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Política

Sesai investe na sua estruturação e diz que “saúde indígena” é para depois

Zemil Rocha e Bruno Chaves | 03/10/2013 17:27
Nelson Olazar prestando depoimento na CPI da Saúde da Assembleia (Foto: Gleice Carpi)
Nelson Olazar prestando depoimento na CPI da Saúde da Assembleia (Foto: Gleice Carpi)

Em depoimento esta tarde na CPI da Saúde, o coordenador da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai/MS), Nelson Carmelo Olazar, defendeu a necessidade de se investir mais fortemente na estruturação do órgão, que foi criado por um decreto federal em 2010, mas só foi efetivamente implantado em Mato Grosso do Sul em 2012. “Antes de se falar de saúde indígena tem de mexer na estrutura da Sesai”, defendeu Olazar, explicando que sem isso nem se consegue chegar às aldeias.

Quando foi criada a Sesai, a partir de desmembramento da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), segundo Olazar, algumas necessidades dos indígenas antes facilmente atendidas ficaram sem condições de execução. Deu como exemplo o fato de a Funasa ter estrutura de equipamentos e pessoal para perfurar poços, o que não foi repassado para a Sesai. “Se uma aldeia precisava, a Funasa já tinha equipamento para fornecer água potável para os indígenas. A Sesai não tem”, citou.

Para ele, é preciso investir em recursos homunos e materias para depois a Sesai ter condições de atender diretamente a saúde dos indígenas. “É necessário mexer na área meio”, reafirmou o dirigente. “Antes de mexer com benefícios palpáveis, é necessário mexer na parte estrutural da secretaria”, insistiu.

A posição de Olazar tem sido aplicada na prática. Do orçamento de R$ 21 milhões para este ano no Estado, R$ 13 milhões foram investidos na área meio. Além desse dinheiro, conforme o dirigente, há mais R$ 30 milhões para contratação de recursos humanos por meio de convênio entre Sesai e a Missão Evangélica Caiuá. “Já estamos fazendo negociação para que façam concursos públicos”, anunciou.

Outro problema enfrentado pela Sesai, de acordo com Olazar, é a falta de veículos. Os que ficam nas aldeias rodam até 15 mil km por mês e o desgaste é muito rápido, acabando por ficar parados por meses para manutenção. “Temos dificuldade de transporte dos pacientes”, confessou.

Nos 15 polos base no Estado, a Sesai faz trabalho de atenção básica, com a presença de médico, nutricionista, assistente social e psicólogo nas aldeias. “Se percebem necessidade de atendimento, fazem encaminhamento para saúde do município”, explicou. “Por isso é uma gestão compartilhada. O primeiro atendimento é feito pela Sesai”, acrescentou.

Atualmente existem 72 mil índios no Estado distribuídos por 29 pequenos municípios, com até 20 mil habitantes. São 75 aldeias e 20 acampamentos, que são consideradas áreas retomadas. Nelson Olazar reclamou que os índios não entendem que a Sesai precisa agir de acordo com cronograma fixado em lei, enfrentando dificuldade em atender a demanda.

Contrapondo-se a ele, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Fernando de Souza Terena, disse que o mais importante é o atendimento da área fim. “Queremos que o dinheiro seja investido na compra de medicamentos, insumos, na saúde em si”, defendeu. Para exemplificar, disse que a Sesai estava investindo R$ 2 milhões na contratação de uma empresa que iria controlar o gasto de combustíveis. “Isso para gente vai significar o que?”, questionou. “A gente quer medicamento, alimento”, finalizou.

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