Jaguar Land Rover inicia construção de fábrica no País
Fábrica de Itatiaia começa a produzir Discovery Sport no Brasil em 2016
Um ano após anunciar o investimento de R$ 750 milhões para instalar fábrica no Brasil, a Jaguar Land Rover finalmente vai começar a construir a planta em Itatiaia, no sul do Estado do Rio de Janeiro. A cerimônia que marca o início das obras acontece na terça-feira, 2. “Queríamos ter começado antes, mas essa é uma experiência inédita, é a primeira unidade de produção fora do Reino Unido totalmente controlada por nós e as equipes ainda estão aprendendo com isso, por isso levou um pouco mais de tempo”, explicou Ralph Speth, CEO global da companhia.
Na China a JLR inaugurou em outubro uma planta em sociedade com a Chery e na Índia a companhia tem há alguns anos uma pequena linha de montagem controlada pela Tata, dona da fabricante inglesa. Por isso Itatiaia abrigará o primeiro empreendimento industrial 100% controlado pela empresa fora de seu país natal. “O Brasil será um mercado de 5 milhões de veículos em 2020. É portanto uma grande oportunidade para nós, é o lugar certo para se ter uma fábrica”, avalia Terry Hill, presidente da Jaguar Land Rover América Latina e Caribe.
A aposta da JLR é idêntica a de outros fabricantes de carros de luxo que decidiram instalar fábricas no Brasil, como Audi, BMW e Mercedes-Benz: o esperado crescimento do mercado de carros premium, que normalmente representa 10% das vendas em países desenvolvidos e aqui não chega a 2% ainda. “Desde 2010 esse segmento cresceu mais de 100% aqui”, justifica Hill, mostrando que o número de modelos premium vendidos no País somou 23.769 unidades em 2010 e em 2014 saltou para 47.464.
As vendas da JLR avançaram no mesmo ritmo: em 2010 os brasileiros compraram 4,2 mil modelos Land Rover e este ano o número deve chegar a 8,2 mil, em crescimento de 96%, enquanto os carros Jaguar, que mal eram conhecidos no País, devem somar 350 vendas em 2014, um salto de 300% sobre apenas 88 em 2010. A rede de concessionárias também evolui para suportar a demanda: atualmente são 36 lojas e até março de 2015 serão 42, que passarão a 46 em 2016. “Já estamos representados em todas as regiões brasileiras”, afirma Hill.
UM JOGO DE PEQUENOS VOLUMES
“Não estamos no jogo dos grandes volumes. Estamos no mercado aspiracional, em que vendemos produtos focados na qualidade”, justificou o CEO Speth, ao ser questionado sobre a viabilidade econômica de se fazer uma pequena fábrica com capacidade máxima de 24 mil unidades/ano, como será em Itatiaia. “Eu acredito no Brasil e em sua economia, com crescimento expressivo do mercado no qual atuamos nos próximos anos. Por isso estamos investindo aqui, como parte de nosso plano global de crescimento gradual, passo a passo, sem perder o foco na qualidade dos produtos que fazemos”, diz o executivo.
O primeiro veículo montado no País, em 2016, será o SUV Land Rover Discovery Sport, que já foi mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro passado, a ser lançado na Europa em janeiro e que começa a ser vendido no Brasil a partir de março próximo. Fica implícito que a intenção é montar outros carros aqui, inclusive um sedã Jaguar, já que a capacidade da fábrica seria muito grande para apenas um modelo, e a maquete da planta fluminense ostenta os símbolos das duas marcas do grupo, Jaguar e Land Rover. “Estamos investigando constantemente oportunidades para saber o que pode ser feito, mas ainda não temos planos prontos para divulgar”, despista Hill. Ele acrescenta que a unidade será focada em atender o mercado doméstico e sua capacidade deve ser atingida ao longo de alguns anos; as exportações não estão nos planos.
Para o executivo, o início da produção brasileira vai ocorrer em momento propício: “2016 será um ano perfeito para começar a produzir, quando o mercado deverá retomar seu passo de crescimento com mais força no segmento premium”, avalia o presidente da operação latino-americana. “Acho que estamos fazendo a fábrica no ritmo certo, de acordo com a evolução do mercado”, afirma.
Quando se fala em grau de nacionalização dos veículos produzidos no Brasil, a conversa torna-se um tanto quanto opaca. “Não temos agora um porcentual a revelar, mas uma equipe trabalha no País para estruturar a cadeia local de fornecedores”, limita-se a dizer Hill.