ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 29º

Política

Soraya e vice de Simone tiveram R$ 114 milhões do orçamento secreto

Segundo apuração do Estadão, verba beneficiou redutos eleitorais de senadoras

Jéssica Benitez | 30/08/2022 17:03
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Soraya durante o debate presidencial do último domingo (Foto Estadão)
Soraya durante o debate presidencial do último domingo (Foto Estadão)

Em três anos a senadora sul-mato-grossense e candidata à Presidência da República, Soraya Thronike (União Brasil), teve R$ 95,2 milhões em emendas secretas a favor de seu mandato. Já Mara Gabrilli, integrante da bancada do PSDB paulista no Senado e candidata a vice-presidente ao lado de Simone Tebet (MDB), manipulou R$ 19,2 milhões da mesma forma só em 2020, segundo apurou o jornal Estadão.

No mesmo ano, Soraya indicou quase R$ 8 milhões, de acordo com ofícios fornecidos pelo gabinete da senadora após o STF (Supremo Tribunal Federal) exigir transparência nos tramites das emendas. Em 2021 o montante passou para R$ 45,6 milhões e de janeiro a agosto deste ano a parlamentar foi beneficiada com R$ 41,7 milhões.

Segundo informações prestadas à Corte, a senadora destinou recursos para manutenção de unidades de saúde, recuperação de vias públicas e pavimentação asfáltica, tudo, segundo ela, veio para Mato Grosso do Sul. Após divulgação dos valores, Soraya argumentou que não se trata de orçamento secreto, uma vez que ela mesma deu publicidade aos fatos.

No entanto, as emendas consideradas inclusas no processo tido como obscuro por falta de transparência, envolvem valores maiores do que as emendas de praxe e não trazem mecanismo de controle, já que o acesso é praticamente nulo.

Para se ter ideia, caso o cidadão queira conferir as cifras obtidas pela senadora, tem que averiguar milhares de páginas de documentos que foram enviados ao STF. Mesmo assim sem clareza sobre os critérios para a escolha dos municípios. Desta forma, a destinação pode ter sido feita para seu curral eleitoral, principalmente por se tratar de ano de eleição.

“Minhas emendas foram destinadas 100% ao meu Estado, e todas foram anunciadas. De secreto, NADA! Quem cobre os passos dos parlamentares com responsabilidade sabe disso. Para quem não, estou republicando. Meu MS está cansado de ser deixado para trás, e eu o ajudarei com tudo o que for possível”, escreveu Soraya no dia 13 de maio em suas redes sociais.

Municípios – Ainda segundo levantamento feito pelo Estadão, em dois anos Dourados, segunda maior cidade do estado, recebeu R$ 9,4 milhões em emendas secretas por parte de Soraya. Por lá, ele obteve maior votação em 2018 quando estreou na política e foi eleita de carona na onda bolsonarista.

Em 2022 a senadora destinou R$ 3 milhões a Aparecida do Taboado, sendo que R$ 2,9 milhões foram “empenhados” em julho, ou seja, estão engatilhados para pagamento, mas só o serão depois de as obras serem concluídas. Assim é possível falar sobre as melhorias mesmo antes de tê-las de fato, mecanismo muito usado em época de eleição.

Gabrilli, por sua vez, indicou 19,2 milhões em 2020, de acordo com documentos enviados ao STF. A senadora tucana enviou as verbas para 19 municípios, irrigando os redutos eleitorais com recursos para postos de saúde e hospitais.

A vice de Simone afirmou que as emendas que apadrinhou foram destinadas para saúde, educação e inclusão social no auge da pandemia de covid-19 e reiterou em nota que “Simone e Mara, ambas senadoras, dividem o mesmo posicionamento sobre a gravidade que é permitir as emendas de relator e seu mau uso político”.

Entenda – O orçamento secreto consiste na liberação de verbas federais para deputados e senadores sem transparência. Não é possível saber quais parlamentares o governo atendeu e quais foram os critérios para o pagamento a não ser que eles queiram informar. O esquema começou a funcionar em 2020, com R$ 20,1 bilhões, e chega a R$ 16,5 bilhões neste ano, período de eleições. O presidente Jair Bolsonaro diz ter vetado o pagamento das chamadas emendas do relator, mas lembra que o Congresso depois derrubou a decisão.

Nos siga no Google Notícias