Procurador manda retirar carro do local de acidente e revolta família da vítima
Condutora, que é esposa de procurador, perdeu controle de carro, invadiu calçada e matou idosa
A condutora Cirlene Lelis Robalinho, 48 anos, que invadiu calçada e matou a idosa Verônica Fernandes de 91 anos, na tarde desta quarta-feira (13), é esposa do procurador Gilberto Robalinho da Silva. Ele revoltou familiares da vítima ao ordenar a retirada do carro da mulher do local do acidente, antes mesmo da chegada da polícia de trânsito.
O acidente ocorreu por volta das 13h. Testemunhas contaram que três pessoas, incluindo a idosa, estavam caminhando pela calçada, quando o carro desgovernado atropelou uma delas. A vítima morreu na hora.
Logo após o acidente, a equipe de reportagem presenciou o momento em que o marido da condutora ordenou que um homem que estava com ele retirasse o carro do local, antes mesmo da chegada da polícia de trânsito, o que revoltou familiares da vítima.
“Não é só porque ele é procurador que pode fazer isso, que o caso vai ficar assim, vamos correr atrás da Justiça”, disse a neta da idosa, Roselaine Oliveira Ricalde, 36 anos.
Como os ânimos ficaram exaltados, o procurador deixou o local em seguida, sem que a imprensa pudesse questioná-lo.
Vídeo abaixo mostra momento em família questiona procurador e ele deixa o local:
Pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro), é crime de fraude processual, alterar ou retirar o veículos do locais de acidentes com morte, sem autorização da autoridade policial.
A condutora do carro deixou o local numa ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Ela passou mal logo após o acidente. A delegada da Polícia Civil, Célia Maria Bezerra, esteve no local para apurar as causas do acidente.
No celular - “Minha esposa me ligou dizendo que passou mal e atropelou uma mulher e que essa mulher havia morrido, ela estava muito nervosa”, disse o procurador Gilberto Robalinho da Silva, à reportagem, assim que chegou ao local.
Mas, testemunhas que estavam no local e viram o acidente apresentam outra versão. A motorista de transporte escolar, Marlene Salomão, 54 anos, afirma que viu a condutora no celular pouco antes do acidente. “Eu estava passando e vi ela digitando”, disse a mulher.
A dona de casa Adeni de Oliveira, 45 anos, contou que desceu do ônibus do transporte coletivo junto com Verônica, quando aconteceu o atropelamento. “Ela (Verônica) tinha ido comprar cal virgem para colocar num doce de abóbora. Nós descemos, o ônibus saiu e o carro veio numa velocidade muito alta. Eu também vi a motorista no telefone, mas foi tudo muito rápido”, conta.