Para Delcídio, governo vai controlar CPI do Cachoeira com mão de ferro
“O governo vai agir buscando controlar todos os passos da Comissão Parlamentar de Inquérito”
Suplente do bloco governista na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Cachoeira, o senador Delcídio Amaral (PT) prevê que o Governo Federal vai atuar com mão de ferro.
“O governo vai agir buscando controlar todos os passos da Comissão Parlamentar de Inquérito. Restringir as investigações ao que os procuradores e a Polícia Federal já levantaram sobre Carlinhos Cachoeira”, afirma o senador.
Para Delcídio, o governo quer controlar a agenda da comissão e restringir à operação Monte Carlo. O cerco é para evitar que as denúncias ganhem, ainda, maior proporção, como por exemplo as suspeitas de que as irregularidades também envolveriam o governo do Rio de Janeiro.
Um dos alvos é a Delta Construções, suspeita de e irrigar o esquema de jogo ilegal liderado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A empresa tem obras por todo o país.
Com 16 senadores e 16 deputados, a CPMI foi instalada no dia 25 de abril. Conforme o cronograma, Cachoeira, que está preso desde fevereiro, será ouvido no dia 15 de maio.
No dia 29, Cláudio Abreu, ex-diretor da Construtora Delta no Centro Oeste, prestará depoimento. Já o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que é suspeito de fazer tráfico de influência para Cachoeira, vai depor no dia 31.
A comissão aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Cachoeira desde o dia 1° de janeiro de 2002. A CPI investiga o envolvimento de Cachoeira e de seu esquema criminoso com políticos e empresários.
Laranja em Dourados - Conforme denúncias, um dos laranjas da Delta, no esquema com Cachoeira, mora em Dourados. A empreiteira é suspeita de montar uma rede para lavar dinheiro numa triangulação com outra construtora, a Alberto e Pantoja Construções e Transporte Ltda.
Dentre os principais destinatários do dinheiro do esquema está Pedro Batistoti Júnior, tecnólogo e ex-funcionário da Delta no Estado. Laudos da PF atestam que ele teria recebido R$ 300 mil. Ele nega a acusação.
Malha fina - Fiscalizações da CGU (Controladoria Geral da União) apontam uma série de irregularidades em obras de R$13,8 milhões realizadas pela Delta Construções S/A em rodovias federais de Mato Grosso do Sul.
No Estado, três contratos caíram na “malha fina” da Controladoria. O de maior valor foi firmado para manutenção de 126 quilômetros na BR-163.
No contrato de R$ 9,5 milhões, a CGU encontrou três irregularidades: ponte com guarda-corpo danificado, pista de rolamento em condições inadequadas e preenchimento incompleto do Diário de Obras.
Já no contrato para conservação entre os quilômetros 556 e 601 da BR-262, o órgão considerou a fiscalização insatisfatória, pois o “preposto responsável por informar o andamento da obra para o engenheiro fiscal do Dnit mantém vínculo empregatício com a empresa executora”. O valor da obra de R$ 896 mil.
Também foi apontado irregularidade no contrato de conservação da BR-267, cujo valor foi de R$ 3,5 milhões. A CGU considerou que os serviços de conservação são insuficientes para manter o trecho contratado num nível satisfatório de trafegabilidade e segurança, sendo identificados diversos pontos com a incidência de defeito. Além de classificar a fiscalização realizada pelo Dnit como insatisfatória.
Os contratos entre 2007 e 2010 foram executados na gestão de Marcelo Miranda, que foi demitido em janeiro do comando da Superintendência do Dnit de Mato Grosso do Sul após denúncias de irregularidades. Desde então, o órgão federal é administrado de forma interina por Antônio Carlos Nogueira
Vencedora – Em março deste ano, em meio à suspensão dos editais de licitação no Dnit de Mato Grosso do Sul, a Delta venceu o certame para recuperação de 108,3 km da BR-163.
A empreiteira apresentou a terceira melhor proposta, no valor de R$ 30,9 milhões, mas as outras duas empresas foram desclassificadas por não atenderem critérios do edital.
A licitação, na modalidade menor preço, tinha o valor máximo de R$ 35 milhões. A CCM - Construtora Centro Minas Ltda, que apresentou o menor valor (R$ 27 milhões), recorreu de forma administrativa, mas teve o recurso negado.