

Deputado traçou rumo do partido para as próximas eleições e citou o alinhamento com "adversários"

Jhefferson Gamarra | 18/05/2023 08:36
Deputado Vander Loubet (PT) em reunião na Câmara Federal (Foto: Albino Oliveira)
Deputado Vander Loubet (PT) em reunião na Câmara Federal (Foto: Albino Oliveira)

Líder da bancada federal e principal interlocutor com o Governo Federal, o deputado Vander Loubet (PT) acredita que o partido recuperou o protagonismo com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e agora vive um “novo momento”, ainda mais aberto ao diálogo e a composições com partidos do campo democrático, que antes eram considerados inimigos, tanto a nível estadual quanto nacional, para recolocar o Brasil e Mato Grosso do Sul nos trilhos do desenvolvimento.

Em entrevista ao Campo Grande News, o parlamentar, que está em seu sexto mandato consecutivo na Câmara Federal, traçou as principais ações e citou exemplos de como o PT pretende governar nos próximos anos em política públicas nacionais e também para Mato Grosso do Sul. Além disso, Vander abriu o jogo sobre as eleições de 2024 e 2026, que apesar de parecerem distantes, já estão em sendo preparadas dentro dos diretórios.

Campo Grande News: O governo Lula está completando 5 meses, como o senhor avalia esse primeiro período e o retorno de uma gestão petista no Brasil?

Até aqui, a gente está fazendo um bom governo, que evidentemente todo governo tem problemas, mas todos os compromissos de campanha o presidente Lula tem honrado e a PEC (Proposta de Emenda a Constituição) da transição foi fundamental para isso, que os recursos garantiram tranquilidade para passar esse ano e com certeza ano que vem. Isso nos permitiu fazer os investimentos, foram R$ 85 bilhões e gastamos R$ 60 bilhões com programas especiais e ainda vai ter recursos para cultura. Agora, vamos começar a trabalhar o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O governo começou a consolidar a base na Câmara e no Senado. Durante a campanha, falamos em uma frente ampla e estamos cumprindo com isso, temos por exemplo o MDB, União Brasil e PSD no governo.

Outra medida que saiu agora e que foi compromisso de campanha era acabar com a dolarização do preço do combustível e dar paridade. Isso vai impactar na queda do preço do gás de cozinha, diesel e gasolina, são medidas que vão refletir diretamente no bolso das pessoas, vai melhorar o poder de compra e retomar o crescimento da economia.

Campo Grande News: Esse espaço que o PT teve que ceder para entrada de outros partidos, principalmente na última eleição, afastou o partido daquela filosofia “raiz” com participação forte do MST e movimentos sindicais, por exemplo?

Claro que não! Esse povo todo está no governo, inclusive, foram fundamentais para a gente ganhar a eleição. Em Mato Grosso do Sul, fizemos quase 41% de votos, foi o melhor resultado do Lula no segundo turno de todo o Centro-Oeste. E pelo contrário, agora, que temos espaços e políticas públicas, acho que o PT vai crescer muito no Estado, trazendo novos quadros, dialogando também com a juventude e setores formadores de opiniões. As bandeiras que o PT carregava anteriormente continuam, com ainda mais espaço agora. Ainda há uma demanda reprimida, o MST passou seis anos sem ter liberdade para nada. Agora, estão fazendo manifestações em alguns lugares para mostrar para o governo Lula que estão vivos e não podem ser esquecidos. Então, é natural que os movimentos sociais se mobilizem para cobrar ações do governo.

Campo Grande News: Com todo esse protagonismo, o senhor, que vem de uma sequência de mandatos na Câmara Federal, pretende concorrer ao Senado em uma próxima eleição?

Com todas essas ações, eu acredito que o governo Lula chega muito forte daqui quatro anos. Além disso, tem uma coisa nova, o PT nunca tinha participado de nenhum governo em Mato Grosso do Sul e agora estamos dentro da gestão do Riedel. Então, sem dúvidas, daqui quatro anos, pretendemos estar juntos no mesmo palanque, até porque a disputa de hegemonia não é mais com o MDB e PSDB, e sim com essa direita raivosa. Se reunirmos condições, eu tenho pretensão de ser candidato a senador, portanto, eu não sou mais candidato a federal, em hipótese nenhuma, posso continuar fazendo política sem mandato, mas já cumpri minha cota, bati o recorde de seis vezes.

Campo Grande News: Em relação a essa aliança com o Riedel, o PSDB e o MDB estão alinhados e articulando as eleições municipais de 2024. O PT deve participar dessa composição?

Nosso compromisso com o Riedel não envolve aliança para 2024. Estamos no governo, mas em 2024 o partido tem autonomia e liberdade para discutir município a município. Na Capital, como é uma eleição de dois turnos, é natural que o partido tenha uma candidatura, até porque o PT tem uma história de candidatura em Campo Grande e vai ser mantida a tradição, não tem como ser diferente.

