Quadrilha que fraudava fundos de pensão manteve contato com Bernal
A quadrilha que fraudava fundos de pensão, comandada pelo doleiro Fayed Antoine Trabousi, manteve contatos com o atual prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP). A intenção, conforme relatório da Polícia Federal (PF), seria aplicar recursos do Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande para fundos controlados pela quadrilha.
O grupo, conforme a Operação Miqueias, da Polícia Federal, teria desviado R$ 50 milhões dos fundos de previdência em nove estados. Em Mato Grosso do Sul, duas cidades foram alvo da operação, Ponta Porã e Porto Murtinho.
Em pedido de medida cautelar feito pela PF ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, para busca e apreensão de nº 0042276-27.2013.4.01.0000/DF, a delegada Andréa Pinho Albuquerque faz uma síntese histórica dos fatos e revela uma interceptação telefônica em que é revelado que Fayed já tinha mantido contato com Bernal em Brasília, antes mesmo dele tomar posse.
Na conversa telefônica, gravada em 21 de novembro de 2012, Fayed fala com um interlocutor identificado apenas como “NH” sobre Bernal. Em trecho da gravação, “NH” tenta convencer o doleiro a ligar para Bernal e marcar outro encontro, aproveitando a ida do progressista a Brasília.
Em 31 de janeiro deste ano foi instaurado na Superintendência da PF do Distrito Federal o inquérito policial 148/2013, atendendo a ofício do Ministério da Previdência Social comunicando “irregularidades envolvendo aplicações realizadas por diversos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) em fundos de investimentos de crédito privado”. Segundo a PF, “tais aplicações teriam por objetivo final desviar recursos dos institutos de previdência, á medida que eles investiriam em fundos não-rentáveis a longo prazo, causando sérios prejuízos ao patrimônio dos Regimes Próprios (RPPS) dos servidores públicos”.
Veja trecho da degravação em que Fayed admite que já teve conversas com Bernal:
— Deixa eu lhe dizer: amanhã quem vai estar aqui é o Bernal lá de Campo Grande. Já teve com ele, né? — diz um homem não identificado no grampo feito pela PF.
— Já sim. Eu já estive conversando da outra vez com ele. Mas eu tô indo para São Paulo às 8 horas da manhã e volto às 2 horas da tarde — respondeu o doleiro Fayed.
— Eu acho assim. Se você tiver um tempinho, à noite, eu acho que vale a pena convidá-lo para ter uma conversa social, tá? — sugeriu o interlocutor.
— Amanhã eu vou te ligar assim que eu chegar aqui em Brasília para você ou fazer contato com ele ou me dar o telefone dele para mim falar com ele, tá? — diz o doleiro
— Eu vou te passar logo o telefone dele porque um convite seu é diferente, viu?