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Inflação verdadeira leva brasileiros ao 'nocaute financeiro'

Reinaldo Domingos (*) | 12/05/2022 08:30

O brasileiro está sofrendo um 'nocaute financeiro' diante à realidade inflacionaria. Basta ir na feira para ver. Em março, segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, a cenoura acumulou inflação de 166,17% em 12 meses, o tomate 94,55%. E por aí vai pimentão (80,44%), melão (68,95%), melancia (66,42%) e repolho (64,79%).

Contudo, informação publicada recentemente em um grande portal aponta, como impacto da inflação oficial de março de 2017 até março de 2022, o Real perdeu 31,32% de seu valor e poder de compra. Em outras palavras, com o mesmo valor o brasileiro consegue comprar hoje apenas dois terços do que comprava a data anterior.

Analisando essa notícia acima fica a pergunta: Será mesmo que essa inflação oficinal declarada pelo Governo Federal reflete na verdadeira oscilação de preços junto aos compromissos do dia a dia da família brasileira nestes últimos 5 anos?

Certamente que a resposta é não! Se fizermos uma simples comparação de quanto você comprava em quantidade de produtos e serviços com R$ 100,00 no início de 2017, com o que compra no início de 2022, certamente vai constatar que a perda da capacidade de compra (poder aquisitivo) foi de aproximadamente 80%.

Em outra comparação destes últimos 5 anos, agora junto ao mercado internacional, usando o mês de janeiro de 2017, quando o um dólar valia R$ 3,14, comparado com janeiro de 2022, que valia R$ 5,30, a perda junto ao mercado internacional foi de aproximadamente 60%.

Ou seja, se uma pessoa tivesse investido nessa moeda estrangeira, hoje estaria mais rico em 60%. Mas, simples investimentos não são práticas e tão pouco uma realidade para 95% das famílias brasileiras.

Para agravar ainda mais a situação, temos os aumentos preços nos combustíveis, a gasolina estava em janeiro de 2017 com o valor de R$ 3,72 o litro, hoje é praticado no Brasil um preço médio de R$ 7,00, ou seja, aproximadamente 100% de aumento.

Estes aumentos provocaram repasses sucessivos em todas as áreas de consumo como alimentação, vestuário, educação, lazer, etc. Por outro lado, os aumentos salariais não tiveram elevações acumuladas superiores à 30% nesses últimos 5 anos, o que leva a um "nocaute financeiro dos brasileiros", ou seja, a capacidade de compra está levando uma surra em relação aos aumentos.

O desafio agora é como vencer esse desnível. E para isso não se pode fugir da realidade, buscando soluções que podem ser aumentar os ganhos com rendas extras, o que não é tão simples assim, ou fazer uma grande faxina financeira e adequar a realidade a um novo padrão de vida. Nesse último caso é imprescindível envolver toda família e buscar por ação imediata.

É preciso colocar as mãos na massa, não se pode ficar apático esperando por um milagre ou uma mudança na economia que não acontecerá. Assim é preciso que os gastos sejam reduzidos para patamares que possam estar em equilíbrio com os ganhos.

Pode parecer complexo, mas na grande maioria das famílias com que trabalho observo que os excessos e desperdícios em todos os itens de nosso dia a dia podem chegar a 30% ou até 50% de tudo que se gasta, e isso em itens essenciais como água, luz, combustível, vestuários, etc.

Outro ponto de destaque em relação ao tema é para os investidores com dinheiro aplicado. Estes também perderam o poder aquisitivo, e seus rendimentos financeiros (juros) não estão sendo totalmente repostos frente à verdadeira inflação. Nenhuma aplicação consegue repor a perda do valor do dinheiro.

Para comprovar isso temos uma ação que o próprio Governo Federal deu, com o lançamento em 2020 da nova nota de R$ 200,00. Isso consolida de vez a perda do valor da moeda Real.

Essa situação financeira traz a certeza de que ninguém vai resolver o desequilíbrio financeiro no lugar da população, apenas as próprias pessoas, junto com seus familiares. A mudança está em uma operação de guerra, entender que o dinheiro não aceita desaforo.

Em momento de alta da inflação é preciso tomar atitudes que reduzam os impactos da perda do poder aquisitivo, trocando de marcas, mudando os locais de compras ou outras ações. Sempre existe uma forma de comprar melhor e com economia verdadeira.

As famílias podem até mesmo estarem sofrendo 'um nocaute financeiro', mas como um pugilista ainda é possível levantar e reverter essa situação. Mas, isso requer muita atenção e mudança de comportamento e hábitos financeiros.

Um dos grandes antídotos e agentes motivadores para que todos os familiares se engajem nessa empreitada são os sonhos e propósitos (que dever ser individuais e coletivos). Por isso a importância da prática da educação comportamental financeira na mudança de vida.

(*) Reinaldo Domingos é PhD em Educação Financeira, está à frente do canal Dinheiro à Vista presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira - ABEFIN) e da DSOP Educação Financeira.

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