Campo Grande News: E o partido trabalha com alguns nomes para encabeçar uma candidatura para a Prefeitura de Campo Grande?

Não temos muitas opções, tem a Camila Jara, Zeca do PT e o Pedro Kemp, são esses que eu vejo. A tendência de Campo Grande é um quadro com bastante candidatos, parecido com 2012. Aí, no segundo turno, dá para fazer algumas alianças.

Campo Grande News: Fora da Capital, como está a organização do partido para filiar novas lideranças?

Estamos nos reorganizando com um programa de renovação de diretórios para filiar novas lideranças, sejam prefeitos, vices, vereadores. O partido precisa se reorganizar no Estado, prefeito, por exemplo, não temos nenhum eleito e precisamos retomar isso. Saímos bem dessa eleição em que elegemos dois federais, ou seja, somos a segunda bancada federal em Brasília, sendo que o PSDB fez três, tendo todo o governo em mãos.

Campo Grande News: O senhor tem conversado bastante com a prefeita Adriane Lopes, que tem flertado com partidos de direita. Existe algum movimento do PT para atrair ela para o partido?

Eu tive uma relação institucional muito boa com o Marquinhos e continuo com a Adriane. Todos temos que ajudar Campo Grande, até porque a cidade já foi muito maltratada anteriormente. Além disso, a Capital concentra quase um terço dos votos. Então, minha relação com ela é de ajudar Campo Grande com recursos, para se ter uma ideia, o Governo Federal tem quase R$ 300 milhões para serem investidos em Campo Grande, que já estão disponíveis na Caixa Econômica. Acredito que é natural a candidatura dela, com a máquina e como prefeita, mesmo pegando um mandato a menos de um ano, ela pode se credenciar à reeleição com chances de ir para o segundo turno, mas tudo vai depender de onde ela vai se acomodar.

Campo Grande News: O nome da Rose Modesto para a superintendência da Sudeco foi indicação diretamente do senhor ou passou pelo seu crivo, mesmo ela sendo adversária em 2022?

Passou, mas por toda bancada também. Como ela foi 4 anos deputada, embora não seja desta legislatura, ela possui uma influência muito grande com as mulheres eleitas do União Brasil, então foi feito um compromisso com isso. A nomeação não saiu antes porque o Dagoberto também tinha interesse no cargo, mas ela se articulou de uma forma mais ampla e eu defendia que fosse uma pessoa do Estado, senão corríamos o risco de perder a vaga para Mato Grosso. Então, na reta final, eu convenci o Dagoberto e abrimos outros espaços para ele também aderir ao nome da Rose. Então, nesse sentido, eu contribui muito, e quem ganha com isso é o Estado. Ela é o que o presidente Lula precisa atrair, que são pessoas de centro e que tem uma baita liderança com professores, famílias simples e evangélicos, para dialogar com esses setores na defesa do governo.

Campo Grande News: Em relação ao cenário nacional, o senhor acredita que exista alguma liderança que possa substituir o Lula em uma próxima corrida presidencial?

Se o Lula chegar bem de saúde e com essa motivação que ele tem hoje, eu acho natural que ele queira continuar, a prova disso é o presidente dos Estados Unidos que está com 82 anos. Então, isso vai ser uma decisão muito pessoal dele, que até não dá para discutir agora. O próprio Haddad é um baita de um quadro e a economia estando bem ele se credencia. Além disso, o Lula tem um poder de transferência de votos.

E para Mato Grosso do Sul, tem investimentos previstos em conjunto com o Governo Federal?

A gente vive um grande momento, temos mais de R$ 1 bilhão para recuperar nossas rodovias, estão garantidos a recuperação da BR-267, no trecho de Porto Murtinho, e recursos para fazer pontes. Estamos discutindo também um novo modelo para a BR-163, porque o atual não nos representa, é um consenso isso com o Governo do Estado. Não dá pra gente aceita um projeto desse, que só vai duplicar 65 quilômetros, sendo que 28 são dentro de Campo Grande e ainda por cima aumentar o pedágio, essa modelagem não nos serve e vai ser revista.

Fora isso, a fábrica de fertilizantes UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III) a Petrobras garantiu que vai terminar, primeiro é importante que se termine e depois a gente discute uma remodelagem. Eu sou a favor de trazer cooperativas para dentro da fábrica, como são feitos em alguns outros países. No entanto, essa fábrica, que é a maior do País, tem capacidade de atender apenas 13% da demanda nacional, então, a gente ainda precisaria de oito fábricas iguais pelo Brasil.

Além dessas obras estruturantes, queremos sensibilizar o Governo Federal a construir um grande programa que consiste basicamente na conversão de redes de distribuição monofásicas para trifásicas em áreas rurais. O Lula foi o pai do ‘Luz Para Todos’, mas com esse novo programa o governo daria ainda mais qualidade para a população que vive no campo. Existe uma grande demanda de pequenos, médios e grandes produtores, que possuem grandes maquinários e equipamentos. Então, tenho articulado bastante para levar ao presidente Lula a criação desse programa.


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