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Política

Vereador dá indícios ao Gaeco, mas alega não ter provas contra colegas

Antonio Marques | 19/12/2015 13:44
Vereador Ayrton Araújo é o relator da Comissão de Ética (Foto: Divulgação/Assessoria da Câmara)
Vereador Ayrton Araújo é o relator da Comissão de Ética (Foto: Divulgação/Assessoria da Câmara)

Relator da Comissão de Ética da Câmara Municipal, o vereador Ayrton Araújo (PT) disse, em depoimento como testemunha ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), na Operação Coffee Break, ter sido procurado na véspera da cassação do prefeito, Alcides Bernal (PP), para que ajudasse a cassá-lo. No entanto, na investigação da casa de leis, o parlamentar indica não haver consistências que incriminem seus colegas.

Ao Gaeco, Araújo disse ter sido procurado por "Fabão" e que o mesmo teria tentado “insinuar oferecimento de vantagem” para ele mudar o voto e ajudar a cassar o prefeito. No entanto, nesta semana, com 80% do relatório final da Comissão de Ética em relação ao caso concluso, avalia que “não há consistência nos depoimentos” dos colegas aos promotores.

Com isso, o relator disse que deve pedir o arquivamento dos processos de quebra de decoro dos noves vereadores investigados no suposto esquema de compra de votos para a cassação de Bernal. Depois da repercussão de suas declarações na semana, Ayrton Araújo chegou a declarar que iria esperar receber o relatório final do Gaeco sobre o inquérito da Coffee Break até terça-feira (22) para apresentar seu parecer. Ele alega que não há provas nos documentos analisados para a punição dos colegas.

O Campo Grande News teve acesso ao depoimento de Ayrton Araújo ao Gaeco, concedido no dia 2 de setembro passado, ao promotor Marcos Alex Veras. Durante a oitiva, o vereador contou o desenrolar da abertura da Comissão Processante contra o prefeito, apontando que a situação não era favorável a Bernal desde o momento em que ele deixou de fazer pagamentos a algumas empresas.

Ayrton revelou ao Gaeco que, na véspera da cassação de Bernal, estava com o deputado estadual Cabo Almi (PT) e o mesmo teria recebido uma ligação de uma pessoa pedindo uma reunião com os dois. Disse que a conversa aconteceu na residência do deputado por volta das 22 horas do dia 11 de março de 2014.

O vereador contou que, àquela ocasião, não conhecia a pessoa que queria saber sua posição em relação à votação do dia seguinte, mas que o homem “parecia ser pessoa conhecida” do deputado. Ayrton disse ao promotor que, posteriormente, descobriu se tratar de “Fabão”, Fábio Portela Machinsky.

Ao ser questionado por Fabão sobre sua posição em relação à votação na cassação de Bernal, Ayrton revelou que votaria contra. Diante da resposta, Fabão teria ainda dito que se “houvesse a possibilidade de mudança de voto”, ele levaria o vereador a outra reunião, marcada para aquela noite.

O vereador revelou ao promotor do Gaeco que, em sua percepção pessoal, Fabão “tentou insinuar oferecimento de vantagem, mas que diante da pronta negativa recuou”. Ayrton fez questão de esclarecer que em nenhum momento Cabo Almi interviu na conversa com Fabão.

Dias depois do depoimento, a Câmara criou a Comissão de Ética, por sugestão do MPE (Ministério Público Estadual), para que os nove vereadores investigados na Operção Coffee Break pudessem responder por falta de decoro parlamentar. Ayrton foi indicado por sua bancada para fazer parte do colegiado e, posteriormente, foi escolhido para relatar os processos contra os colegas.

Em pouco mais de 100 dias, a Comissão de Ética foi formada inicialmente pelos vereadores João Rocha (PSDB), Chiquinho Teles (PSD), Herculano Borges (SD), Wanderlei Cabeludo (PMDB) e Ayrton Araújo (PT). Recentemente, com a eleição do tucano para a presidência da Casa, foi escolhido o vereador Marcos Alex (PT) para substuí-lo e definido o novo presidente, que tem como vice Chiquinho Telles (PSD).

Neste período, os trabalhos foram realizados a partir dos depoimentos no âmbito da Operação Coffee Break e na defesa dos investigados Mario Cesar (PMDB); Edil Albuquerque (PMDB); Airton Saraiva (DEM); Waldecy Batista Nunes (PP), o Chocolate; Gilmar da Cruz (PRB); Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão; Edson Shimabukuro (PTB); Paulo Siufi (PMDB) e Jamal Salem (PR).

Relatório Gaeco - Conforme o relatório final do Gaeco, assinado pelo promotor Marcos Alex Vera de Carvalho, a cassação de Bernal foi articulada por uma suposta organização criminosa, que seria integrada por 12 pessoas, entre as quais estariam os empresários João Alberto Kramp Amorim dos Santos (Proteco), João Roberto Baird (Itel Informática), Fábio Portela Machinsky e Carlos Eduardo Naegele (jornal Midiamax); o ex-governador André Puccinelli (PMDB); o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB); o então vice-prefeito Gilmar Antunes Olarte (PP), o ex-presidente da Câmara Municipal, Mario Cesar (PMDB), os vereadores Flávio Cesar (PTdob) e José Airton Saraiva (DEM) e os autores do pedido de cassação, Raimundo Nonato e Luiz Pedro Guimarães.

Para comprovar o envolvimento do grupo, o Gaeco cita gravações telefônicas e depoimentos. No entanto, não tem gravações nem documentos assinados por Puccinelli que confirmem o seu envolvimento no caso. Já o crime de corrupção ativa teria sido cometido por sete pessoas: Amorim, Baird, Machinsky, Olarte, Mario Cesar, Flavio Cesar e Saraiva.

Entre os acusados pelo crime de corrupção passiva estão 10 vereadores, incluindo-se o presidente da Câmara, João Rocha (PSDB), e o ex-vereador Alceu Bueno. Os outros nove vereadores são: Paulo Siufi e Edil Albuquerque, do PMDB; Edson Shimabukuro (PTB), Jamal Salem (PR), Eduardo Romero (Rede), Otávio Trad (PTdoB), Gilmar da Cruz (PRB) e Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB).

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