A influência da internet e das redes sociais na literatura
O impacto da tecnologia na literatura só poderá ser mensurado daqui uns vinte ou trinta anos. Entretanto, as influências das redes sociais e demais aplicativos que circulam nas veias da internet já são sintomas sinalizadores de muitas mudanças na Escrita Criativa, sobretudo na interação do leitor com as produções literárias.
Refletir sobre esta gigantesca forma de se fazer literatura nos traz uma penca de questionamentos e não poderia ser diferente. Meme é literatura? Wattpad e Spirit Fanfics são importantes neste novo processo? De que maneira as plataformas de autopublicação recriam um novo mercado editorial? O design é leitura? As perguntas não cabem neste texto, e desconfio que minha poesia está ávida para transitar no Metaverso - tenho pressa.
A internet nos replica, nos espalha e se autocria. Phillip M. Parker[1], professor de marketing, criou um software que reúne informações, edita um livro e o vende. Existem mais de 100.000 livros dele na Amazon. Alguém aí falou: “um autor/software escrevendo livros, só pode ser literatura ruim”. Será?
Então vou elaborar melhor este comentário: como a literatura pode competir com a internet?
Não pode e não compete. Simples assim. A literatura se esparrama nas telas de celulares, alastra as normas acadêmicas dos clássicos literários, se transveste de vários modos e exibe-se cada vez mais entre emojis e tiktokers. O lúdico sempre absorveu mais atenção, entrelaça saberes, vide os videogames que são formas de leitura riquíssimas, têm jogos com mais de 4.200 palavras. O mundo se encolheu para caber nos aparatos tecnológicos e é de lá que se expande e concentra multidões. A tecnologia não transforma nossos sentidos, ela os revela e de maneiras diferentes.
A escala do planeta mostra que 100% das empresas globais já são impactadas pela tecnologia e a escrita criativa, expoente notório do novo mundo que está mais onisciente do que nunca. Já é pedra escavada, com todos os sistemas semânticos a palavra vale muito, o texto vale trilhões, os algoritmos são espertos e impacientes, o novo capital cibernético também tem suas urgências. A literatura observa tudo.
(*) Vanessa Silla é formada em Letras, com Especialização em Literatura Brasileira e tem Mestrado e Doutorado em Escrita Criativa pela PUCRS. Nasceu em Porto Alegre (RS), onde atua como professora de inglês e ministrante em oficinas literárias.