Prefeito de SP, Bruno Covas, morre de câncer aos 41 anos
Ele lutava contra a doença desde outubro de 2019 e não resistiu das complicações após ser internado no dia 2
Morreu na manhã deste domingo (16) o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB, aos 41 anos. Ele lutava contra um câncer na cárdia, uma válvula entre o esôfago e o estômago desde outubro de 2019. Covas estava internado desde o dia 2 de maio no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Na data ele pediu licença da prefeitura e deixou o cargo para o vice-prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Na última sexta-feira (14) o boletim médico do prefeito declarou que o estado de saúde de Covas era irreversível. O prefeito foi internado após reclamar de dores e fraqueza. Os médicos descobriram que ele tinha uma hemorragia no estômago, no lugar de um dos tumores, o que causou anemia, e o colocaram por dois dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Apesar do quadro grave de saúde, o prefeito sempre mostrou otimismo com seu tratamento. Ele deixa um filho, Thomaz, de 15 anos. Covas era separado da mãe do garoto, a economista Karen Ichiba de Oliveira desde 2014.
História - Bruno Covas é neto do ex-governador Mário Covas. Desde os 15 anos ele deixou a casa dos pais em Santos para viver no Palácio dos Bandeirantes, junto com o avô. Foram seis anos como espectador privilegiado das decisões sobre os rumos do estado.
Com 17 anos se filiou ao PSDB. Cursou direito na USP e economia na PUC-SP. Sua primeira eleição foi em 2001, como vice-prefeito de Santos, na chapa encabeçada por Raul Christiano (PSDB). Acabaram em quarto lugar.
A primeira vitória veio em 2006, quando tentou candidatura a deputado estadual. Foi eleito com 122,3 mil votos. Assumiu o mandato aos 20 anos. Impulsionado pelo sobrenome, não teve dificuldade para se reeleger em 2010. Foi o mais votado, com 239 mil votos.
No ano seguinte, Geraldo Alckmin, o sucessor de seu avô no governo paulista, o convidou para assumir a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. No posto, Bruno conseguiu consolidar o seu grupo político e passou a exercer papel de destaque no controle do diretório paulistano do PSDB.
Em 2014, decidiu se arriscar em Brasília. Foi o quarto deputado federal paulista mais votado, com 352.708 votos. Votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
No mesmo ano, chegou a se inscrever para disputar as prévias tucanas que escolheriam o candidato a prefeito de São Paulo. Mas acabou desistindo para apoiar João Doria, que venceu a eleição no primeiro turno e nomeou Bruno secretário das Subprefeituras.
Dez meses depois, diante das críticas sobre o serviço de zeladoria da cidade, tirou o vice do posto e transferiu Covas para a Secretaria de Governo, pasta com função exclusivamente de articulação política.
Seis meses depois de ser tirado da Secretaria das Subprefeituras, Covas herdou a prefeitura de Doria, que renunciou ao comando da cidade para concorrer ao governo do estado. Bruno assumiu o mesmo cargo que havia sido ocupado por seu avô entre 1983 e 1985.
Desde que foi diagnosticado com câncer, o prefeito decidiu divulgar à imprensa todas as fases do tratamento. Ele chegou a se licenciar do cargo para os tratamentos, mas conseguiu manter o plano de se candidatar à reeleição em 2020.
Quando tinha que se internar para fazer as sessões de tratamento, Covas despachava do hospital. Participava de reuniões virtuais e usava um certificado digital num tablet para poder assinar atos e decretos.
Antes de entrar na campanha, teve que administrar a pandemia do novo coronavírus. As medidas adotadas pela prefeitura, uma contraposição à postura negacionista do governo Jair Bolsonaro, deram projeção a Bruno Covas. Em março de 2020, o prefeito chegou a se mudar para morar no gabinete da prefeitura, no centro de São Paulo.
O tucano foi ao segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL) e se elegeu sem dificuldade, com 59,38% dos votos válidos. A vitória alçou Bruno Covas ao posto de liderança política nacional.