Frases como "Parabéns, Brasil" e "De zona eu entendo" marcam 2024 em MS
De vítimas a acusados, falas registradas pela reportagem chamaram atenção da população por tristeza e ousadia
Em ano marcado por diversas operações policiais, algumas frases ditas por vítimas e acusados viraram manchete do jornal. Inconformados, vítimas e acusados deixaram o “coração” falar mais alto.
RESUMO
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O ano de 2024 em Mato Grosso do Sul foi marcado por uma série de eventos trágicos e polêmicos, com destaque para as declarações impactantes de vítimas e acusados. Familiares de vítimas de abordagem policial lamentaram a violência, enquanto indivíduos envolvidos em crimes expressaram revolta e descrença diante da justiça. A sinceridade, ou a frieza, em alguns depoimentos, chocou a população, assim como a morte de jovens e o caso de uma vereadora eleita com um slogan polêmico. Acidentes de trânsito também contribuíram para um ano de grande comoção.
Uma das primeiras declarações de efeito veio do mecânico Evandro Meins Gonçalves, que no dia 25 de janeiro abriu as portas de casa para o Campo Grande News horas depois de sepultar os dois filhos, um adolescente de 16 anos e o irmão dele, Jonathan Meins, de 18, mortos no dia anterior durante abordagem policial.
Chega da polícia matar os nossos jovens
Aos prantos, ele e a esposa contaram que estiveram com os filhos após o jantar, quando ambos decidiram sair de casa.
“Na hora do roubo, eles estavam em casa. Parece que foi uma despedida, mas não consegui dar um abraço neles. Eu saí do banho e eles já não estavam mais em casa. A casa onde tudo aconteceu é de um amigo do Jonathan. Eu acredito que ele tenha ido lá abrir para os caras e os policiais já estavam esperando”, disse o mecânico.
E foi entre lágrimas de tristeza e relato de que os filhos eram pessoas boas, inclusive que um deles havia acabado de ser admitido em um novo emprego, que o pai desabafou e disse: “Chega da polícia matar os nossos jovens”. O caso, que ganhou repercussão ainda no primeiro mês do ano, foi uma das matérias mais lidas do Campo Grande News.
Jamais passou pela minha cabeça que o encontraria morto
De forma parecida, a assistente social Maria Renilda Rocha Mota de Andrade chamou atenção para morte do filho, que completaria 20 anos sete dias depois da morte. Gabriel de Andrade morreu após fugir de moto de abordagem da Polícia Militar, por não possuir CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Durante a fuga, perdeu o controle da direção e bateu em uma curva. Devido aos graves ferimentos, morreu no hospital. Ao ser informada sobre o ocorrido, a mãe desabafou: "jamais passou pela minha cabeça que o encontraria morto. Achei que ele tinha sido preso", disse.
Parabéns, Brasil!
Revoltados - Do outro lado da moeda, frases ditas por pessoas envolvidas em crimes também chamaram atenção pela “sinceridade” após flagrante.
“Parabéns, Brasil”. É o que gritou um dos alvos da Operação Lesa Pátria, após sair da unidade mista de monitoramento virtual, onde precisou colocar tornozeleira eletrônica por participar dos atos golpistas às sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Inconformado por ter sido preso, o homem esbravejou à reportagem a revolta sentida por ter sido descoberto e preso pela PF (Polícia Federal). “Cambada de ladrão! Parabéns, Brasil!”.
Se recebi R$ 1 milhão, três ou quatro, não tenho que dar satisfação
Já para quem foi acusado de corrupção, a franqueza em afirmar que “não ficaria preso” chamou bastante atenção. Investigado por desviar recursos da prefeitura de Sidrolândia, empresário Ueverton da Silva Macedo, de 34 anos, conhecido como “Frescura”, foi um tanto quanto sincero ao ser detido.
“A minha vida particular não cabe a ninguém. Não tenho dúvidas que vou ser absolvido. Estou à disposição do Ministério Público, mas isso é minha vida privada. Algo particular meu. Se recebi R$ 1 milhão, três ou quatro, não tenho que dar satisfação”, afirma.
Ele de fato foi solto dias depois com uso de tornozeleira, mas voltou à cadeia no dia 25 de outubro, desta vez, por suspeita de compra de votos para a atual prefeita da cidade, Vanda Camilo (PP).
Minha casa não é hotel
Quem também chamou atenção foi a proprietária de um imóvel localizado no bairro Jardim Campo Alto, em Campo Grande, que ficou revoltada ao descobrir que a polícia havia chamado a casa dela de “hotel do crime”.
Mesmo sabendo que estava ajudando homens que fugiam do cerco policial, disse que nunca hospedou os rapazes na residência dela e que apenas os deixava carregando o celular.
“Falaram que ali era buraco para preso poder fugir. Mas não tem nada disso. Vou construir um banheiro para esse quarto que eu alugo, aí acharam que a obra era o buraco. Minha casa não é hotel”, afirmou a mulher, que chamou atenção dos sul-mato-grossenses pelo relato.
Se agisse diferente, ninguém passaria por isso
Quanto aos homicídios, a apatia de alguns criminosos frente às vítimas também teve destaque ao longo do ano no Estado. Presa por participar da morte do ex-namorado que terminou esquartejado, em março, na cidade de Antônio João, Rubia Joice de Oliveir Luivisetto, de 21 anos, confessou durante depoimento que “se agisse diferente, ninguém passaria por isso”, se referindo à vítima, o jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, de 19 anos.
O caso, que por si só foi bastante chocante para os sul-mato-grossenses, ganhou um novo tópico diante do arrependimento mostrado pela mulher frente à Justiça.
É o que talarico merece
Outro caso mais recente é o da morte do casal Ana Cláudia Rodrigues Marques, de 44 anos, e Carlos Augusto Pereira de Souza, de 49, na noite de domingo, 10 de novembro, em Campo Grande.
Enquanto dormiam, as vítimas foram surpreendidas pelo ex-marido da mulher, Flávio Saad, que armado, acordou o casal e disse: “é o que talarico merece”. Em seguida, efetuou diversos disparos, matando as vítimas. A cena foi presenciada pelo filho de Carlos, que também estava na casa. Até o momento, o autor do crime não foi localizado e preso.
De zona eu entendo
Época em que muitos anônimos se tornam conhecidos, um bordão em questão viralizou não só em Mato Grosso do Sul, mas em todo o Brasil.
Vereadora eleita com maior número de votos em Dourados, Isa Janes Marcondes ficou conhecida ao ter como slogan “Dourados está uma zona, e de zona eu entendo”, fazendo referência à profissão que possui: dona de um bordel na cidade.
De personalidade um tanto quanto "forte", “Cavala”, como ela mesma se intitula, foi candidata pelo Republicanos, partido alinhado à direita e ligado à igreja evangélica. Além da frase “marcante”, Isa também chamou atenção ao aparecer em vídeo com uma mulher expondo os seios, fazendo referência sobre quem “mama nas tetas do governo”.
Meu mundo acabou
Além de tragédias e crimes que chocaram a sociedade, 2024 também foi marcado por mortes que revoltaram qualquer um que tenha sentimento. Na tarde do dia 25 de agosto, a jovem Letícia Machado foi atropelada por motorista de BMW, enquanto seguia em uma moto.
Após a morte, que ganhou bastante repercussão na cidade, o marido dela, Carlos Yuri Neri da Costa, de 25 anos, clamou por justiça e afirmou em uma única frase o que sentia após o acidente de trânsito que interrompeu sonhos do casal. “Meu mundo acabou”, disse bastante abalado, durante entrevista.
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