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Política

Só quem perdeu pela diferença de 40 eleitores sabe o poder de cada voto

Abstenção foi altíssima em Campo Grande no 1º turno: 25,50%, índice que poderia alterar muitos resultados

Por Aline dos Santos e Jhefferson Gamarra | 09/10/2024 14:58
Candidato a vereador Júlio do Campo Nobre cumprimentando eleitores (Foto: Divulgação)
Candidato a vereador Júlio do Campo Nobre cumprimentando eleitores (Foto: Divulgação)

A máxima de que cada voto importa numa eleição fica clara no “placar” do primeiro turno de 2024 em Campo Grande. Na disputa de vereador, apenas 40 votos fizeram a diferença entre ser eleito para uma vaga na Câmara Municipal ou ficar de fora. No interior, o candidato Odair Pereira (PL) perdeu a prefeitura por 4 votos em Jateí.

Por aqui, com 3.244 votos, o vereador Ronilço Guerreiro (Podemos) foi reeleito, enquanto Júlio do Campo Nobre (Podemos), com 40 votos a menos (3.204) é suplente.

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O candidato, que por pouco não virou vereador, não escondeu a frustração de perder a vaga. Ele, que é tesoureiro da UEFA-MS (União Esportiva de Futebol Amador de Mato Grosso do Sul), comparou a quantidade de votos com uma partida de futebol, que com pouco mais de dois times completos resolveria a eleição.

"Como que dói, né? 40 votos. A gente que mexe com o esporte, envolvido da Liga Terrão, fala que é praticamente é uma partida de futebol com as equipes, uma de cada lado com 20 atletas. Mas sabemos que a política não tem esse contexto. É uma questão de convencimento. Rodei 45 dias em busca desses votos empenhados, dedicados, a minha Brasília amarela não parou momento algum, mas um detalhezinho faltou para a gente poder concretizar esse objetivo", lamentou o candidato.

Situação parecida acontece no comparativo entre o vereador Otávio Trad (PSD) e a subtenente Edilaine Mansueto (PSD). A diferença foi de 79 votos. Otávio foi reeleito com 2.426 votos. A candidata recebeu 2.347 e é suplente.

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No primeiro turno, a abstenção foi altíssima em Campo Grande: 25,50% do eleitorado não votou, total equivalente a 164.799 pessoas. O número é maior do que os resultados das candidatas que disputam o segundo turno para a prefeitura.

Adriane Lopes (PP) obteve 31,67%, somando 140.897 votos válidos, enquanto Rose Modesto (União Brasil) conquistou 29,56% (131.509 votos).

O total de faltantes em 2024 foi maior do que a abstenção na eleição de 2020, marcada pelo medo da pandemia. O resultado foi de 25,14%, quase 6 pontos percentuais maior do que nas eleições municipais de 2016.

Número enorme de eleitores em abertura da votação no último domingo. (Foto: Paulo Francis)
Número enorme de eleitores em abertura da votação no último domingo. (Foto: Paulo Francis)

Cientistas políticos ouvidos pelo Campo Grande News confirmam que, em eleições com um número elevado de candidatos, cada voto conta, podendo ser a diferença entre a vitória e a derrota.

Os especialistas concordam que é fundamental aumentar a conscientização sobre a importância do voto, especialmente entre os jovens, para garantir que cada cidadão compreenda seu papel na construção de um futuro político mais representativo e eficaz.

Daniel Miranda, cientista político, observa que, apesar da obrigatoriedade do voto, muitos eleitores se sentem desmotivados a comparecer às urnas. “As campanhas estão cientes disso e buscam alcançar o maior número possível de eleitores”, afirma. Ele acrescenta que estratégias como reuniões presenciais e comícios são essenciais para mobilizar a população.

Miranda também ressalta que a obrigatoriedade do voto na lei não se traduz na prática. “Desde que o eleitor justifique posteriormente e mantenha regularidade na Justiça Eleitoral, ele não enfrenta grandes prejuízos. Assim, o voto já é 'voluntário' em certa medida”, explica.

Tercio Albuquerque, também cientista político, destaca a falta de informação entre os eleitores mais jovens sobre a importância de votar. “A necessidade de que os candidatos criem um ambiente de propostas e enfatizem a relevância de cada voto é evidente”, adverte.

Mariana, de 18 anos, que não perdeu o direito ao voto no dia 6 de outubro. (Foto: Marcos Maluf)
Mariana, de 18 anos, que não perdeu o direito ao voto no dia 6 de outubro. (Foto: Marcos Maluf)

Ele também alerta para a desilusão com a classe política, que afasta muitos da participação eleitoral: “Vivemos dias de descrédito nos políticos, mas a política é um elemento do dia a dia de todos nós. Precisamos urgentemente de campanhas de conscientização sobre a importância do voto”.

Albuquerque critica a abordagem de muitos candidatos, que focam em atacar os adversários em vez de apresentar propostas claras. “Essa desilusão com os políticos gera a falsa ideia de que, ao não votar, o eleitor não tem responsabilidade sobre a gestão que será implementada. Ao se abster, ele se nega a fiscalizar e, mais importante, a exercer seu poder como cidadão”, enfatiza.

Mesmo com o voto obrigatório, a taxa de abstenção é preocupante e Albuquerque questiona o que ocorreria se o voto não fosse obrigatório: “Teríamos candidatos eleitos com um mínimo de votos, dada a abstenção resultante da falta de interesse pelos candidatos.”

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