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Os incêndios no Pantanal e seu enfrentamento

Manoel Martins de Almeida (*) | 17/09/2021 07:20

Descrente até certo ponto das iniciativas de combate a incêndios no Pantanal, dada a total falta de infraestrutura que possa atender momentos como este que vivemos em razão da terrível seca que nos atinge, peço licença para dar a minha modesta e despretensiosa opinião a respeito.

Nestas lonjuras que todos bem conhecem ainda que por ouvir dizer, a estratégia mais eficiente para que se dê pronta resposta à solicitação de atendimento feita aos órgãos de governo, depende em grande parte de se criar um departamento, ou seja qualquer outra nomenclatura que se dê, para a assistência exclusiva da planície pantaneira nessa questão. Não tem cabimento o deslocamento de comando, de aeronaves, bombeiros e brigadistas de outras regiões para o atendimento de ocorrências na fronteira oeste do estado. Isso nunca será pronta resposta!

Penso que a providência com chances de sucesso seria construir pistas de pouso --e melhorar algumas já existentes-- para aeronaves de maior porte em algumas localidades à margens dos nossos rios e qualquer outro reservatório perene de água  com acesso por terra ,onde se possa realizar reabastecimentos de água e combustível sem a necessidade de ir a centros urbanos, com desperdício de tempo, de combustível, horas de voos, diárias, etc, etc. Faz-se um estudo pormenorizado das regiões com maior incidência de incêndios e o poder público cria as estruturas mínimas junto aos cursos d'água para o rápido atendimento.

Claro, tudo isso depende de treinamento e investimento nessas localidades, mas, sem dúvida, poder-se-ia alcançar melhores resultados em benefício do Pantanal em todos os aspectos. Não vamos controlar a natureza, disso temos certeza, mas neste período de crise climática entendo esta iniciativa como algo que traria resultados melhores que os assistidos em passado recente. Ali teremos água, ali teremos combustível, ali teremos pista de pouso, ali teremos pessoal treinado, e ali teremos o apoio de pessoas conhecedoras da região. Havendo pistas de pouso, água em abundância e estoque de combustível, restaria apenas transportar bombeiros e brigadistas, o que poderia ser feito por ar, por terra ou por água.

Para combate a incêndio percebemos quais são os elementos indispensáveis, que são: recursos financeiros; pessoal treinado; agilidade máxima para pronto atendimento; equipamentos adequados; infraestrutura para operacionalização e comando local. Sem essas premissas ficaremos sempre nesse circuito onde o que temos são os bons propósitos e os resultados insatisfatórios alcançados nos casos dos grandes incêndios, apesar do heroísmo de bombeiros e brigadistas e dos vultosos recursos empregados pelos governos estadual e federal.

Em breve, os corredores  de fogo de todos os anos que margeiam os nossos rios e estradas vencerão a boa vontade e o destemor de bombeiros e brigadistas e então novamente seremos alvos da imprensa militante e do "Ambientalismo da Nova Ordem", que busca se implantar neste Estado pelos seus prepostos travestidos de personagens humanitários .Nesse cenário de narrativas maliciosas, em que o produtor rural passa a ser estigmatizado, é mister o levantamento" in loco" do foco de calor para que não se repitam as injustiças cometidas em 2020, quando levianamente generalizaram acusações a proprietários de atear fogo, sob pretexto de "queimar para fazer pasto", como reza o obtuso bordão dos "ecoloucos".

A proximidade dos postos de atendimento dos possíveis locais levantados por imagens de satélite e o imediato apoio de brigadistas, aeronaves e de pecuaristas conhecedores da região deverão otimizar as ações de combate aos focos de incêndios, evitando em grande parte possíveis fracassos operacionais.

A nossa parte estamos fazendo, ao tentar, com união de esforços dos pecuaristas, apagar incêndios e ao persistir, apesar dos percalços, em produzir o Boi Bombeiro com a velha e grande paixão que há séculos nos inspira, respeitando o meio ambiente e com a maior eficiência possível.

Manoel Martins de Almeida é produtor rural no Pantanal de Corumbá (*)

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