Olarte pode manter Instituto Mirim se atual diretoria permitir intervenção
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Projeto de lei proposto pelo prefeito Gilmar Olarte (PP) pode não sair do papel, caso associados do Instituto Mirim concordem em alterar o estatuto e permitir intervenção do Executivo na escolha de sua diretoria. A medida tem apoio da base e oposição na Câmara Municipal.
De acordo com o líder do prefeito, Edil Albuquerque (PMDB), o movimento visa recuperar a instituição para administração pública, sob a tutela do prefeito e da primeira dama do município. Caso a tentativa seja frustrada, no entanto, não se descarta criar uma fundação de R$ 8 milhões para dar sequencia ao trabalho de formação e encaminhamento ao mercado de trabalho de adolescentes e jovens. “O prefeito tem mais moral para indicar a necessidade de contratações pelas empresas”.
José Chadid (sem partido) considera que a fundação será prejudicial ao mirins, ao se considerar existência de outros convênios de financiamento das ações que não são do município. A mudança no estatuto, conforme o vereador, garantiria assim a “preservação da entidade e fim da politicagem” em torno de seu comando. O prazo de intervenção do gestor público também cessaria com o término de seu mandato.
Para Thaís Helena (PT), a expectativa é de que até eleição da nova diretoria, prevista para 15 de abril, a situação seja pacificada. Isso porque acordo quanto a mudança no estatuto pode ser consolidado, na sexta-feira (10), em conjunto com o promotor da Vara da Infância, Adolescência e Juventude, Sérgio Harfouche.
“A reunião na sexta-feira deve ser para reformulação do estatuto e aprovação da prestação de contas. O promotor também entende ser necessário que o Instituto seja ligado a prefeitura e para que os jovens não sofram mais desgaste emocional no futuro”, disse a petista.
Crise – O Instituto Mirim vive crise administrativa, incluindo greve de professores que exigem a saída de Mozania Ferreira Campos do comando da entidade. Dentre as acusações estão fraude na eleição da diretoria, em 2013, além de perseguição e assédio moral negados pela mesma.
Disputa política também se instalou quando Olarte assumiu a prefeitura e foi percebido que praticamente toda a direção era vinculada ao ex-prefeito Alcides Bernal (PP). Estes teriam sido beneficiados por mudança no estatuto que desvinculou participação da prefeitura no comando do instituto, que desde 2009 opera como uma ONG (Organização Não-Governamental).
No final do ano passado, Olarte chegou a exigir a renúncia da atual direção, para que fosse renovado o contrato com a prefeitura com alegação de que esta não prestava contas dos repasses realizados pelo município, que cede prédios e professores para as atividades.