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Mototurismo põe Campo Grande no ponto de partida da Rota Bioceânica

O paraíso dos motociclistas é aqui. No centro da América do Sul, Campo Grande terá sua Rota 66 com 1.250 km

Paulo Nonato de Souza | 28/03/2019 13:46
Lhamas no meio da rodovia, o animal típico da região dos Andes é um dos cuidados que se deve ter na viagem (Foto: Sílvio Andrade)
Lhamas no meio da rodovia, o animal típico da região dos Andes é um dos cuidados que se deve ter na viagem (Foto: Sílvio Andrade)

A “rua principal da América do Sul”, uma espécie de Rota 66 com 1.250 km desde Campo Grande até San Pedro de Atacama, no Chile. É assim que a Confederação Brasileira de Motociclismo já imagina a Rota Bioceânica, um projeto idealizado em 1938 para ligar o Brasil ao Oceano Pacífico entre o Porto Paranaguá, no Paraná, e o Porto de Antofagasta, no Chile, que só agora nos anos 2000 dá sinais de que está próximo de se tornar realidade.

Com a Rota Bioceânica ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, a CBM projeta fortalecer o conceito do mototurismo no Brasil e inserir Mato Grosso do Sul como rota principal para os demais países da América do Sul, especialmente por ser o caminho mais curto para se chegar aos três destinos sul-americanos mais desejados pelos motociclistas: Ushuaia, a Terra do Fogo, na Argentina; Machu Picchu, no Peru, e San Pedro de Atacama, no Chile.

Mato Grosso do Sul não é rota dos motociclistas para nenhum dos três destinos. As opções de caminhos são pelas cidades de Rio Branco, no Acre, ou Foz do Iguaçu, no Paraná, conforme declarou o presidente da CBM, o campo-grandense Firmo Henrique Alves, ao canal de turismo Lugares Por Onde Ando, do Campo Grande News.

O presidente da CBM, o campo-grandense Firmo Henrique Alves, na viagem que fez em 2018 até San Pedro de Atacama (Foto: Arquivo pessoal)
O presidente da CBM, o campo-grandense Firmo Henrique Alves, na viagem que fez em 2018 até San Pedro de Atacama (Foto: Arquivo pessoal)

A distância da Rota Bioceânica entre Campo Grande e San Pedro de Atacama por Foz do Iguaçu é de 2.654 km, e via Porto Murtinho é de 1.250 km, ou seja, 1.404 km a menos. “Falo dessa diferença por experiência própria. Em 2018 eu fiz esse caminho de moto por Foz do Iguaçu. É muito mais longe”, comentou o dirigente da Confederação de Motociclismo.

Segundo ele, Mato Grosso do Sul será o ponto de partida de um trabalho minucioso de mapeamento das rotas que ligam o Brasil aos três destinos sul-americanos mais desejados pelos motociclistas. O estudo levará em conta o fato de que a Rota Bioceânica colocará Campo Grande como centro geográfico do ponto de vista de logística rodoviária para o acesso aos outros países da América do Sul.

“Rota Bioceânica a partir de Campo Grande será o nosso plano piloto. Viajar de moto é bem diferente de viajar de carro, e por isso vamos fazer o mapeamento das rotas para disponibilizar informações essenciais aos motociclistas, como o que deve levar na bagagem, que tipo de mala, que tipo de moto, pontos de paradas, onde comer, onde abastecer, melhor época para pegar a estrada, clima, enfim”, disse Firmo.

A ideia de ter Campo Grande como ponto de partida da Rota Bioceânica por Porto Murtinho abre espaço para a promoção do turismo em Mato Grosso do Sul, sobretudo de cidades com atrativos turísticos que estão na rota, como Jardim, Bonito e até Miranda, além de Murtinho que será parada obrigatória.

“Se você já está na estrada para andar milhares de quilômetros não custa nada uma esticada de mais 150 ou 200 km para visitar e curtir as belezas naturais de Bonito e Jardim, por exemplo”, sugeriu Firmo Henrique Alves.

O roteiro da expedição de mapeamento já está pronto. Sairá de Campo Grande rumo ao Paraguai via Porto Murtinho, de onde irá cruzar o território paraguaio a partir da cidade de Carmelo Peralta, Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo. Na sequência passará pelas cidades de Misión La Paz, Tartagal, Jujuv e Salta, na Argentina, e entrará no Chile por Passo de Jama.

“Só estamos na dependência da construção da ponte sobre o rio Paraguaio ligando Porto Murtinho a Carmelo Peralta, e da pavimentação do trecho da rodovia do lado paraguaio entre Carmelo Peralta e Loma Plata. Por enquanto a travessia do rio é de balsa e pelas informações que temos essa parte da rodovia é areião e isso não é bom para as motos”, explicou Firmo Henrique Alves. A ponte terá extensão de 2,5 km e o trecho da rodovia considerada fundamental para a Rota Bioceânica é de 227 km.

A obra em trecho da rodovia paraguaia teve início neste primeiro semestre de 2019. Irá facilitar a ligação Carmelo Peralta, na fronteira com Porto Murtinho até Loma Plata, no Departamento de Boquerón (Foto: Hildebrando Procópio)
A obra em trecho da rodovia paraguaia teve início neste primeiro semestre de 2019. Irá facilitar a ligação Carmelo Peralta, na fronteira com Porto Murtinho até Loma Plata, no Departamento de Boquerón (Foto: Hildebrando Procópio)
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