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Política

Supersecretário falta e Câmara cancela audiência e convoca Bernal

Zemil Rocha | 19/03/2013 16:10
Mario: Bernal vai "responder" por seus secretários (Foto: Vanderlei Aparecido)
Mario: Bernal vai "responder" por seus secretários (Foto: Vanderlei Aparecido)

O prefeito Alcides Bernal (PP) deve ser o primeiro chefe do Executivo de Campo Grande a ser convocado para prestar esclarecimentos sobre finanças públicas na Câmara. Sentindo-se desrespeitados pela decisão do supersecretário de Receita e de Governo, Gustavo Freire, os vereadores cancelaram a audiência, que seria realizada no Plenário Edroim Reverdito, na sede do Legislativo Municipal, e avisaram que vão votar durante a próxima sessão, amanhã, a convocação de Bernal.

A reunião foi tensa e chegou a haver discussão entre o líder do prefeito na Câmara, vereador Marcos Alex Azevedo de Melo, o Alex do PT, e o presidente da Câmara, Mario Cesar (PMDB). “Vou judicializar essa questão. A maioria quer massacrar a minoria aqui na Câmara”, reclamou Alex. “Vou entrar com mandado de segurança na Justiça”, anunciou. Em contraposição, Mario Cesar respondeu: “Também vou tomar minhas providências judiciais”.

Diante do acirramento de ânimos, Mario Cesar chegou a virar as costas para Alex, mas voltou em seguida, continuando o tenso diálogo. Em seguida, a discussão de Alex passou a ser com a presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara, Grazielle Machado (PR), e o vereador Elizeu Dionísio (PSD).

Ao saber que havia risco de convocação do prefeito, antes das discussões com os outros vereadores, o líder de Bernal na Câmara tentou trazer o secretário de Receita, Gustavo Freire. Mas a decisão de encerrar a reunião foi rapidamente tomada pelos vereadores, não havendo tempo para Freire chegar na sede do Legislativo Municipal.

“O secretário Freire está vindo, vamos esperá-lo”, sugeriu Alex do PT. Ouviu, em contraposição, a afirmação de Grazielle Machado: “Temos documentos que provam que ele não viria para a reunião”. Referia-se a um ofício enviado por Freire, alegando que o assunto a ser tratado na audiência não dizia respeito à pasta dele, visto que cuida da arrecadação tributária. “Foi oficiado e não veio”, confirmou Dionízio.

O presidente da Câmara, Mario Cesar, observou que a convocação do prefeito ocorrerá diante da “falta de respeito” do Executivo Municipal, que não tem participado, com seus secretários, de audiências e nem respondido requerimentos. “Até hoje nunca nenhum secretário participou de nossas reuniões”, lembrou Mario Cesar. “Agora vamos convocar o prefeito para que responda pelos seus secretários”, emendou.

Indagado se há risco de cassação do prefeito Alcides Bernal, o presidente da Câmara declarou: “Não por esse motivo, da convocação, mas pode ter desdobramentos”.

Alex do PT chegou a dizer, com o cancelamento da reunião desta tarde, que os colegas estavam “executado um golpe”, já que nem sequer permitiram que o secretário de Planejamento e Finanças, que lá esteva, falasse sobre os questionamentos dos vereadores sobre a lei do reajuste de 22% dos professores da Capital e os remanejamentos de verbas orçamentárias, que já somam mais de R$ 20 milhões.

Ofensiva - Hoje, os vereadores aprovaram uma moção de repúdio contra o prefeito, por 17 votos a oito. Eles reagiram às críticas feitas por Bernal em programas de rádio, nos quais desdenha dos parlamentares e faz críticas contra os adversários.

Além do legislativo, o prefeito é alvo de vários inquéritos abertos pelo MPE (Ministério Público Estadual). A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público apura sinais de enriquecimento ilícito do prefeito (tendo como base a compra de um apartamento de luxo avaliado em R$ 1,7 milhão), o gasto de valores sem autorização do legislativo municipal e a compra de combustível sem licitação.

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