Prefeita renomeia outro parente de conselheiro afastado do TCE
Ronaldo Chadid Junior já exercia o cargo de contencioso tributário há dois anos e um mês
A prefeita Adriane Lopes (Patri) renomeou o advogado Ronaldo Chadid Júnior para o cargo em comissão na PGM (Procuradoria-Geral do Município), na sexta-feira (13). A publicação em edição extra do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) garante a recondução do servidor no setor tributário da Capital, função que já exerce há dois anos e um mês.
O pai dele, Ronaldo Chadid, é um dos conselheiros do TCE (Tribunal de Contas do Estado) afastados do cargo por 180 dias. O órgão fiscaliza as contas das prefeituras.
Hoje, Ronaldo Chadid é monitorado por tornozeleira eletrônica por suspeita de corrupção após investigação da Operação Terceirização de Ouro, denominação da 2ª fase da Mineração de Ouro.
Nesta segunda-feira (16), ele estava trabalhando normalmente na GATEF (Gerência de Ações Tributárias e Econômico Financeiras) da PGM. Questionado sobre a recondução ao cargo, depois da suspensão do pai, Júnior disse que “não queria se manifestar sobre o assunto”. Como assessor executivo I e DCA-2, vai assegurar um salário mensal bruto de R$ 12.118,68.
Conforme a descrição profissional dele nas redes sociais, Chadid Junior é formado como bacharel em direito pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Paraná em 2019 e pós-graduado em direito empresarial pela FGV Direito de São Paulo. Atualmente é secretário-geral da Comissão de Direito Aeronáutico da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil seccional de Mato Grosso do Sul).
Na prefeitura, ele trabalha como contencioso tributário, profissional responsável por garantir o correto cumprimento das obrigações tributárias e elaborar planejamentos tributários.
Parentesco – Este é o segundo parente de investigado da operação do STJ (Superior Tribunal de Justiça) nomeado pela prefeita Adriane Lopes. Após passar o ‘facão’ nos comissionados no início deste ano, ela tem publicado os novos nomes em várias publicações do Diogrande. A meta é formar o próprio time, com a ‘cara dela’, para administrar Campo Grande nos próximos dois anos de mandato que restam.
Na semana passada, Adriane nomeou a irmã do conselheiro do TCE, Waldir Neves. Ele também é investigado pelos crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa na corte fiscal. Sidonia Neves Barbosa foi uma das primeiras comissionadas renomeadas na prefeitura.
Recontratada para o cargo de assessora executiva II, símbolo DCA-3, na Secretaria Municipal de Gestão, ela tem salário de R$ R$ 9.567,09, conforme o Portal da Transparência. A contratação dela teve repercussão quando foi contratada pela primeira vez pelo então prefeito da Capital, Alcides Bernal (PP).
Na época, em 2013, Sidonia foi nomeada como assessora especial e tinha salário de R$ 4.990,00. A irmã de Waldir Neves recebia antes dessa promoção a remuneração básica de R$ 1.514,12, com acréscimo da verba de gratificação de representação de até 80% do vencimento referente ao cargo de Assessor Técnico II.
A irmã do conselheiro afastado do Tribunal por suspeita de lavagem de dinheiro voltou à prefeitura em decreto assinado pela prefeita, que disse enxugar a máquina pública em 20% na contratação de comissionados.
Terceirização de Ouro – Ronaldo Chadid e Waldir Neves foram afastados do TCE-MS em dezembro do ano passado e seguem sendo monitorado por tornozeleira eletrônica após a operação “Terceirização de Ouro”. Eles são suspeitos de participar de um esquema de lavagem de dinheiro. O alerta veio após a identificação de “assombrosa” valorização de suas fazendas no Maranhão, que passaram de R$ 347 mil para R$ 6,6 milhões, diferença de 1.798%.