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Política

Trapalhada no orçamento de Bernal teve até servidor driblando secretário

Zemil Rocha | 28/09/2013 08:54
Bernal ao lado do seu secretário de Planejamento, Ben Hur (Foto: arquivo)
Bernal ao lado do seu secretário de Planejamento, Ben Hur (Foto: arquivo)

A denúncia de trapalhada orçamentária na gestão do prefeito Alcides Bernal (PP), relativo ao envio de duas peças de Orçamento para 2014, feita esta semana pela presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara de Campo Grande, Grazielle Machado (PR), teve um ingrediente de desrespeito à hierarquia funcional. Um técnico promoveu “correções” e juntou anexos no projeto encaminhado aos vereadores pelo secretário de Planejamento, Finanças e Controle, Wanderley Ben Hur, sem este saber das alterações.

Dada a gravidade da situação, Grazielle chegou a fazer um pronunciamento da tribuna da Câmara, jogou um dos projetos de Orçamento no chão e bradou: “Esse orçamento não presta para nada; deve ser levado à fogueira”. A vereadora constatou a existência de duas peças orçamentárias distintas, uma entregue à Mesa da Câmara e outra no gabinete dos vereadores. Além disso, houve equívoco até mesmo no valor global do Orçamento de Campo Grande para o ano que vem. “No Anexo 7 a prefeitura prevê um orçamento de R$ 1,8 bilhão. Já no anexo 8 é apresentado o Orçamento de R$ 2,9 bilhões”, afirmou a republicana.

A duplicidade orçamentária e os erros nos valores foram justificadas pelo secretário Wanderlei Ben Hur como decorrentes de “falhas humanas”, atribuindo parte da culpa pelo problema a um técnico de sua pasta. “Foi entregue no prazo a proposta orçamentária. Depois foi verificado que faltavam alguns anexos e que existiam também erros de soma. Um técnico da Secretaria de Planejamento mandou encadernar o Orçamento com esses anexos e eu não tomei conhecimento e entreguei para cada um dos vereadores”, explicou Ben Hur.

Indagado se aberto algum inquérito ou processo administrativo disciplinar, o secretário respondeu: “Eu conversei com o funcionário e ele assumiu o erro. Estou levando ao conhecimento do prefeito para saber qual vai ser o caminho”. “Esses equívocos geralmente acontecem e são corrigidos. Não existe má–fé”, garantiu o chefe.

Para desfazer o equívoco na Câmara, acabando com a desconfiança de que o objetivo seria enganar os vereadores, o secretário Ben Hur esteve na Câmara na última quinta-feira e levou consigo o funcionário que teria sido responsável pelas correções e inclusões de anexos na peça orçamentária que foi encadernada e distribuída nos gabinetes.

Outra medida adotada por Ben Hur foi determinar à sua equipe que faça uma verificação minunciosa da peça orçamentária a fim de detectar erros apontados pela Câmara. “Estamos fazendo pente fino em todo projeto e vamos mandar ofício à Câmara para consertar isso”, afirmou ele, lembrando, porém, que muitas das correções serão feitas pelo próprio Poder Legislativo através de emendas.

Questionado sobre como foi possível haver anexos do Orçamento com valores globais diferentes, dando a entender que havia duas peças, uma no valor de R$ 1,8 bilhão e outra de R$ 2,9 milhões, o secretário atribuiu a problema de erro de soma. “A divergência decorreu de erro de soma. As receitas e despesas somaram R$ 2,9 bilhões, mas nos anexos as somas estavam com valor discrepante”, afirmou.

Provocado a responder por que tantos erros, já que nas gestões anteriores na Prefeitura de Campo Grande nunca houve notícia de equívocos dessa natureza, o secretário declarou: “Quero crer que seja erro humano, passível de qualquer ser vivo”.

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