Whats da Câmara só recebe mensagens aleatórias e pedido para copiar projetos
Criado para sugestões ou críticas, canal é pouco usado pela população que muitas vezes acha que é como Google
O Whatsapp da Câmara Municipal de Campo Grande foi criado como canal para receber sugestões de projetos de lei, denúncias e tirar dúvidas sobre atuação dos vereadores, mas muita gente ignora e usa como Google, pedindo informações até de como “chegar a Michelle Bolsonaro”.
Mas também revela muito sobre a política brasileira. Tem vereador de outro estado pedindo os projetos de lei dos parlamentares para copiar, assim “mastigado”. Mas o que era para vir, quase não chega: sugestões, críticas ou algo assim.
E pelo tamanho da cidade, o canal parece desconhecido. Um assessor da equipe de comunicação responde em torno de 10 a 15 mensagens por dia. No máximo, as pessoas pedem um patrolamento no bairro ou o contato de algum vereador.
Alguns moradores fazem pedidos de melhoria para seus bairros, como asfalto, ou fazem denúncia sobre situações não resolvidas pela prefeitura, mas a maioria das mensagens não tem nada a ver com a finalidade do canal de mensagens, disponibilizado para facilitar o acesso.
Em um recorte com algumas mensagens que chegaram no último semestre, há gente perguntando como colocar chip no animal doméstico, como encontrar alguma lei, qual é o telefone de conselheiros das regiões, denunciando falta de limpeza em área particular, pedindo informações sobre os horários de sessões e querendo marcar reunião com ex-vereador, que nem trabalha mais na Casa de Leis.
Entre as mensagens, uma mulher diz que é de Santa Cruz, na Bolívia. “Alguém que possa me ajudar a chegar até a Sra. Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher?”. Outro se apresenta como vereador em Echaporã, cidade de São Paulo, e pede os projetos de lei que achou interessantes.
“Você pode passar também para ajudar a nossa população? Vou te enviar quais eu prefiro”, diz o parlamentar e lista uma série de projetos que poderia encontrar no site da Câmara, na aba legislação municipal. Ele não é o único, tem gente que até sabe o número da lei que procura, mas em vez de “dar um Google”, pede pelo Whats da Câmara.
Um ou outro está disposto a fazer alguma doação. Uma campo-grandense quer doar livros. A mensagem é bem-vinda porque um dos vereadores é entusiasta da leitura e tem projetos na área. O assessor encaminha ao munícipe o contato do parlamentar Ronilço Cruz, o “Guerreiro” (Podemos).
Da mesma forma, ocorre com outras temáticas. O cidadão é encaminhado para os vereadores que atuam em uma das 24 comissões permanentes. A assessoria da Casa não tem conhecimento de alguma informação que tenha sido aproveitada para virar um projeto de lei ou algo assim.
O vereador Valdir Gomes (PP) conta que nunca recebeu mensagem encaminhada pelo Whats da câmara, tampouco sugestão de projeto no telefone do seu próprio gabinete.
Tem coisa que não dá nem para responder, porque é pedido de coisas altas que não tenho como resolver, mas o Whatsapp é importante sim. Esses dias, recebi denúncia de uma senhora abandonada no bairro Nova Lima e a imprensa também repercutiu. Os moradores têm que usar, cada vez mais, esse whats para agilizar os pedidos que a prefeitura ainda não atendeu”, comenta Valdir Gomes.
Presidente da Câmara Municipal, o vereador Carlos Augusto Borges, o “Carlão”, acredita que a população deve explorar mais o canal que fica à disposição todos os dias.
O morador tem dificuldade nos bairros e liga na Sisep, ela demora a chegar. Quando ele pede aqui, a gente faz um pedido que chega direto no e-mail do secretário e o serviço é feito mais rápido. Tem que explorar mais esse uso do Whatsapp, porque no telefone da ouvidoria [da prefeitura] encaminha e chega final de mês não tem dado resultado e esse nosso é mais célere”, diz o vereador Carlos Augusto.
O número de Whatsapp da Câmara Municipal é o (67) 3316-1610. Informações sobre projetos, leis, rotina e contato dos parlamentares ficam disponíveis no site www.camara.ms.gov.br.