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Política

TJ vê irregularidade em escuta da Owari e livra vereador e Uemura

Aline dos Santos | 02/08/2011 11:17

“Sou inocente. Não tinha cometido crime nenhum”, diz Gallo

Gallo foi preso em 2009 e denunciado por corrupção.
Gallo foi preso em 2009 e denunciado por corrupção.

O TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) aceitou recurso da defesa do vereador José Odair Gallo (PDT) e do empresário Eduardo Uemura, que foram presos em julho de 2009 pela PF (Polícia Federal), e anulou o processo de corrupção passiva que tramita na Vara Criminal de Naviraí.

“Foram relatados vários atos irregulares no processo de escutas”, afirma o advogado João Arnar. O argumento foi aceito pela 2ª Turma Criminal do TJ/MS.

A denúncia contra Gallo relata que Uemura teria oferecido vantagens ao vereador para que ele intermediasse a escolha e desapropriação de um imóvel para a instalação de um cemitério na cidade.

O empreendimento seria administrado pela empresa Uemura & Cia, de propriedade de Eduardo. O empresário teria condicionado o emprego do irmão de José Odair em sua empresa à conquista do empreendimento em Naviraí.

O grupo Uemura explora serviços funerários em Dourados e Ponta Porã. A família Uemura foi acusada pela PF (Polícia Federal) de manter, por vários anos, um esquema de fraude em licitações para controlar serviços públicos em vários setores.

Para isso, contava com o apoio de servidores e políticos. As fraudes foram alvos da operação Owari (ponto fina em japonês). Em 2009, a ação desmontou o primeiro escalão da prefeitura de Dourados. Ao todo, 42 pessoas foram presas.

Inocência - Nesta terça-feira, o vereador José Gallo repetiu o que afirma desde o dia da prisão. “Sou inocente. Não tinha cometido crime nenhum”, garante.

Segundo ele, a prefeitura de Naviraí tinha anunciado licitação para um novo cemitério da cidade. Conforme o vereador, Eduardo Uemura ligou em busca de informações e que o diálogo não mostra irregularidades.

João Gallo também afirma que não privilegiou o empresário pelo fato de seu irmão trabalhar a funerária que pertence ao grupo Uemura. “Ele trabalha na empresa desse menino, o Eduardo, e ganha uns R$ 600. Não vou me corromper por isso”, afirma.

O vereador relata que a exploração do novo cemitério também era cogitada por empresários de Naviraí e São Paulo. José Gallo ficou preso uma noite na PHAC (Penitenciária Harry Amorim Costa), em Dourados. “Fui preso na frente dos meus dois filhos. Foi um drama”.

Denúncia – Em fevereiro de 2009, já como presidente da Câmara de Naviraí, Gallo conversa com Ângela Camurci, gerente da Pax Primavera, uma das empresas da família Uemura em Dourados.

No diálogo, Ângela pede para Gallo "atrasar um pouco" a licitação porque não tinha conseguido falar com uma pessoa identificada como "Gilberto". Naquele dia ela viajou de Dourados a Naviraí para tratar da licitação, segundo a investigação da PF.

Meia hora depois, Gallo liga para Ângela para informá-la que a licitação será pelo sistema de pregão e que iria falar com "Gilberto" para atrasar o processo. Vinte minutos depois, ela volta a ligar para o presidente da Câmara para reafirmar que não conseguiria chegar no horário, pois ainda estava em Caarapó.

Gallo relatou que estava "tentando segurar", mas tinha ocorrido algum problema. "Quando chegar aí nem vou na funerária, vou direto para o gabinete", disse Ângela. "Vai (sic) direto para o gabinete que o Gilberto está te aguardando", disse Gallo. Ele contou a Ângela que estava na prefeitura, tentando atrasar a abertura da licitação.

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