Reeleição de deputados é tratada como prioridade em partidos de MS
Em geral, principais partidos do Estado tendem a seguir orientação de cúpulas nacionais e apostar em candidatos com maior potencial; nomes com mandato largam na frente
Boa parte dos partidos políticos em Mato Grosso do Sul pretende priorizar os parlamentares com mandato na distribuição de recursos para suas campanhas neste ano. O método segue orientações das cúpulas nacionais das agremiações, que pretendem, antes de meramente ampliar seus espaços nos Legislativos, preservar os que foram conquistados na eleição de 2014.
Consultadas pela reportagem, diretamente ou via assessoria, as direções regionais de DEM e PT confirmaram a intenção de depositarem suas expectativas em candidaturas proporcionais nos políticos que já exercem mandato. Entre os democratas, por exemplo, o presidente regional, Murilo Zauith, garante que os deputados federais Tereza Cristina e Luiz Henrique Mandetta terão voz ativa até na definição de recursos na briga por vagas rumo à Assembleia Legislativa –onde a garantia de novos mandatos para José Carlos Barbosa e Zé Teixeira também é tratada como prioritária.
“Caberá aos deputados federais administrarem os recursos de campanha, quanto cada candidato (a estadual) deve ter no Estado”, afirmou Zauith, reforçando que Barbosinha e Teixeira também terão atenção dos candidatos ao Congresso e do partido. A decisão vai ao encontro da interpretação de que os candidatos a deputado estadual são, também, “cabos eleitorais” dos federais –com alguns tendo maior densidade eleitoral e, por consequência, convertendo mais votos.
A decisão se alinha a deliberações das cúpulas nacionais de partidos quanto ao investimento em candidaturas. Reportagem do G1 veiculada nesta segunda-feira (17) aponta que os cinco maiores partidos da Câmara –MDB, PSDB, PT, PP e PSB– determinaram às suas regionais que enfatizem as campanhas de candidatos que já têm mandato.
O Diretório Regional do PT de Mato Grosso do Sul confirmou, por meio da assessoria do seu presidente, o deputado federal Zeca do PT, que as candidaturas de candidatos com mandato terão prioridade. Zeca deve disputar o Senado nas eleições deste ano. Já o deputado federal Vander Loubet e os estaduais Amarildo Cruz, Cabo Almi, João Grandão e Pedro Kemp devem tentar renovar seus mandatos.
Já o Diretório Regional do PSDB disse aguardar um posicionamento oficial da cúpula nacional tucana antes de deliberar sobre a injeção de recursos em candidaturas. Ao G1, o tesoureiro nacional do partido, deputado federal Silvio Torres (SP) informou que “certamente” candidatos que têm mandato terão mais recursos do que aqueles que não se mostrarem viáveis. Além disso, destacou que a bancada no Congresso pede prioridade e, como eles compõem o fundo partidário, devem ser atendidos.
Procurada pela reportagem, a cúpula do MDB não se manifestou até o fechamento desta edição. Presidente da FUG (Fundação Ulysses Guimarães), o ministro Moreira Franco (Minas e Energia) já havia confirmado à imprensa nacional que candidatos com mais chances terão prioridade na partilha –e que, nesta corrida, aqueles com mandato terão prioridade.
O MDB contava apenas com o deputado federal Carlos Marun na Câmara, que não disputará a reeleição –ele assumiu a Secretaria de Governo da Presidência da República, sendo substituído por Fábio Trad (que se filiou ao PSD). Na Assembleia Legislativa, porém, são oito deputados.
Processo – A rigor, ao se priorizar candidatos com mandato, os partidos estariam abrindo mão da renovação. O movimento, porém, é avaliado como natural pelo cientista político Tito Carlos Machado. “A renovação sempre vem de forma paulatina. No Brasil nunca houve uma renovação abrupta”, afirmou.
Segundo ele, é esperado que haja alterações na composição de bancadas. Contudo, “os partidos sempre apostam naqueles quadros que já estão estabelecidos, e por uma questão lógica. Essas pessoas com mandato têm um nível de influência no partido maior que antes e que tende a resultar em votos em eleições futuras”, considerou Tito.
Segundo ele, levando-se em conta o histórico nacional, uma renovação de 20% a 25% dos mandatos já pode ser considerada “extraordinária”. Machado lembra que, há 30 anos, há trocas de ocupantes de cargos.